Paraguai: Mais de 25% das terras paraguaias se encontram em mãos de empresários estrangeiros, indicou um relatório da FAO divulgado em Assunção.
O documento inclui a advertência do ex-diretor da agência das Nações Unidas Jacques Diouf, que desde 2007 multinacionais e governos estrangeiros intensificaram a concentração de enormes extensões de terrenos na América Latina, África e Ásia.
"Os latifúndios privados se multiplicam como praga e esta nova forma de conquista neocolonial aumentou nos últimos cinco anos, afetando principalmente os países da América do Sul", acrescentou.
"Arábia Saudita, Kuwait e outros Estado desérticos compram ou alugam terras para cultivar alimentos, enquanto as multinacionais e os grupos financeiros concentram edifícios para lucrar e especular com matérias-primas agroindustriais", afirmou.
No caso específico do Paraguai, os dados indicaram que 1,8 milhões de hectares foram comprados entre 2008 e 2010 por empresários franceses, alemães, brasileiros, portugueses, japoneses e espanhóis.
Esses dados foram fornecidos pelo Centro Paraguaio de Estudos Sociológicos, mas o importante é que, nas últimas duas décadas, as empresas estrangeiras compraram entre nove e 10 milhões de hectares de terras paraguaias.
Isto significa entre 25 e 30% da superfície produtiva do país, uma quantidade enorme em um país onde existe uma tradicional desigualdade na posse da terra e muitas dezenas de milhares de famílias camponesas sem acesso a ela.
Os pesquisadores da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, por suas siglas em inglês) analisam no documento situação similar existente em outros países da região.
Concluíram que a compra de terras destinadas à produção de alimentos afeta grande parte da região e se converte em um importante processo de dominação estrangeira.
Fonte: Prensa Latina