Os Estados Unidos orquestram uma revolução colorida em Cuba. A Rússia é seguinte nos seus planos.
Este domingo, 11 de julho, nas cidades de Cuba houve protestos contra a escassez de medicamentos e alimentos nas condições da pandemia, quedas de energia.
Os motins começaram na cidade de San Antonio de los Baños, província de Artemis no oeste do país, com os slogans "Abaixo a ditadura" e "Pátria e vida" (em oposição ao slogan de Fidel Castro "Pátria ou morte").
Сhamadas para os protestos surgiram nas redes sociais. Ocorreram em diferentes partes de Havana, assim como nas capitais provinciais de Camaguey, Matanzas, Ciego de Avila e Santiago de Cuba, segundo a agência de notícias EFE.
A Rússia alertou na segunda-feira, 12 de julho, contra qualquer "interferência estrangeira" na crise que abala Cuba-
"Consideramos inaceitável qualquer interferência estrangeira nos assuntos internos de um estado soberano e qualquer outra ação destrutiva que promova a desestabilização da situação na ilha", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.
"Estamos convencidos de que as autoridades cubanas estão tomando todas as medidas necessárias para restaurar a ordem pública no interesse dos cidadãos do país”, acrescentou Moscou, "para acompanhar de perto a evolução da situação em Cuba e seus arredores”.
No comentário ao Pravda. Ru Boris Martynov, o chefe do Departamento de Relações Internacionais e Política Externa Russa do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou disse que a origem destes protestos em Cuba era a mesma que "haviamos visto na Bielo-Rússia" em agosto.
"Há uma guerra híbrida acontecendo no mundo com muito dinheiro envolvido”, disse o especialista.
Segundo ele, a vida em Cuba fica difícil principalmente por causa do bloqueio, que os americanos mantêm desde 1961. Em conexão com as reformas em curso no campo da economia, o abrandamento da censura, surgiram novos canais para financiar vários tipos de forças de oposição, acrescenta o especialista.
Boris Martynov opina que os cubanos querem seguir o caminho da China, aliando a ideologia comunista à economia de mercado, mas ficando próximos dos Estados Unidos agem com cautela.
"Eles estão a trezentos quilômetros dos Estados Unidos e não podem permitir o menor sinal de anarquia, nem mesmo о menor erro de outro tipo — caso contrário, a intervenção começará amanhã. Eles estão fazendo reformas, mas essas reformas visam a Mentalidade cubana, a História cubana e Geografia cubana — isso não deve ser esquecido. Sempre há quem apoiará propositalmente aqueles que permanecem insatisfeitos ", disse Boris Martynov.
Segundo ele, Moscou precisa entender que depois de Cuba os Estados Unidos chegarão à Rússia.
"É preciso ter calma e teimosia, é preciso continuar trilhando o caminho em que estamos e tentar não dar motivos para sentimentos antigovernamentais. Ao mesmo tempo, a Rússia deve sempre responder duramente a todas as" acusações altamente prováveis " vindas do Ocidente. O Ocidente sabia com antecedência sobre o envenenamento de Alexei Navalny como fica claro no relatório da OPCW de 2020. Eles mesmos o organizaram, se tinham sabido de tudo com antecedência? A Rússia engoliu a isca e começou a dar explicações como sempre", disse Boris Martynov.
Cuba vive o bloqueio americano há mais de 60 anos sob um embargo total ao fornecimento de tecnologias e de quaisquer produtos que não sejam de ajuda humanitária. As sanções extraterritoriais permanecem em vigor. Estima-se que isso tenha custado aos cubanos mais de US $ 120 bilhões em receitas perdidas.
Este sábado, Havana registrou o maior número de infecções e mortes por COVID-19 pelo terceiro dia consecutivo: 6.923 casos de infecção e 47 mortes. Devido à pandemia, a maior parte da ilha está sujeita a toque de recolher noturno.
O líder de Cuba, o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista e o presidente Miguel Diaz-Canel instou seus partidários a saírem às ruas e se prepararem para a "batalha".
"Não permitiremos que ninguém manipule nossa situação, não permitiremos que ninguém defenda um plano que não é cubano", disse, o Juventud Rebelde citando-o.
Conforme Diaz-Canel, os Estados Unidos desde o início da presidência de Donald Trump, tomaram medidas para fortalecer o bloqueio à nação-ilha a fim de provocar protestos em massa ali. Os EUA também colocaram Cuba na lista dos patrocinadores do terrorismo.
Segundo o dirigente cubano, os Estados Unidos privaram Havana de duas fontes principais de divisas:
Isso foi feito sob o pretexto da incapacidade dos comunistas cubanos de fornecer bens essenciais ao povo, para estabelecer uma "intervenção humanitária", explicou Diaz-Canel.
Em sua opinião, esta "assistência”, se for permitida, acabará por minar a soberania e a autodeterminação do povo cubano, "como já vimos muitas vezes”.
O presidente cubano acrescentou que as ações dos Estados Unidos aumentaram os problemas relacionados com a compra de recursos necessários ao normal desenvolvimento da economia cubana, com a produção e distribuição de bens e recursos, o que levou a um aumento dos problemas existentes e um descontentamento público em meio à pandemia.
Sabíamos que ninguém nos venderia vacinas, não tínhamos dinheiro para entrar no mercado internacional e comprá-las, então criamos a nossa e começamos a vacinação, disse o presidente.
Diaz-Canel observou que o plano de Washington para destruir Cuba era óbvio sendo comparado com a forma como os Estados Unidos haviam agido com governos leais.
"Por que outros países que passaram pelo pico da pandemia não foram submetidos a ataques da mídia, nem foram forçados a sucumbir à intervenção humanitária para resolver seus problemas? Acho que a história e os fatos mostram quem está por trás de tudo isso, e por que eles estão tentando desencorajar e enganar nosso povo ", disse Diaz-Canel.
"Se eles (os políticos norte-americanos) estão tão interessados em ajudar Cuba e resolver os problemas do país, porque não exigem o fim do bloqueio e da política injusta de genocídio? Que base moral há para sustentar o fato de um governo estrangeiro poder executar essa política em relação a um país pequeno em situações tão desfavoráveis? ”, disse o presidente.
O presidente Alberto Fernández disse que embora "não saiba exatamente a dimensão" dos protestos que estão ocorrendo em Cuba, é necessário "acabar com os bloqueios econômicos, que estão" prejudicando "aquele país e a Venezuela na região.
"Os bloqueios estão causando danos incalculáveis a Cuba e à Venezuela”, disse Fernández sendo questionado durante uma entrevista à Rádio 10, sobre o conflito na ilha caribenha.
O presidente lembrou que nas duas últimas reuniões do G20 pediu "para acabarem com os bloqueios no mundo, porque quando bloqueiam um país bloqueiam uma sociedade, e isso é o menos humanitário que existe".
Por Lyubov Stepushova, Pravda.Ru