Rajoy responde a referendo catalão com forte dispositivo repressivo
Quase 900 feridos, dois deles em estado grave, é o resultado da violência policial libertada pelo governo de Rajoy na Catalunha para evitar o referendo deste domingo.
Mais do que o resultado da votação, que foi amplamente condicionada pelo governo espanhol nos dias que antecederam o escrutínio, o dia de domingo foi marcado pela extrema violência que pautou a intervenção das forças de segurança centrais - Guarda Civil e Polícia Nacional - face aos catalães que participavam na votação, mas também sobre as forças de seguranças regionais (Mossos d'Esquadra) ou sobre bombeiros.
De acordo com os dados da Generalitat (governo regional), foram assistidas pelos serviços de saúde da região 893 pessoas em consequência de cargas policiais, quatro das quais permanecem internados e duas em estado grave, refere o eldiario.es.
A Guarda Civil e a Polícia Nacional protagonizaram intervenções musculadas em várias secções de voto, havendo registo de agressões a homens e mulheres de todas as idades. O porta-voz do governo espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, afirmou laconicamente que as cargas policiais são «coisas que podem acontecer».
O executivo de Rajoy apostou tudo na descredibilização do referendo mas a violência extrema a que recorreu para que este não ocorresse acabou por provocar críticas transversais à sua actuação. O coordenador federal da Esquerda Unida (IU, na sigla em castelhano), Alberto Garzón, já pediu a demissão do presidente do Governo, que tem agendados encontros com o PSOE e o Cidadãos (partido catalão que se opõe à independência) para hoje.
Instituições reunidas para preparar o dia seguinte
O governo regional catalão está, esta manhã, reunido para preparar os próximos passos após o anúncio dos resultados. Ao final da noite de ontem, apontavam para a vitória do «sim» à independência com mais de 90% dos votos expressos, num total de 2,2 milhões de votos. A votação decorreu sob fortes limitações, com pelo menos um terço das assembleias de voto encerradas, boletins de voto e urnas apreendidas e o acesso à internet cortado em todos os locais onde decorreu o acto eleitoral.
No seu discurso de ontem à noite, o presidente da Generalitat, Carles Puidgemont, indiciou que a declaração unilateral de independência da Catalunha deve surgir entre hoje e amanhã, segundo a lei com que o parlamento regional aprovou a realização do referendo.
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