Cortina de Fumaça: 72% dos focos de incêndio na Amazônia foram em propriedades médias e latifúndios; veja como Bolsonaro mentiu
Por Letícia Klein, Thiago Medaglia, Flavio Forner e Laura Kurtzberg
Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas. Jair Bolsonaro, mentindo às Nações Unidas
Uma análise detalhada dos dados de fogo e desmatamento na Amazônia revela a intrínseca relação entre os dois fenômenos nos últimos dois anos
De janeiro a dezembro de 2019, foram 89 mil focos de calor na Amazônia, 30% a mais do que no ano anterior e o índice mais alto da década para o mês de agosto, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No mesmo período, o desmatamento também aumentou.
O Sistema Prodes, do Inpe, registra o corte de mais de dez mil quilômetros quadrados de floresta entre agosto de 2018 e julho de 2019, quase o dobro do registrado nos 12 meses anteriores.
O Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam) aponta: as queimadas associadas ao desmatamento recente respondem por 34% do número de focos de calor por tipo de fogo no bioma Amazônia em 2019.
"No processo do desmatamento, o fogo é a etapa final", complementa a bióloga Erika Berenguer, da Universidade de Lancaster.
Os quatro municípios que mais desmataram em 2019 também encabeçam a lista dos que tiveram mais focos de calor: Altamira e São Félix do Xingu, no Pará; Porto Velho, em Rondônia; e Lábrea, no Amazonas, mesmo estado de Apuí, que também aparece nas duas listas, como sexto (focos de calor) e sétimo (desmatamento).
A análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) nos quatro municípios líderes em fogo e desmatamento em 2019 mostra que 72% dos focos de calor foram registrados em propriedades de médio e grande porte (acima de 440 hectares) e o restante em imóveis rurais pequenos (abaixo de 440 hectares).
A mesma correlação aparece em 2020.
O monitoramento dos satélites do Inpe mostra que os alertas de desmatamento do Sistema Deter aumentaram 34% nos últimos 12 meses.
Uma nova ferramenta de mapeamento de queimadas desenvolvida pela Nasa aponta que 54% dos focos de fogo este ano têm origem no desmatamento.
Fonte: Viomundo
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