Três camponeses assassinados na Colômbia em menos de 24 horas
Prosseguem os assassinatos de camponeses e dirigentes sociais, mesmo com o anúncio de cessar-fogo de uma das forças paramilitares mais activas na Colômbia. Em Bogotá, líderes sociais de Chocó e Antioquia ameaçados de morte exigiram garantias ao governo, para poderem regressar às suas terras.
Os líderes sociais - camponeses, indígenas, afro-descendentes, defensores da reforma agrária, participantes na substituição voluntária de cultivos ilícitos - continuam a ser assassinados na ColômbiaCréditos/ elcampesino.co
A vítima mais recente foi José Rafael de La Hoz Villa, dirigente rural e membro das Mesas de Vítimas de Pivijay. De acordo com a TeleSur, foi encontrado sem vida e com múltiplas feridas de arma branca, no sábado, numa quinta próxima da comunidade Las Canoas, no departamento de Magdalena.
A morte deste camponês provocou grande consternação na região e foi denunciada pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), que se referiu também ao assassinato de Alexander Padilla Cruz (no departamento de Córdoba) e de Marcial Castillo (Cauca), em menos de 24 horas, e acusou o governo e as forças militares de «ficarem a ver».
Na quarta-feira passada, dia 13, a Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) denunciou mais um assassinato de um ex-guerrilheiro das FARC-EP indultado no âmbito dos acordos de paz firmados com o governo colombiano.
Trata-se de Jairo Ortiz Betancur, «o quarto militante assassinado [no município de Ituango (departamento de Antioquia)] neste segundo segundo semestre», revelou a FARC, que exigiu às autoridades o esclarecimento da situação e pediu «protecção para os seus militantes e para as populações».
«Empresários por trás dos assassinatos»
Na passada quinta-feira, 25 líderes sociais dos departamentos colombianos de Chocó e Antioquia ameaçados de morte ou familiares de líderes assassinados juntaram-se na capital do país, Bogotá, para exigir garantias ao governo e, desse modo, poderem regressar aos seus territórios, de onde foram expulsos.
Na ocasião, de rosto tapado por máscaras, lembraram que, entre o final de Novembro e o início de Dezembro, no espaço de dez dias, os paramilitares mataram Mario Castaño e Hernán Bedoya, que reclamavam terras na região e eram membros das Comunidades Construindo Paz nos Territórios (Conpaz), refere a Contagio Radio.
Em seu entender, as «ameaças de morte» fazem parte de «uma estratégia determinada por empresários ligados à criminalidade na região», gente ligada a negócios agropecuários e à exploração mineira que expulsaram as comunidades das suas terras e, que quando estas tentam regressar e reclamar as terras de volta, as ameaçam de morte e as matam, segundo denunciaram.
Reafirmaram que, nas suas regiões, existem interesses políticos e económicos «muito poderosos que estão a acabar com as vidas de quem reivindica os seus direitos», e, pese embora sentirem-se «esperançados» com o anúncio de cessar-fogo feito pelos paramilitares das Autodefensas Gaitanistas de Colombia (AGC), sublinharam que os ataques contra as suas vidas continuam, «pagos por empresários».
Independentemente das orientações recebidas - afirmaram -, os membros da estrutura paramilitar continuam a operar como assassinos a soldo no território, onde as forças de segurança também «protegem os empresários». «Os militares acompanham-nos em todos os procedimentos ilegais», acusaram.
Foto: Os líderes sociais - camponeses, indígenas, afro-descendentes, defensores da reforma agrária, participantes na substituição voluntária de cultivos ilícitos - continuam a ser assassinados na ColômbiaCréditos/ elcampesino.co
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