Na Romênia, papa pede perdão aos ciganos por discriminações da igreja
'A História nos diz que até os cristãos, até os católicos não são alheios a tanto mal', reconheceu Francisco
O papa Francisco pediu perdão aos ciganos, em nome da Igreja Católica, pelas "discriminações, segregações, maus-tratos", durante um encontro neste domingo 2 com representantes desta comunidade na Romênia. Foi o terceiro e último dia de viagem do pontífice ao país.
"Peço perdão, em nome da Igreja, ao Senhor e a vocês, pelas vezes em que, no curso da história, nós os discriminamos, maltratamos ou os olhamos mal", declarou Francisco, em um discurso dirigido à comunidade cigana da cidade de Blaj, na região central do país.
De 5% a 10% da população romena, de 20 milhões de habitantes, é composta por ciganos, que costumam ser alvos de preconceitos e viver marginalizados e na pobreza. O papa foi recebido por milhares de pessoas no bairro pobre de Barbu Lautaru, construído ao longo de uma rua estreita, na qual se amontoam casebres pequenos.
Qualidades valorizadas
Depois de conversar com uma família que lhe ofereceu flores, o pontífice rezou uma missa em uma pequena igreja local, na qual conclamou os ciganos a "assumir seu papel preponderante" na sociedade, "sem ter medo de compartilhar e oferecer" seus traços particulares, como a "noção de família", "solidariedade" e "hospitalidade".
"A defesa dos mais fracos, dentro da comunidade, a valorização e o respeito dos idosos, a espontaneidade e a alegria de viver" foram outros pontos da cultura cigana valorizados pelo papa. "Eu trago um peso, o das discriminações, das segregações e dos tratamentos ruins suportados pela sua comunidade. A História nos diz que até os cristãos, até os católicos não são alheios a tanto mal", reconheceu Francisco.
O líder da igreja católica argumentou ainda que "a indiferença alimenta os preconceitos e atiça os rancores", ao citar insultos e atitudes "que semeiam o ódio e criam distâncias" em relação aos ciganos.
Em toda a Europa, a comunidade cigana é estimada em 10 a 12 milhões de pessoas (1,2% da população total da União Europeia). A maioria vive na Hungria, Bulgária, França, Grécia, República Tcheca e Itália, além da própria Romênia.
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