O cientista político Yevgeny Satanovsky acredita que o mundo árabe, "sendo incapaz de contar com o Titanic do Ocidente naufragado", está revisando suas relações com os Estados Unidos.
De acordo com o cientista político, as relações da Rússia com os países árabes e a Turquia não se cruzam com as relações entre a Federação Russa e Israel. A intriga não é característica da liderança russa em geral, acredita Yevgeny Satanovsky.
"A última coisa que se pode esperar de Putin, Lavrov, Shoygu, ou de qualquer pessoa de nosso estabelecimento superior, é realizar ardilosos esquemas bizantinos de intriga, na esperança de que alguém goste deles. Pelo contrário, Putin escreve sobre todas as esperanças de que ele fará isto ou aquilo", acredita o cientista político.
Em sua opinião, as ações dos Estados árabes em relação aos países ocidentais não estão ligadas a nenhuma declaração que as autoridades russas tenham feito recentemente.
Em particular, eles não apoiaram a exclusão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU porque vêem mudanças globais ocorrendo e não consideram os Estados Unidos como o vencedor claro do confronto emergente. Os árabes acreditam que os americanos querem salvar sua supremacia, seu "Titanic afundando".
"Os árabes não apoiaram tudo isso por uma simples razão. Eles estão revendo suas relações com os Estados Unidos. Eles vêem como o mundo está mudando, e não estão totalmente prontos para contar com o lado obviamente perdedor. Eles são antigos sábios, eles viram muita coisa. Por que eles deveriam embarcar no Titanic afundado"? disse Satanovsky durante um discurso no centro de imprensa do grupo de mídia Patriot.
Muitos analistas no Ocidente compartilham uma opinião semelhante. Por exemplo, Anna Gadel, uma cientista política do Institut Montaigne think tank na França, observou que o estado atual das relações entre os Estados Unidos e os países do Golfo Pérsico se tornou um catalisador. Eles sentem que o equilíbrio de poder mudou, e é preciso se preparar para que os países do Oriente Médio assumam um novo papel nos assuntos mundiais, acredita ela.
"O fato de termos excelentes relações com os Estados Unidos não significa que sejamos seus fantoches que obedientemente cumprem todas as suas ordens. Esse tempo já passou. Temos nossas próprias estratégias e prioridades", observou Abdulkhaleq Abdulla, um cientista político dos Emirados Árabes Unidos, por sua vez.
Anteriormente, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos recusaram-se a aumentar a produção de petróleo a pedido dos Estados Unidos. Washington esperava que desta forma fosse possível compensar as perdas decorrentes do embargo ao petróleo russo.
Enquanto isso, Mohammad Barkindo, Secretário Geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, disse na quarta-feira que a Rússia exporta 7 milhões de barris de petróleo e produtos petrolíferos por dia, e não havia capacidade livre no mundo para substituir tais quantidades.