Quem corrompeu quem na Petrobras? Eis a questão
Chico Bruno, direto da Varanda
Quando nos deparamos com um escândalo de corrupção, como o da Petrobras, vale a pena exercitar o raciocínio.
Quem corrompeu quem?
É que existe nesta indagação algo semelhante à clássica pergunta:
Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha?
Neste caso da Petrobras, e em muitos outros, é preciso saber quem são os corruptores.
É que, segundo os dicionários, o corruptor é aquele que pratica a ação inicial de corromper.
No caso especifico da Operação Lava Jato, isso não está claro, nos inquéritos em andamento, pela falta de transparência.
São apenas duas hipóteses: ou os agentes públicos (políticos e dirigentes da estatal) corromperam os empresários ou vice-versa.
Alguns enfronhados na questão pregam que os corruptores são os empresários, mas se esquecem de que quem tem a faca e o queijo nas mãos são os agentes públicos, pois são eles que decidem os resultados dos certames.
Vale a pena ter em mente algumas práticas corruptas para o clareamento da questão.
Suborno, nepotismo, clientelismo, peculato, caixa dois, tráfico de influência, laranja, fraude em obras, venda de sentenças, conluio de empresários, conflito de interesses, improbidade administrativa e enriquecimento ilícito.
Quem quiser saber o significado dos crimes acima elencados clique aqui.
Pelo visto, a maioria dos envolvidos na Lava Jato será enquadrada em alguns dos 13 crimes citados acima.
Mas, continua a pergunta martelando o texto: quem corrompeu quem?
Os agentes públicos dirão que foram corrompidos pelas empresas e estas por eles.
Particularmente, endosso a ilação que a direção da Petrobras teve participação ativa na formação do conluio entre as empresas, principalmente por se tratar de obras licitadas por cartas-convite.
Vale lembrar, que o caso de Pasadena só envolve agentes públicos.
Resumo da ópera.
Temos executivos de empresas e alguns ex-dirigentes da Petrobras encarcerados, mas até agora nenhum político foi oficialmente arrolado nos inquéritos por conta do foro privilegiado.
Portanto, temos dois pesos e duas medidas, em um escândalo em que está claro que eles, os políticos, são os corruptores, através de seus indicados para ocupar cargos de direção na estatal.
Aliás, tem muita gente sendo preservada, por exemplo, no caso Pasadena, haja vista que a compra foi autorizada pelo Conselho de Administração da Petrobras e não por Nestor Cerveró, que se defende com base neste parecer.