A ingestão de uma a três xícaras de café por dia está associada a uma redução de 40% no risco de cirrose alcoólica versus a ingestão de menos de uma xícara. As pessoas que bebem duas ou três xícaras por dia têm 40% menos probabilidade de contrair cirrose, enquanto as que bebem quatro ou mais xícaras têm 80% menos probabilidade de sofrer a doença.
Os resultados, conduzidos por pesquisadores do Kasier Permanente, em Oakland, Califórnia, são considerados o maior estudo para analisar a relação inversa entre o café e a cirrose. A ligação foi relatada pela primeira vez por pesquisadores do mesmo instituto em 1993, mas este novo estudo - de 125.000 pessoas em 22 anos - "solidifica a associação", disse Arthur L Klatsky, o autor principal do estudo.
O Dr. Klatsky, que estava envolvido na pesquisa anterior, acrescentou: "Consumir café parece ter alguns benefícios protetores contra cirrose alcoólica, e quanto mais café uma pessoa consome, menos risco parece ter de ser hospitalizada ou morrer de cirrose alcoólica. Não vimos uma associação protetora semelhante entre o café e a cirrose não-alcoólica".
Os pesquisadores, cujas descobertas estão publicadas na revista americana Archives of Internal Medicine, seguiram mais de 125.000 membros do plano de saúde que se submeteram a um exame médico entre 1978-1985 e que, na época, não tinham nenhuma doença hepática diagnosticada. Os participantes preencheram um questionário detalhando a quantidade de álcool, café e chá que bebiam diariamente.
No final de 2001, 330 participantes haviam sido diagnosticados com doença hepática, incluindo 199 com cirrose alcoólica - causada pelo consumo, a cada dia, de três ou mais unidades de álcool.
Pesquisadores - que contaram apenas aqueles que haviam sido hospitalizados ou morrido por causa da doença - descobriram que quanto mais café uma pessoa bebia, menos provável era que desenvolvesse cirrose alcoólica.
Beber chá não surtiu efeito, sugerindo que o ingrediente que protege contra a cirrose não é a cafeína.
Testes de sangue realizados nos 5% dos bebedores que consumiam mais álcool confirmaram que os bebedores de café tinham menos probabilidade de ter altos níveis de enzimas no fígado - um indicador chave de danos no fígado, de acordo com o The Guardian.
O risco de cirrose, tanto alcoólica quanto não alcoólica, aumentou com a idade, sexo masculino e obesidade, mas a educação foi protetora - o risco de cirrose diminuiu com o aumento dos anos de educação.
Entre as constatações:
- O consumo de café estava positivamente correlacionado com o fumo e o consumo de álcool.
- Como esperado, os níveis médios de AST e ALT no sangue aumentaram à medida que o consumo de álcool aumentava.
- Em uma análise transversal, o consumo de café estava inversamente relacionado aos níveis de AST e ALT, as pessoas que bebiam quatro ou mais xícaras de café diariamente reduziam o risco de AST elevado em 50% (95% CI, 0,4-0,6; P<0,001) e para ALT elevado em 40% (95% CI 0,6-0,7; P<0,001).
Além disso, a relação inversa entre as elevações das enzimas hepáticas e o consumo de café foi mais forte entre os consumidores pesados, informa o MedPage Today.
Os pesquisadores disseram que não podiam ter certeza absoluta se a cafeína era ou não o ingrediente-chave, porque o consumo de chá não era particularmente popular entre a população do estudo.
Identificar o ingrediente responsável poderia abrir o caminho para um possível tratamento preventivo e ajudar a desenvolver uma maior compreensão dos mecanismos das doenças hepáticas, diz a BBC.