Por que Washington não conseguiu parar o BAII?

Representantes de 57 países candidatos a membros fundadores do BAII - Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura [orig. Asian Infrastructure Investment Bank, AIIB] reuniram-se em Pequim na 2ª-feira, para a cerimônia de assinatura, quando 50 deles avalizaram o acordo de criação do BAII. Segundo matéria da BBC, o banco é visto como agressiva tentativa da China, para expandir sua influência internacional e desafiar a influência dos EUA.

O lançamento do BAII desencadeou duas preocupações principais nos EUA.


Primeiro, os EUA temem que o BAII venha a derrubar o sistema financeiro internacional existente. Mas por que a China teria nisso algum interesse?

Graças aos seus muitos esforços e à integração que buscou com o mundo exterior, a China alcançou realizações fecundas no campo do desenvolvimento econômico e social desde 1978, ano em que a China começou sua reforma e uma política de portas abertas. 

Evidentemente a China não tem nem qualquer razão nem motivo para romper a atual cadeia do comércio internacional e seus sistemas financeiros. E o desenvolvimento da China trouxe oportunidades para aprimorar esses sistemas.

Artigo de autoria do colunista Philip Stephens e publicado no Financial Times dia 1º de junho, deu uma resposta àquela preocupação tipicamente norte-americana: China não visa a derrubar a atual ordem internacional, mas, com a iniciativa "Um Cinturão, uma Estrada" e com o BAII, a China enviou mensagem clara ao mundo: quer ser simultaneamente centro seguidor de regras e centro inovador de regras.

O lançamento do BAII visa a aprimorar os sistemas existentes, uma vez que o que há hoje não se pode adaptar completamente ao desenvolvimento asiático. E terá regras próprias para avançar, sem qualquer interesse em violar as regras antigas.

Na verdade, o medo que o BAII inspira é, de fato, medo do crescimento da China. As ideias divergentes sobre o banco são apenas parte da reação provocada pelo crescimento da China, que é, essa sim, a questão maior - como entende David Pilling, editor do Financial Times para a Ásia.

Nenhum avanço da humanidade pode excluir o 1,3 bilhão de chineses. Crescer e fortalecer-se é resultado inevitável dos modernos motores do crescimento global. É responsabilidade da China fazer tudo que esteja ao seu alcance para contribuir para o avanço da Ásia e do resto do mundo.

Em segundo lugar, os EUA temem não conseguir dominar as regras da cooperação multilateral, e perder o lugar de liderança mundial. "Temos de assegurar que os EUA, não a China, tracem as regras para a ordem econômica mundial" - disse Obama recentemente.

Os EUA não querem prover mais uma fonte de assistência; o que querem é continuar a dominar o mundo, disse recentemente Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia.

Aprender a cooperar e a ouvir os outros não é tarefa fácil para os EUA, depois de ter-se habituado aos holofotes da fama por tanto tempo.

Os EUA têm de refletir e tentar compreender: por que fracassaram e não conseguiram nem deter nem retardar os passos rápidos e firmes do BAII? Por que não conseguiram nem conter nem reduzir o aplauso e as respostas positivas?

O BAII é o produto alinhado com o desenvolvimento da Ásia, e é produto da evolução das novas relações internacionais. É também resultado inevitável da cooperação financeira multilateral, que tem a cooperação de tipo ganha-ganha como ideia basilar.

Para Stephen A. Schwarzman, diretor, presidente-executivo e co-fundador de Blackstone, o BAII fará dinheiro investindo em infraestrutura, ao mesmo tempo em que ajuda a melhorar a vida das pessoas. E essas são as razões que realmente explicam por que tantos países asiáticos e europeus responderam a ele tão ativamente [Redigido por Ding Gang, do colegiado de editores seniores de People's Daily]. *****

 

1/7/2015, People's Daily Online, Pequim

 


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