'Repetitivo' e 'Cansativo': Censura de Temer a Jornalistas sobre Assassinato de Marielle
Edu Montesanti
Sindicatos de jornalistas e representantes dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) protestaram contra o presidente de fato, Michel Temer, por restringir a cobertura da execução da vereadora e ativista de direitos humanos Marielle Franco (38), e de seu motorista Anderson Gomes (39) no Rio de Janeiro, ambos assassinados com vários tiros no dia 14 de março.
Em 16 de março, após a cobertura dos jornalistas da EBC sobre centenas de protestos e homenagens a Marielle em todo o Brasil, o gerente da redação da rede, Roberto Cordeiro, enviou um correio eletrônico solicitando aos jornalistas que não cobrissem mais as manifestações públicas, alegando que não passam de "exploração política" dos assassinatos. Cordeiro ordenou que os jornalistas cobrissem apenas as investigações do crime.
É bem verdade, cá prá nós, que a politicagem singular de "homenagear" as vítimas de crime hediondo em uma emboscada com bandeiras de partidos polítiicos (de "esquerda"), são dose não-cavalar apenas em terras tupiniquins, entre os mais sectários em sua comemoração... ops! protestos pelo brutal assassinato.
Contudo, proibir a cobertura e, logo, a sociedade de saber o que e como ocorrem os protestos e "chacrinhas" no Brasil, e de discuti-los independentemente das circunstâncias que se deem, é mais uma evidência do caráter golpista do (des)governo de Temer - até porque milhares de manifestantes Brasil afora têm sido muito sinceros em seus protestos, nada interessantes politicamente, isto sim, a este regime fantoche de Tio Sam que se instalou em Brasília.
Em uma nota, os jornalistas denunciaram a atual censura da EBC e outras relacionadas à intervenção militar do Brasil no Rio, afirmando que o gerente "ordenou que o braço da empresa no Rio de Janeiro parasse de cobrir as manifestações motivadas pelo crime brutal, considerando o tópico 'repetitivo' e 'cansativo'. "
A carta lembra ainda que um dos chefes da EBC, atuou por 6 anos como assessor do atual ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, e do Ministério da Defesa, exigindo uma cobertura de todas as ações da intervenção, incluindo questões menos relevantes que sobrecarregam os pequenos funcionários da filial, evitando que os jornalistas mostrassem os problemas históricos da segurança pública do Rio.
"O governo diz que ajuda na investigação do caso, mas pede que ele reduza a cobertura da EBC, um sério jogo duplo contra a democracia", disseram os jornalistas na nota.