Viva a eterna memória de Ghassan Kanafani!

Por Felipe Mansur*

Há 51 anos atrás, mais precisamente no dia 8 de julho, era assassinado pelo Mossad (a polícia secreta sionista), o grande revolucionário comunista e palestino Ghassan Kanafani.

Kanafani nasceu na cidade de Akka em 9 de abril de 1936. Quando pequeno, a Palestina vivia sob o domínio britânico sob a forma de um Mandato, e que, segundo a palavra dos britânicos, quando o mandato se encerrasse, devolveria a terra aos seus donos. Porém, como podemos ver pela situação atual da Palestina, os britânicos não podem ser conhecidos por cumprir suas palavras.

Logo após a traição britânica, os palestinos foram surpreendidos com mais um duro golpe através da ONU com a promoção da Resolução 181 (o Plano de Partilha de 1947) e o posterior reconhecimento do estado sionista de Israel em 1948. Com isso, Ghassan cresceu em meio a uma geração que soubera que não haveria outra possibilidade senão a luta em todas as vias contra os quatro maiores inimigos da Palestina: Primeiro o estado de Israel, segundo o sionismo mundial, terceiro contra a reação das elites árabes e por último contra o imperialismo.

Ghassan devorara as obras de Marx, Engels, Lênin e Mao Zedong, o que lhe deu uma visão realista e primorosa sobre a questão palestina proporcionando-lhe compreender que a única via possível para a restauração completa da Palestina seria através da revolução que conduziria seu país ao socialismo e ao direito inalienável de sua auto determinação.

Kanafani denunciara a traição dos estratos altos da sociedade palestina, em sua falta de patriotismo quando vendiam suas terras sem pensar duas vezes aos colonos sionistas ou aos britânicos por décadas a fio, jogando assim a cada passo uma pá de cal na luta pela libertação e ainda atuando fortemente contra os trabalhadores.

Denunciou ainda as elites e monarquias árabes que se venderam igualmente ao ocidente. De uma inteligência ímpar e genial, Ghassan expressara isso de inúmeras formas: Por boletins, jornais, panfletos, mas também em livros cercados de uma rica mensagem em forma lúdica em poemas, prosas ou romances. Sendo um dos fundadores da Frente Popular Para a Libertação da Palestina-FPLP, uma organização marxista-leninista armada por livros e fuzis. O que foi  naturalmente o que o tornou um dos maiores inimigos da reação e do sionismo.

Seu Quartel General (QG) estava sediado em Beirute a capital do Líbano. País este que historicamente sempre deu apoio à Palestina. Com um plano construído a conta gotas e com uso de suborno e várias táticas escusas, o Mossad finalmente arquitetou um plano para eliminar o líder palestino, conseguindo realizar esse feito no fatídico 8 de julho de 1972, quando implantaram explosivos em seu veículo, matando assim Ghassan aos seus 36 anos e sua jovem sobrinha, de apenas 17 anos, Lamees Najim.

Assassinaram um homem, mas como disse certa vez o capitão Thomas Sankara, outro mártir:  "Podem matar um homem, mas nunca suas ideias".

Hoje, Ghassan é relembrado por todos os que lutam e anseiam justiça, não só na sagrada e justa causa palestina, mas também na luta de todos os oprimidos do mundo.

E assim pensara e lutara esse grande revolucionário palestino. Viva a eterna memória de Ghassan Kanafani!

* Nesta entrevista icônica por Richard Carleton, Kanafani responde por que parar a luta pela libertação não é uma opção e por que ele se recusou a falar com os líderes israelenses. Assista AQUI: https://lnkd.in/d6tpgzFE.

Felipe Mansur é ativista pelos direitos humanos e ambientais. É especialmente antissionista e apoiador incondicional da justa causa Palestina.


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Felipe Mansur