Redução do Risco de Catástrofe: A vez e a voz das crianças
Data de envio: 2 junho 2017
Que papel podem ter as crianças e jovens face ao risco de catástrofes em Portugal? Vale a pena incluir as suas perspetivas nos planos de emergência? Têm contributos a dar quanto à segurança na sua escola? Estarão eles interessados em ajudar a preparar, dar resposta e recuperar as suas comunidades na eventualidade de um evento extremo?
Estas e outras questões estiveram em debate no dia 31 de maio no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, no Encontro Nacional Participação de Crianças e Jovens na Redução do Risco de Catástrofes, no âmbito do projeto europeu CUIDAR. Este evento pôs à conversa jovens do 9º ano com representantes da proteção civil, do Ministério da Educação, de organizações da sociedade civil e de departamentos de vários municípios do país.
Foram debatidas as dificuldades da participação, como a falta de tempo e a escassa disponibilidade dos adultos para os ouvir, os fatores que a podem incentivar, como envolver toda a comunidade educativa ou desenvolver ações intergeracionais, e, por fim, medidas concretas que podem ser implementadas: a criação de tempos letivos geridos por crianças e jovens, onde estes decidem que temas aprofundar dentro da gestão do risco, a inclusão desta temática no projeto educativo das escolas, a criação de uma plataforma digital de difusão de informação sobre catástrofes para crianças e jovens ou a criação de clubes de voluntariado.
Na sessão da manhã, reservada aos crescidos, os serviços de proteção civil de Lisboa, Amadora, Albufeira e Loures mostraram o trabalho que têm desenvolvido na sensibilização de crianças e jovens para os riscos, nomeadamente através de programas educativos e exercícios de simulacro. Na segunda parte, representantes da UNICEF, do Instituto de Apoio à Criança, do Grupo Aprender em Festa de Gouveia e da Câmara Municipal de Palmela apresentaram as suas experiências com crianças e jovens em projetos participativos.
O projeto CUIDAR tem por objetivo entender perceções de risco e as necessidades e capacidades das crianças e jovens em situações de catástrofe em contexto urbano e estimular a inclusão do ponto de vista das crianças no planeamento e gestão de catástrofes, facilitando o diálogo com os profissionais da proteção civil e decisores políticos. Em Portugal escolheu-se abordar o tema das catástrofes através da sua relação com as alterações climáticas e foram realizados workshops em Lisboa, Albufeira e Loures, com crianças do 4º ano e jovens do 9º ano.
CUIDAR Culturas de Resiliência à Catástrofe entre Crianças e Jovens é um projeto financiado pelo programa da Comissão Europeia Horizonte 2020, coordenado por uma equipa de investigação da Universidade de Lancaster e desenvolvido em parceria com outras cinco instituições de vários pontos da Europa: Save the Children, Reino Unido; Universitat Oberta de Catalunya, Espanha; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal; Save the Children, Italia; Panepistimio Thessalias (UTH), Grécia. O projeto teve início em julho de 2015 e terminará em junho de 2018.