Lula, o futuro e o passado
Vão dizer que tenho má vontade com o Lula, mas leiam a entrevista dele para o site UOL, essa semana e vejam quanto ele é limitado nas suas propostas. O que ele diz da religião, do governo Bolsonaro e da política em geral, poderiam ser ditas por qualquer político do MDB. Como diziam lá no Campo da Tuca, o Lula já era. Vou copiar algumas frases dele para confirmar esse triste diagnóstico.
Vem a aí o PT evangélico:
"Lula conta que, diante da falta de opções na TV aberta, sua companheira de cela nos 580 dias em que permaneceu preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, ele assistia aos cultos religiosos. E disse que há o que aprender com a ação das igrejas. "E eles estão entrando na periferia, porque o povo, quando está desempregado e necessitado, a fé dele aumenta. Essa fé, do povo brasileiro, é muito grande e nós temos que respeitar. E ao invés de sermos do contra, temos que saber como é que a gente lida com esse novo modo de pensar do povo brasileiro. Inclusive de pensar a religião".
O Bolsonaro não é assim tão ruim, "só tem que parar de falar bobagens"
""Mesmo quem votou contra o Bolsonaro tem que saber o seguinte: ele é presidente. Eu vou ficar sentado na cadeira, dizendo que ele não presta e torcendo para que dê tudo errado? Não. Ele tem a obrigação de governar pensando no bem, no ser humano, no mais pobre, no país, na nossa soberania, nos nossos estudantes, no nosso povo trabalhador... E parar de falar bobagem..
Sempre a visão do sindicalista sobre a politica.
"O que difere é que, em 1980, a Volkswagen tinha quase 44 mil trabalhadores e, hoje, tem 9 mil. Os trabalhadores originários de onde o PT foi formado estão diminutos. Você tem trabalhadores em outras atividades da economia - fazendo entrega de comida, no Uber, em serviços de microempreendedores. Está muito difusa a organização da classe trabalhadora e é inclusive difícil para o movimento sindical se situar."
A falta de visão da divisão de classes continua:
"O senhor sempre falou que os bancos nunca lucraram tanto como no seu mandato. Falo ainda hoje. Tenho consciência que fui eleito para governar para todas as pessoas. Para o banqueiro e o bancário, o fazendeiro e o trabalhador rural. O que a pessoa tem que saber é que eu vou governar como um coração de mãe..
Sobre as eleições:
"O PT está disposto. como sempre esteve, a fazer aliança política. Com o segundo turno, todo o partido político tem direito de ter o seu candidato, de ter o seu tempinho na televisão, de defender o seu programa. Se não for para o segundo turno, esse partido, então, faz aliança para apoiar alguém que foi. É o jeito mais decente de fazer política."
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS