Médicos convocam greve

Os sindicatos médicos anunciaram esta sexta-feira que vão realizar greves rotativas por regiões em Outubro e uma paralisação nacional em Novembro. Exigem menos utentes por cada médico de família e a imposição do limite de 12 horas de trabalho em serviço urgência.

Médicos defendem a diminuição de utentes por médico de famíliaCréditos/ CelosOnline

As greves regionais começam a 11 de Outubro na região Norte, seguindo-se a região Centro a 18 de Outubro e a região Sul a 25 de Outubro. A paralisação nacional está marcada para 8 de Novembro, com uma concentração no Ministério da Saúde.

O anúncio foi feito pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) à saída de uma reunião negocial no Ministério da Saúde.

Os sindicatos médicos têm estado em negociações com o Ministério da Saúde em várias matérias, avisando várias vezes que, se a postura do Governo se mantivesse, avançariam para uma nova greve nacional depois das eleições autárquicas, que seria a segunda num ano, depois da paralisação de Maio.

Em causa estão sobretudo medidas como a redução da lista de utentes por médico de família, que actualmente se situa nos 1900 utentes por médico, enquanto os sindicatos pretendem regressar a um máximo de 1500, e a imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência.

O Ministério da Saúde mantém a esperança de conseguir negociar com os sindicatos médicos afim de evitar a greve. O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, afirmou aos jornalistas que houve dois temas que foram acordados na reunião de hoje com os dois sindicatos médicos - a redução de 200 horas para 150 horas anuais obrigatórias de trabalho extraordinário, a partir de Janeiro do próximo ano, e a reposição das majorações pelas horas de qualidade, feitas durante a noite, que começará a partir de Abril do próximo ano.

No entanto, não foi objecto de consenso a redução do trabalho de urgência das 18 horas semanais para as 12 horas e a redução da lista de utentes por medico de família.

O dirigente da FNAM, Mário Jorge Neves, afirmou acreditar num acordo com o Governo até ao final do mês, mas lamentou que na reunião não fossem «encontrados consensos».

«Falamos da reposição de enquadramentos laborais que existiam antes da troika e cujo términos estava previsto para 2015», sublinhou o dirigente da FNAM, lamentando os transtornos para os doentes, mas afirmando que as reivindicações dos médicos são também para beneficiar os utentes.

Segundo os sindicatos, embora não tivesse ficado marcada mais qualquer reunião com o Governo, este comprometeu-se a enviar um documento de trabalho até à próxima quarta-feira, sendo possível nova reunião até final do mês.

Num jantar-comício em Santiago do Cacém, no âmbito da campanha para as eleições autárquicas de 1 de Outubro, Jerónimo de Sousa declarou solidariedade com as reivindicações e posições dos médicos e enfermeiros, com greves anunciadas para Outubro, «lutas que para além das razões profissionais que o justificam, visam também defender o Serviço Nacional de Saúde e melhorar acesso aos cuidados de saúde», afirmou.

Com Agência Lusa

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