A situação é distante, mas nem por isso deve ser desconhecida por quem gosta de estar informado e se interessa em avaliar fatos e suas consequências.
Refiro-me à Criméia. Em Direito existem dois tipos de nacionalidade: o da terra onde nasceu, adotado no Brasil, por exemplo, e o proveniente do sangue. O cidadão tem a nacionalidade dos seus pais e avós.
Os habitantes daquele lugar, pelo direito sanguíneo, são russos, na grande maioria. Se querem fazer parte da Rússia, e decidem no voto por maioria esmagadora tal vontade, nada mais a dizer. O povo tem o direito de dizer o que quer. É princípio fundamental da democracia, socialista ou não.
É este o princípio de autodeterminação dos povos. Ganharam nas urnas, cumpra-se o que elas sufragaram.
Mas o mundo tem interesses estranhos. Todos gostam de intromissões nos direitos dos outros, por incrível que pareça. Não parece justo ou ético ficar programando retaliações à Rússia e à Criméia.
Dizem, e pouquíssimos sabem dizer se o fato tem procedência ou não, que existe um protocolo entre Estados Unidos e Rússia, documento não assinado, mas válido principalmente depois da famosa reunião de Yeltsin e Clinton, onde as gargalhadas espantaram quem estava de fora. Sim, pois a mesma foi a portas cerradas, ninguém testemunhou nada, mas os observadores internacionais se espantaram com as gargalhadas de Clinton que, segundo eles, não tem este hábito.
Verdade é que saíram os dois sorridentes e vermelhos. Abraçados e felizes, ainda rindo. O que se passou, convém repetir, ninguém sabe. Talvez tenha sido comemorado o protocolo. Ele é simples. Todo ato praticado na "área de influência" russa, ou seja, nas proximidades com aquele país, deve ser respeitado. O mesmo se dá com a parte americana. Os políticos protestam, xingam, jornais fazem ataques, diplomatas pedem intervenção da ONU e acabou-se. Fica por isto mesmo, não tem consequências.
Seria ótimo que a atual situação obedecesse ao famoso Protocolo.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor