Crise
Vladimir Soloviev é anfitrião de um horário político nobre da TV russa que trabalhou de perto com Putin e agora diz que: A situação atual é comparável com a Crise Dos Mísseis De Cuba. A guerra nuclear pode entrar em erupção num piscar de olhos e é também improvável que a humanidade possa sobreviver a ela.
Tradução Anna Malm para Pátria Latina e Irã News
Novas sanções contra a Rússia, mercados financeiros russos em debacle, um rublo periclitante, o ocidente ameaçando bombardear a Síria e seus aliados, fraude-Skripal*- o que está acontecendo?
Bem-vindo ao quarto mandato Mr. Putin! - Todos os pontos acima mencionados são parte de uma campanha cuidadosamente planejada como um pacote de boas vindas para o provavelmente último mandato presidencial do atual presidente russo.
O ocidente está basicamente a mandar uma mensagem clara para o presidente russo: o senhor irá ter seis anos de crises contínuas e infernais. Nós nos encarregaremos de não lhe favorecer um único dia de paz e ... desculpe, não haverá maneira de que o senhor possa vir a ter tempo para focalizar nos problemas internos ou domésticos do seu país, como prometeu na sua campanha para a presidência.
Chegarão também tempos duros para a economia russa. Entretanto, os russos irão perceber que ter 20 mil rublos (300 dólares) em salário é melhor do que ter 20 milhões de mortos como na Segunda Guerra Mundial. Esse é um pequeno preço a pagar para ser um dos últimos países independentes desse mundo e a longo prazo, seria melhor para a Rússia cortar qualquer dependência da tecnologia ocidental, assim com importações e mercados relacionados aos mesmos.
A Rússia precisa de tomar passos resolutos para infligir custos significativos paraWashington e seus vassalos ocidentais.
MEDIDAS FINANCEIRAS: Começar a despejar dólares - DUMPING - e em todo e qualquer comércio internacional começar a requerir para que seus parceiros internacionais facilitem o comércio em qualquer moeda, que não seja o dólar americano.
MEDIDAS POLITICAS E MILITARES:
O ponto mais sensível e crítico aqui seria a Rússia começar a fazer guerra por procuração (waging proxy wars) contra os Estados Unidos, da mesma maneira que os EUA fazem guerra por procuração contra a Rússia, por ex. na Ucrânia apoiando o regime anti-russo, em Kiev, e armando milícias fascistas em Donbas as quais estão lá a matar a população de etnia russa. A Rússia poderia seriamente pensar em armar os Talibãs no Afeganistão, Hezbollah no Líbano, assim como ajudar o Irã a modernizar suas forças armadas, vendendo então seus S-400s aos mesmos. Ela também poderia facilitar projetos conjuntos de tecnologia militar com eles.
Basicamente tem-se que a Rússia poderia sustentar todos os países e organizações considerados pelos americanos como inimigos. Isso iria realmente prejudicar Washington. Essa é a única e apropriada reação à política externa dos Estados Unidos. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. A Rússia poderia aceitar o ABC de uma política externa realista. Os neocons americanos só entendem uma lingua - a linguagem da força. Essa não é hora para argumentos, diálogos ou discussões.
O ministro das relações exteriores da Rússia [Sergey] Lavrov disse recentemente que as negociações sobre a situação da Península da Coreia resultaria na desnuclearização de toda a região. Porque estaria a Rússia tão interessada e diligente quanto a desnuclearização da Península da Coreia? Isso não é de interesse vital para a Rússia. Talvez fosse melhor para a própria o fazer da Coreia do Norte uma aliada e não só isso, como também armar melhor a mesma. Porque ajudar os Estados Unidos a neutralizar a ameaça coreana? Não seria aqui melhor ajudar a Coreia do Norte a desenvolver mísseis ainda mais efetivos para seus objetivos? Dessa maneira os neocons teriam de pensar duas vezes antes de atacar a Coreia do Norte, e mesmo a Rússia.
RECONSIDERAR SUAS RELAÇÕES COM ISRAEL: A Rússia precisaria de reconsiderar essas relações porque elas não são satisfatórias por muitas razões, entre as quais tem-se o fato delas darem mensagens ambivalentes para os aliados da Rússia no Oriente Médio.
Primeiros passos já foram dados: o embaixador de Israel foi convocado ao Ministério dos Negócios Exteriores da Rússia. Entretanto, muito mais deveria estar sendo feito. Toda a corrente crise é uma consequência do desejo de Israel de sustentar na Síria um caos controlado e isso então por dezenas de anos a vir. Tem-se aqui que a Rússia se mantém silenciosa quanto aos constantes ataques de Tel Aviv na Síria.
Porque é que a Rússia se mantém silenciosa quando Israel bombardeia a Síria, mas ameaça os Estados Unidos quando eles fazem a mesma coisa? Que lógica é essa? Porque é que Israel pode fazer isso e os EUA, primeiro do mundo como superpotência, não pode? Se a Rússia e os russos não estão prontos a atacar e esmurrar de volta contra Israel porque estariam pretendendo que poderiam fazer isso contra os EUA?
Em qualquer caso, a Rússia deveria deixar claro para Israel que em caso de uma guerra global Rússia-EUA, Israel poderia ser o primeiro a ser varrido, se não dizimado, pelas armas nucleares russas.
CONCLUSÃO
Concluindo, em vez de chorar e lamentar-se a respeito de ações ilegítimas e ilegais do ocidente, desrespeitando as leis internacionais, a Rússia e Putin deveriam tomar medidas concretas para por fim a essas ações.
Já está na hora de que dirigentes políticos dos velhos escalões se retirem. O Ministro dos Negócios Estrangeiros / Ministro das Relações Exteriores já deu sinais de que desejaria se retirar depois de dezenas de anos de incansáveis esforços, assim também como de um honroso serviço a pátria. Putin poderia deixar que ele se retirasse da vida ativa, procurando um novo, nacionalista ministro, que em primeiro lugar deveria deixar de chamar agressores por parceiros. Na linguagem diplomática pode ser regra, mas um intimidador, um provocador, ou um agressor só entende a linguagem das ações e da força.
O primeiro ministro russo Dmitry Medvedev tem-se mantido invisível por anos, mas poderia ir a história como a pessoa que permitiu ao ocidente o bombardear de Gadhafi e isso através de não ter bloqueado a resolução na ONU para uma "no fly-zone" sobre a Líbia. Muitos outros russos liberais poderiam também deixar a cena enquanto a política financeira russa poderia ficar mais nacionalista e protecionista.
Presidente Putin está tomando atitudes amáveis de mais em muitas questões. Ele ainda continua falando em "parceiros ocidentais". Até mesmo o ex-chefe de inteligência israelita Yakov Kedmi acha que ele deveria ser mais acertivo contra os provocadores neocons (Even former Israeli intel boss Yakov Kedmi thinks he should be tougher to the neocon bullies. Aqui precisa-se de um tipo à maneira Zhirinovsky para as relações internacionais. Isso sendo então ainda mais necessário nos tempos de hoje.
Nesse crítico momento da história da humanidade - tendo-se em conta que a mídia ocidental está a ignorar completamente o perigo de se ter uma terceira guerra mundial - Putin deveria ir a TV, emissão em direto, explicar aos cidadãos russos mas principalmente para o mundo que o planeta se encontra a beira da Terceira Guerra Mundial - (World War Three, WW III na sigla inglesa)
Finalmente, a Rússia precisa compreender que tudo o que está se passando não tem nada a ver com Assad, Síria ou mesmo com o Oriente Médio, mas sim tudo a ver com a Rússia. Israel e os Estados Unidos decidiram que essa é a hora perfeita para infligir uma derrota humillhante a Rússia. Além disso, essa seria também uma maneira para eles sairem dessa equação complicada.
Se a Rússia não fizer nada além de se esconder em baixo da mesa lamentando-se contra os ataques ilegais dos americanos, ingleses e franceses contra o povo sírio essa será a mais humilhante e definitiva derrota para a Rússia e Putin. Ninguém mais irá querer se aliar com a Rússia, mesmo que ainda seja assim que os países na fila de espera para tanto não sejam muitos. Isso para ser honesto.
Retroceder só prolonga o inevitável - Ao fim e ao cabo a paz depende da coragem das nações em desafiar a global dominância dos Estados Unidos. Principalmente, se a Rússia manter-se em confronto com os Estados Unidos e Israel isso já será o começo de uma nova história.
Presidente Putin, a bola está no seu plano. Ou o senhor vai a história como o maior homem da história russa de todos os tempos ou como Ivan o Terrível 2.0, o qual no seu primeiro termo, por assim dizer, começou regendo sobre a prosperidade a qual fez acabar numa caótica desintegração e em sombrios tempos para a Rússia.
Que a Fortuna lhe sorria, Vladimir Vladimirovich! O destino da Rússia e da humanidade está em suas mãos.
NOTAS E REFERÊNCIAS
Vladimir Soloviev, BREAKING: Defining Moment for Putin: Stand up to US/Israel Empire of Chaos, or Fold? This is To Be or Not To Be Defining Moment much more for Putin and Russia, than for Syria and Assad.
"Vladimir Soloviev explains the failure of Putin's policy of appeasement ..." em:
https://russia-insider.com/en/breaking-defining-moment-putin-stand-usisrael-empire-chaos-or-fold/ri23052 "
Fonte: Idiocy Is Bringing The End Of The World por Paul Craig Roberts em https://www.paulcraigroberts.org/2018/04/11/idiocy-bringing-end-world/
* refere-se ao uso de uma "falsa bandeira" - "the Skripal false flag" no original - como nos navios piratas de quando esses assaltavam outros navios deixando a culpa cair nos inocentes representados pelos seus símbolos, nesse caso a suas bandeiras agora levantadas então no navio pirata para o ataque]
Patria Latina - http://www.patrialatina.com.br/
Irã News - http://www.iranews.com.br/noticias/