O Artista Plástico Gershon Knispel faleceu aos 86 anos
Por Saul Seter, no Jornal Haaretz Israel
Knispel era um dos maiores representantes do Realismo Socialista na pintura mundial. Nas últimas décadas morou no Brasil.
Em Israel, foi ligado a arte social, cidadão de Haifa e comunista durante toda sua vida.
Além de desenhos e pinturas criou esculturas e baixo relevos em áreas públicas que estão espalhadas por toda cidade de Haifa.
Gershon era um homem da esquerda apoiava a convivência entre Israel-Palestina e foi um crítico feroz da política ocupacionista do governo de Israel.
Knispel nasceu na cidade de Colônia, na Alemanha em 1932, e aos três anos emigrou com seus pais para Israel.
Cresceu em Haifa; estudou arte na escola de Arte Bezalel em Jerusalém no início dos anos 50, e ao finalizar os estudos voltou a cidade de Haifa para morar e criar.
Ele ensinou arte no acampamento de emigrantes de Shahar Halya (Portal dos emigrantes) em Haifa , e nas escolas públicas das cidades de ATA e Nesher (a cidade do cimento próxima de Haifa).
O resultado dos trabalhos desses anos apresentam figuras de operários, desempregados e emigrantes. Mostram cenas do mundo do trabalho e das manifestações políticas. Ele retratou judeus e árabes, ocidentais e orientais em pinturas muito realistas, materialistas e coloridas.
Em 1957, com a realização do concurso para construção da torre de televisão brasileira "TUPI" em São Paulo, Knispel apresentou uma proposta baseada na tradição indígena pré-colonização.
A sua proposta foi escolhida e ele mudou para São Paulo. Morando no Brasil encontrou o arquiteto Oscar Niemayer e durante anos desenvolveram amizade e parceria que se perpetuou. Knispel se envolveu profundamente no meio artístico brasileiro e criou esculturas e murais em áreas públicas em diversas cidades.
Em 1964, com o golpe militar no Brasil, Knispel, correndo perigo de vida, fugiu do país e retornou a Haifa.
O Prefeito de Haifa, Aba Hushi, o nomeou Diretor do Departamento de Arte e nesta função ficou durante muitos anos. Em Haifa criou esculturas e baixo relevos, como o baixo relevo do Passo dos Esportes, no bairro de Romema.
A tela de amplas dimensões (6m.x3.m) elaborada em 1953, foi criada com base num desenho do pintor Shimon Ttzabar, e ele retrata a Ata de paz que que foi assinada no mercado da cidade de Acco.
Outra grande tela dele "A Agencia de Empregos" mostra desempregados esperando sem respostas em frente da porta trancada da Agencia de Empregos de Haifa.
Esta obra foi um marco de um estilo e de um período, na história das artes israelenses.
Knispel pintou também as manifestações de 1959, da evacuação do Vadi Salib (vale Salib Haifa.).
Criou ilustrações do primeiro livro de poemas de Alexander Pen, consideradas há tempos um marco na litografia.
Junto com Abed Abdi, criou em 1976 o monumento em memória dos assassinados no Dia da Terra, em Sachnin .
Em 1995 Knispel voltou a São Paulo. Foi recebido pelos que combateram a ditadura militar com muitas homenagens. Vários companheiros de luta eram agora governantes. Continuou a elaborar trabalhos gigantes em áreas públicas.
Participou de várias exposições, coletivas e individuais e no ano passado recebeu o Prêmio Jabuti, pelo seu volumoso Livro de Arte, editado pela Guila Balass, onde resume toda sua vida de trabalho artístico e de luta política.
Nos últimos anos dividiu seu tempo entre São Paulo e Haifa. Sempre produzindo, sempre planejando. Na madrugada do dia 7 de setembro, faleceu em Israel.