Adilson Roberto Gonçalves
O rótulo condiz com outra realidade. Os Republicanos norte-americanos sempre estiveram mais à direita do espectro político em relação aos Democratas, não significando que estes sejam algo parecido com a esquerda. Mesmo Bernie Sanders estaria mais para um social-democrata do que para um socialista. Em relação às prévias eleitorais nos EUA, seguem algumas reflexões.
A dissipação da Justiça brasileira (trabalhista, eleitoral, militar, etc) causa dificuldades na jurisprudência e no direito igual a todos. Porém, em relação à justiça Eleitoral, há que se convir que temos instrumentos para coibir ataques à democracia e candidaturas dos que assim agem muito mais efetivamente do que a situação norte-americana. Aqui, o golpista está inelegível, ainda que fomentando crimes pelas ruas e avenidas. Nos Estados Unidos, a Suprema Corte não reconheceu o impedimento do “republicano” Donald Trump, que induziu os ataques ao Capitólio, e que poderá voltar à Presidência. Com a consolidação das primárias na Super Terça, continuamos a ver a preocupante situação que poderá voltar a dar alento à extrema-direita no mundo.
A vitória de Nikki Haley nas primárias dos Republicanos em Washington mostrou que ainda há conservadores que não sejam extremistas nos Estados Unidos. Ainda que em número pequeno, a manutenção dela na corrida presidencial poderia ser uma opção interessante para haver finalmente uma mulher no comando da Casa Branca, caso se confirme a evidente e necessária prisão de Donald Trump e sua inelegibilidade. No entanto, a Super Terça consagrou o ex-presidente como candidato e Nikki Haley já desistiu de concorrer, mesmo não apoiando aquela excrescência. Para o Brasil e para o mundo, varrer a extrema direita do poder já será um alívio.
Nos EUA não há Justiça Eleitoral como aqui. É crucial que se lembre da anistia dada aos militares no Brasil que causaram as atrocidades por duas décadas, impunidade essa que está na origem do extremismo de direita representado pelo bolsonarismo. Apenas para constar que comandar a partir da prisão não seria exclusividade de Donald Trump, caso seja devidamente condenado por uma série de crimes, bastando ver, no Brasil, onde está a maioria dos mandantes do crime organizado.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia Campineira de Letras e Artes, da Academia de Letras de Lorena, do Instituto de Estudos Valeparaibanos e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas