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«Quando se trata de injectar dinheiro na banca privada, há sempre dinheiro»

«Quando se trata de injectar dinheiro na banca privada, há sempre dinheiro»

«Quando se trata de injectar dinheiro na banca privada, há sempre dinheiro»

O Novo Banco foi «o» tema do debate quinzenal, que abriu com Heloísa Apolónia, do PEV, a confrontar António Costa com o facto de haver «sempre dinheiro» para a banca, mas não para os serviços públicos. 

 

A deputada Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista «Os Verdes», foi a primeira a intervir no debate quinzenal desta tardeCréditosTiago Petinga / Agência LUSA

«Como é que tem cara para dizer ao País que não há mais dinheiro para a Saúde, para a Educação, para a Cultura, que não há dinheiro para a contagem de todo o tempo de serviço dos professores e outras classes profissionais, mas depois quando se trata de injectar capital na banca privada, neste caso o Novo Banco, há sempre dinheiro?», perguntou Heloísa Apolónia. 

O primeiro-ministro defendeu que o Estado «simplesmente emprestou dinheiro para ser pago em 30 anos pelo Fundo de Resolução», acrescentando que «há uma enorme diferença entre fazer despesa e conceder um empréstimo».

A deputada do PEV salientou que o PSD e o CDS-PP «foram responsáveis pelo processo de resolução desastroso» do BES, enquanto «o Governo do PS terminou o trabalho com a venda a um valor simbólico».

Já quanto ao investimento do dinheiro dos contribuintes, que Costa diz estar a acontecer apenas na Caixa Geral de Depósitos, Heloísa Apolónia frisou que «é tempo de deixar de fazer das pessoas tolas, quando diz que não pagam um euro para o Novo Banco, porque é do Fundo de Resolução», uma vez o fundo ser «alimentado pelo dinheiro dos contribuintes». 

A par das questões do Novo Banco, designadamente se a auditoria do Governo será feita apenas ao processo de resolução ou também ao período posterior, o deputado e vice-presidente da bancada do PSD, Adão e Silva, confrontou ainda António Costa, e indirectamente o ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, sobre o atraso no pagamento das pensões, desprezando o facto de o Centro Nacional de Pensões ter perdido 240 trabalhadores entre 2010 e 2016.

António Costa defendeu que não cabe ao Governo «supervisionar» o Banco de Portugal e que, tendo o Novo Banco sido gerido pelo regulador depois da resolução, o Executivo «não pode ordenar uma auditoria ao Banco de Portugal sobre o pós-resolução», mostrando porém «total disponibilidade» para uma comissão parlamentar de inquérito. 

«Não é tempo de integrar o banco na esfera pública?»

Na bancada do PCP, o deputado Jerónimo de Sousa sublinhou o novo prejuízo de 1400 milhões de euros e o montante já gasto pelo Estado como «resultado das imposições da Comissão Europeia, que PS, PSD e CDS-PP aceitaram, desde a resolução do BES até à venda do Novo Banco à Lone Star», perguntando de seguida «se não é tempo de parar com esta venda e integrar o banco na esfera pública?»

Porque, frisou, «se o Estado paga o banco, o Estado deve gerir o banco ao serviço do País», concluindo sobre esta matéria que, «no meio disto tudo, quem se vai safar é a transnacional Lone Star».  

O secretário-geral do PCP confrontou novamente o primeiro-ministro sobre o atraso no pagamento das pensões, sublinhando que não foram tomadas medidas nos últimos seis meses e as pessoas não «vivem do ar». 

O primeiro-ministro disse que «no final do primeiro semestre» será possível «recuar para 90 dias o pedido de resposta» a pensões, recebendo de imediato o alerta de Jerónimo de Sousa: «Fica combinado, senhor primeiro-ministro, cá estaremos a ver se se verifica.»

Dia de luto nacional

O debate quinzenal com o primeiro-ministro, no dia de luto nacional pelas vítimas de violência doméstica decretado pelo Governo, seguiu-se à votação, por unanimidade, de um voto de pesar pelas vítimas, sendo já 11 as mulheres assassinadas desde o início do ano. 

As interpelações da bancada do PS, pela voz das deputadas Isabel Moreira e Elza Pais, abordaram questões sobre este crime, pegando num projecto de resolução que o partido vai apresentar para que «a ausência de consentimento seja um elemento tipo do crime de violação e de coacção».

Nas intervenções antes da votação, a deputada do PCP, Rita Rato, anunciou que a bancada comunista vai apresentar uma iniciativa legislativa para «a criação de uma comissão nacional de prevenção e de protecção das vítimas de violência», com o objectivo de desempenhar funções de «coordenação, prevenção, protecção e acompanhamento das vítimas».

https://www.abrilabril.pt/nacional/quando-se-trata-de-injectar-dinheiro-na-banca-privada-ha-sempre-dinheiro

Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Helo%C3%ADsa_Apol%C3%B3nia#/media/File:Helo%C3%ADsa_Apol%C3%B3nia.jpg

 


Author`s name
Ksenia Semenova