BRASILIA/BRASIL - No Brasil, um país onde só 8% da população diz não ter/seguir uma religião, as igrejas das mais variadas denominações, cultos e ritos registraram uma arrecadação bilionária nos últimos anos. Só em 2011, as igrejas arrecadaram R$ 20,6 bilhões, um volume assombroso, por ser superior ao orçamento de 15 dos 24 ministérios do Governo Federal.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
PRAVDA.RU
A soma (que inclui todas as igrejas católicas, evangélicas e demais) equivale a metade do Orçamento da cosmopolita São Paulo, maior cidade de toda América Latina.
A maior parte da arrecadação tem como origem a fé dos brasileiros: R$ 39,1 milhões foram entregues diariamente às igrejas, totalizando R$ 14,2 bilhões no ano.
Além do dinheiro recebido diretamente dos fiéis (dos quais R$ 3,47 bilhões por dízimo e R$ 10,8 bilhões por doações aleatórias), também estão entre as fontes de receita, por exemplo, a venda de bens e serviços (R$ 3 bilhões) e os rendimentos com ações e aplicações (R$ 460 milhões).
Entre 2006 e 2011 (último dado disponível), a arrecadação anual das igrejas apresentou um crescimento real de 11,9%, segundo informações declaradas à Receita e corrigidas pela inflação.
Assim como partidos políticos e sindicatos, as igrejas têm imunidade tributária garantida pela Constituição Federal.
Pela lei, as igrejas precisam declarar anualmente a quantidade e a origem dos recursos à Receita Federal, que mantém sob sigilo os dados de cada declarante, o que impede de se saber os valores arrecadados por cada uma das religiões.
Os valores arrecadados são apresentados à Receita Federal pelas igrejas identificadas como matrizes. Cada uma delas tem um CNPJ próprio e pode reunir diversas filiais. Em 2010, por exemplo, a Receita Federal recebeu a declaração de 41.753 matrizes ou pessoas jurídicas.
Pelo Censo de 2010, 64,6% da população brasileira são católicos, enquanto 22,2% pertencem a religiões evangélicas.
"Nunca deixei de ajudar a igreja, e Deus foi só abrindo as portas para mim", disse uma mulher de 56 anos, resumindo os mais de 30 anos de pagamento do dízimo (10% de seu salário bruto) à igreja que frequenta. "Esse dinheiro não me pertence. Eu pratico o que a Bíblia manda", justificou a fiel.
ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA.RU
Foto: escoladanoiva.com