O rico e bem nascido brasil-estadunidense Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central tucano de FHC, escreveu na página poder da Folha de S.Paulo, domingo, 30/08/2020, "Fim do teto: não se, mas como". Um receituário neoliberal, "gradual", porque com a "nossa credibilidade, baixa, me parece de todo essencial que se aprove o quanto antes uma versão da PEC Emergencial" "para desenhar e executar um orçamento plurianual crível".
Não podemos nem devemos imaginar que cada palavra do membro do Council on Foreign Relations, think tank da banca, do Diálogo Interamericano e da Junta de Diretores do Pro-Natura Estados Unidos da América (EUA) esteja no artigo por acaso ou erro.
O que Armínio Fraga e seus agentes dos Soros da vida querem é a certeza de que nem Bolsonaro, nem Mourão, nem Braga Neto nem qualquer eventual condutor da economia brasileira, adote uma decisão que, mesmo levemente, arranhe os crescentes e volumosos lucros do sistema financeiro internacional.
E, seguindo a nova orientação do Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos órgãos gestores das finanças dos paraísos fiscais, Fraga escreve: "a bem-vinda discussão em curso sobre uma renda básica universal, que ampliaria e consolidaria os programas de assistência social existentes, teria que obrigatoriamente acontecer no bojo desse orçamento plurianual". Traduzindo: nada de populismo eleitoral nem desvio de rota, nada de criar despesa sem prévia aprovação da banca, tudo deve estar detalhado e consignado por vários anos (orçamento plurianual). Afinal a banca não pode estar mobilizando golpes a todo instante, isto custa um dinheiro que sai dos seus lucros.
E Armínio ameaça: "o tempo é curto e o espaço de manobra ainda menor". Ou seja, as eleições criam um ambiente indesejável de despesas que não sejam com o pagamento de juros. Temos que correr antes das inevitáveis campanhas municipais.
E a manchete da Folha antecipa o artigo: "Bolsonaro monta roteiro para entregar obras de Lula e Dilma". Pecado mortal, maldição eterna.
Pedro Pinho