Fábrica em Juazeiro tem capacidade máxima de produção de 4 milhões de machos do Aedes Aegypt estéreis por semana / Crédito: Erasmo Salomão/Blog da Saúde
Fábrica com maior capacidade mundial de produção do mosquito da dengue estéril foi inaugurada em Juazeiro (BA)
O Brasil dará início à produção em larga escala de mosquito transgênico que será utilizado no combate à dengue. No último dia 7, foi inaugurado em Juazeiro (BA) a fábrica com maior capacidade mundial de produção do mosquito da dengue estéril. A confecção do macho do Aedes Aegypt geneticamente modificado será supervisionada pelo Ministério da Saúde. A intenção do governo federal é utilizar tecnologia inovadora criada nacionalmente como opção de controle da dengue em todo o Brasil.
A unidade funcionará na sede da empresa pública Moscamed, especializada na produção de insetos transgênicos para controle biológico de pragas. A capacidade máxima de produção é de 4 milhões de machos do Aedes Aegypt estéreis por semana. Esses mosquitos, liberados no ambiente em quantidade duas vezes maior do que os mosquitos não estéreis, vão atrair as fêmeas para cópula, mas sua prole não será capaz de atingir a fase adulta, o que deve reduzir a população do mosquito a tal nível que controle a transmissão da dengue. Inicialmente, os insetos serão liberados no município de Jacobina (BA), com 79 mil habitantes, que apresentou 1.647 casos de dengue e dois óbitos pela doença no primeiro semestre deste ano. A ação é inédita e considerada a maior liberação de insetos transgênicos de controle urbano do mosquito da dengue.
Com a experiência em Jacobina, uma cidade de médio porte, será possível mensurar a redução da doença na população e verificar a melhor maneira de adaptar o mosquito ao ambiente. A previsão é de que os estudos para medir o impacto, em termos de redução da dengue, levem pelo menos 5 anos. A partir dos resultados, o governo poderá expandir a estratégia para todo o País e, dentro de alguns anos, incorporá-la ao Sistema Único de Saúde (SUS) como um dos mecanismos de combate à doença.
Pesquisa com Aedes Aegypt é realizada desde 2010
O Ministério da Saúde tem acompanhado a pesquisa com o Aedes Aegypt transgênico desde o seu início, em 2010, que começou com a adaptação do mosquito em laboratório na Universidade de São Paulo (USP). Conhecido como Projeto Aedes Transgênico (PAT), o estudo foi desenvolvido em parceria com a empresa britânica Oxitec, que desenvolveu a primeira linhagem do inseto transgênico, adaptando-a, posteriormente, ao ambiente nacional. Em 2011, a Moscamed, reconhecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como entidade de pesquisa, entrou na parceria e deu um salto quantitativo na produção, com 550 mil mosquitos.
A Moscamed foi criada em 2005, e ganhou notoriedade depois de uma experiência bem sucedida de controle biológico no Brasil da chamada "mosca-do-mediterrâneo". Essa praga, conhecida como "bicho da goiaba", também presente em outras frutas, inviabiliza a comercialização delas, causando prejuízos da ordem de US$ 120 milhões por ano para a fruticultura brasileira e mais de US$ 2 bilhões para a fruticultura mundial.
Utilizando a "Técnica do Inseto Estéril", a Moscamed conseguiu reduzir a população desse bicho a níveis abaixo do dano econômico e ampliou o acesso do Brasil ao mercado internacional de frutas, principalmente para os Estados Unidos, Japão e União Européia. A organização foi escolhida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para ser a primeira biofábrica do mundo a utilizar a tecnologia de raios-x para a esterilização de insetos.
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