Verdes Preocupados com Plantação de Espécie Exótica na Floresta Questionam o Govern
O Deputado José Luís Ferreira, do Grupo Parlamentar Os Verdes, entregou na Assembleia da República uma pergunta em que questiona o Governo, através do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, sobre os motivos que levaram às autorizações, por parte do ICNF, para plantação da Paulownia Tomentosa, quando anteriormente haveria reservas à plantação desta espécie no nosso país, por se tratar de uma espécie não indígena da nossa floresta e ainda pouco conhecida pelo que não haveria forma de se garantir a 100% de não se vir a comportar como praga.
Pergunta:
A Paulownia Tomentosa é uma árvore de crescimento rápido, com múltiplas utilizações, desde o fabrico de painéis e móveis até ao uso na indústria aeroespacial e naval. Das suas características ressalta-se a capacidade de, num clima de muita humidade e calor, a sua produção ocorrer entre cinco e oito anos, com possibilidade de corte a repetir em oitos vezes. A madeira desta árvore é já usada em muitos países da europa e a pretensão de ser instalada no nosso país já vem pelo menos desde 2003.
Nessa época a Universidade do Minho apresentou um estudo de impacte que acompanhava o pedido de plantação da espécie, onde apesar de se afirmar que esta árvore não teria características de se tornar invasora não haveria forma de se garantir a 100% tal facto, até porque as árvores demoram várias décadas até se comportarem como pragas. De acordo com a imprensa o próprio ICN não estaria convencido da inocuidade da Paulownia, defendendo a necessidade de campos de ensaio.
Notícias recentes na comunicação e redes sociais dão novamente relevo a esta espécie, considerando inclusive a sua instalação no nosso país como uma boa alternativa para a floresta portuguesa. Em novembro de 2017 o Centro de Ciência Viva da Floresta, em Proença-a-Nova, promoveu um colóquio sob o tema “Paulownia, a árvore do futuro?”, cujo orador convidado foi o Eng.º José Bernardino do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), onde se abordou o enquadramento legal destas plantações, as suas características específicas e potencialidades.
De acordo também com a imprensa, o interesse dos produtores por esta espécie tem aumentado no país, e apesar de estarmos perante uma espécie não indígena da nossa floresta, a Paulownia pertence à lista de espécies não indígenas com interesse para a arborização, ao abrigo do artigo 1.º e anexo II do Decreto-Lei n. 565/99, o que tem permitido a sua comercialização e consequente plantação no nosso país.
No entanto, Os Verdes não podem esquecer que estamos perante uma espécie exótica, e que ao longo dos anos a introdução deste tipo de espécies nos ecossistemas, tenham sido plantas ou animais, trouxe e acarreta vários riscos para a biodiversidade.
Assim, e procurando dar sequência às denúncias que se dirigiram ao Grupo Parlamentar “Os Verdes” em busca de respostas para as suas dúvidas, solicito ao Senhor Presidente da Assembleia da República que, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, remeta a presente Pergunta ao Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, para que sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1. Quantos são os hectares plantados atualmente no nosso país da espécie Paulownia Tomentosa?
2. Onde estão localizadas as plantações desta espécie?
3. Estão previstas novas plantações desta espécie? Em caso afirmativo, qual a sua localização e dimensão?
4. Que motivos levaram às autorizações por parte do ICNF, quando anteriormente haveria reservas à plantação desta espécie no nosso país?
O Grupo Parlamentar Os Verdes
O Gabinete de Imprensa de “Os Verdes”
http://www.osverdes.pt/pages/posts/verdes-preocupados-com-plantacao-de-especie-exotica-na-floresta-questionam-o-governo-9311.php
Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulownia_tomentosa#/media/File:PaulowniaFortuneiLeaf2.jpg