Tradicional expressão usada pelo povo brasileiro, 'para inglês ver' nada é mais do que uma mostra clara do espírito de enganar.
Segundo os mais respeitados linguistas do país, os ingleses exigiram leis que proibissem o tráfico de escravos, quando a Abolição ainda não tinha sido proclamada. Ora, sabia-se que tal não ocorreria, mas a Inglaterra era a maior potência mundial. Votaram as leis, sabendo que as mesmas não seriam cumpridas. O ato era apenas 'para inglês ver'.
Querendo unir forças em torno de interesses desenvolvimentistas, brasileiros, russos, indianos, chineses, agora com a inclusão de sul-africanos, uniram-se num bloco que a imprensa mundial tem chamado BRICs. A ideia é constituir um complexo forte, capaz de enfrentar economicamente os países europeus e americanos do norte.
Os resultados alcançados por esta união são fracos, inexpressivos. A China é destaque no cenário internacional, sempre com produto interno bruto em expansão anual por volta de 7%, seguida da Rússia, com aumento bem menor. O Brasil, em 2012, cresceu apenas 0,9%, aqui jocosamente chamado 'pibinho', palavra inexistente na língua portuguesa.
Os jornais nada noticiam sobre o BRIC. Os resultados não aparecem, não existe uma consciência entre os países formadores do bloco que a ajuda mútua, especialmente em tecnologia, é essencial e indispensável. A última medida tomada foi na reunião feita na África do Sul, onde compareceram os principais dirigentes das nações do grupo. Decidiu-se, naquela ocasião, constituir um fundo com grande capacidade de reserva monetária, caso seja necessária à ajuda a qualquer país do BRIC. Ótima medida, fora de dúvida, mas ainda insuficiente para o fortalecimento do grupo.
Proteção sempre é necessária, mas a proposta é desenvolvimento econômico, que vai gerar melhores condições sociais para os povos dos países-membros. Neste plano, não estamos vendo resultados. Está mais do que na hora de objetivos sejam traçados e postos em execução, todos temos a ganhar com medidas positivas e determinadas.
Afinal, o BRIC não foi criado 'para inglês ver'.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor