Havana, (Prensa Latina) Como confirmação do importante desenvolvimento econômico do maior país sul-americano, o Brasil coloca à frente da Organização Mundial do Comércio (OMC) um de seus especialistas, o diplomata Roberto Azevedo.
O brasileiro constitui o primeiro latino-americano a ocupar este cargo, saindo vitorioso perante o candidato favorito dos Estados Unidos e da União Europeia, o ex-ministro de Comércio mexicano Herminio Blanco.
Os países desenvolvidos demonstraram ter certa resistênica a Azevedo, em particular devido a seus critérios contrários à política de subsídios agrários em países avançados, um dos mais relevantes obstáculos para a retomada da Rodada Doha de liberalização comercial.
Oportunamente a presidenta brasileira, Dilma Rousseff, explicou que a eleição de Azevedo ajuda a promover uma ordem econômica mundial mais justa e dinâmica.
Sua eleição foi decidida em reunião do Conselho Plenário dos 159 estados membros desta organização, anúncio comemorado pela maioria dos integrantes da OMC para ocupar o cargo a partir de 1 de setembro.
Azevedo é um diplomata com experiência, cujas qualidades estão fundadas em um profundo conhecimento desse órgão mundial e que demonstra ter ampla habilidade negociadora que pode ajudar a tirar a OMC da atual tendência a se tornar irrelevante.
A experiência adquirida por Azevedo (de 55 anos) ao representar desde 2008 seu país perante a OMC, aponta a uma vitória para a ação prática, que muitos esperam tenha resultados para o resgate da Rodada Doha, detida há cinco anos.
E é precisamente no ano que entra à OMC que começa a crise da dívida mundial, que para alguns economistas está em fase final, mas a maioria das vozes de estudiosos a consideram quase interminável, considerando os problemas principalmente na Europa.
Os porta-vozes da OMC consideram que o brasileiro conhece profundamente os caminhos das negociações internacionais, tanto as revindicações dos países ricos, como as dificuldades das nações em desenvolvimento. Alguns acham que sua principal missão de quatro anos será fortalecer a OMC e frear estratégias de grandes potências no comércio, destinadas a limitar seu papel e potenciar mecanismos controversos de solução.
Nascido em 1957 em Salvador da Bahia, entrou à carreira diplomática em 1984 e a partir desse momento acumulou experiências relacionadas à economia e ao comércio internacional, que o levaram a representar seu país na OMC há cinco anos.
Supervisionou as negociações comerciais do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e participou de quase todas as negociações da Rodada Doha.
Como representante do Brasil perante a OMC, conseguiu importantes conquistas, inclusive frente aos Estados Unidos. Azevedo substitui o francês Pascal Lamy, quem dirigiu a entidade por oito anos.
A OMC foi criada em 1995 para velar pelo cumprimento das boas práticas no comércio internacional de bens e serviços. Com sede em Genebra, Suíça, três-quartos dos países membros são nações em desenvolvimento. A OMC substituiu o Acordo Geral sobre Impostos e Comércio criado em 1948 como parte de uma rede de instituições, junto com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.
Esta entidade apareceu depois da Rodada Uruguai em 1994 e seus acordos não só contemplam bens, mas também comércio de serviços, invenções, criação e desenhos. Entre os temas mais conhecidos que foram considerados pela OMC, estão os relacionados às indústrias aeronáutica e naval, comércio de bananas, regras fiscais para multinacionais, Internet e subsídios têxteis, açúcar ou aço.
http://www.iranews.com.br/noticia/9907/um-brasileiro-controla-as-redeas-do-comercio-mundial