Primeiro, fiquei um pouco cético. Depois, começaram a chegar notícias de mais e mais fontes, todas confirmando que sim, é a mais pura verdade: a Rússia pôs fim, completa, totalmente, à distribuição de seu gás através de território e dutos da Ucrânia. Agora, todo o gás russo fluirá por território turco (verBloomberg e LifeNews). E não só isso.
15/1/2015, The Saker, The Vineyard of the Saker
http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2015/01/breaking-news-russia-will-completely.html
Os russos também disseram aos europeus que, se quiserem gás russo, eles que construam seus próprios gasodutos até a Turquia; e que todas as despesas ficam por conta deles, europeus, claro.
Os europeus parecem ainda em estado de choque. Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia para a união energética, disse que tal decisão “não faz sentido econômico”. Ahé?! Como se a guerra econômica e política sem tréguas que a União Europeia faz contra a Rússia fizesse algum (qualquer) sentido.
Posso bem imaginar a cara dos euroburocratas, quando Alexei Miller, presidente da Gazprom, disse-lhes que “agora, tratem de construir toda a infraestrutura necessária a partir da fronteira turco-grega”, com Novak, ministro russo de Energia, logo acrescentando que “a decisão já foi tomada. Estamos diversificando e eliminando riscos em países não confiáveis que nos causaram problemas noutros anos, inclusive para consumidores europeus.”
Em outras palavras, a União Europeia perdeu tudo. E, idem, a Ucrânia. Não esqueçam que a União Europeia não tem alternativas e só lhe resta comprar gás russo da Turquia, mas a Rússia passará muito bem sem as exportações de gás para a Europa, porque a China já assinou contrato que cobre exatamente a mesma quantidade de gás e possivelmente muito mais gás.
Agora, é esperar para ver como as elites europeias infinitamente corruptas, arrogantes e criminosamente irresponsáveis lidarão com os estoques agrícolas excedentes que apodrecerão, numa sociedade empenhada em guerra ideológica [e racista] contra 1,6 bilhão de muçulmanos e, agora, em pleno inverno, também sem energia.
Os sempre insubstituíveis poloneses apareceram com uma estratégia brilhantíssima para resolver tudo: ao que tudo indica, eles “absolutamente não” convidarão o presidente Putin para as comemorações da libertação de Auschwitz, apesar de o mundo saber que Auschwitz foi libertada pelo exército soviético. Tenho certeza de que Putin ficou impressionadíssimo e desoladíssimo.
Atualmente, cada vez que ouço notícias da Europa, sempre lembro do famosíssimo “Foda-se a União Europeia” da imortal Victoria Nuland. Agora foi a vez de Boris Johnson, prefeito de Londres, que chamou seus colegas europeus de “grandes amebas protomasmáticas invertebradas covardes” [orig. “great supine protoplasmic invertebrate jellies”]. Partilho exatamente a mesma opinião: que todos esses “Somos-Charlies” congelem na própria patética mediocridade. *****
[assina] The Saker