45 anos após o 25 de Abril. Que futuro?

45 anos depois, um novo atoleiro económico, político e social. É preciso sair dele.

  

Organizemo-nos, sem pontes com "eles"

  

1 - Há 45 anos vivia-se em Portugal no atoleiro fascista

  

  

2 - Uma transição de 19 meses, até 25 de novembro de 1975

  

1.   pela impossibilidade de gerar uma evolução que conciliasse a ligação económica à CEE com a manutenção das colónias;

 2.   pela impossibilidade de encontrar um bloco social e político suficientemente forte para gerar uma "evolução na continuidade" na dúbia expressão do seu mentor (Caetano); 

 3.   no temor de que uma abertura no sentido da democracia de mercado instabilizasse o país;

 4.   na inviabilidade, com o fim dos "30 gloriosos anos" de pós-guerra, de construir uma estratégia económica alternativa ao modelo exportador ancorado na metalurgia, na química ou na saída de emigrantes para França e Alemanha, com o devido retorno em divisas.

1.  o recém-criado PS, tendo como chefe de fila Mário Soares, com bons contactos com a social-democracia europeia;

2.   a "ala liberal" protagonizada por Sá Carneiro para fazer as devidas ligações com a direita e o poder económico tradicional;

3.   e o PCP/MDP para controlar o movimento social que se seguiu ao golpe de 25 de Abril. Entre os grupos de esquerda, nunca surgiu uma unidade, nem um programa alternativo credível que não o pendor para o controlo das massas, comum ao PCP, aos grupos marxistas-leninistas ou maoistas.

  

3 - A consolidação do regime pós-fascista e do processo de empobrecimento

  

1. Esses primeiros anos de consolidação do actual regime foram anos de recapitalização e modernização do sector nacionalizado, de reconfiguração do aparelho de estado, daí surgindo duas intervenções do FMI para suprir situações financeiras calamitosas (1977 e 1983);

  

2.    Até 1977 observa-se um crescimento dos rendimentos do trabalho acima do PIB e dos rendimentos do capital, a par de uma inflação que chega a ultrapassar 26%;

  

3.   No período que se segue e que termina em 1995, os rendimentos do trabalho evoluem muito aquém do PIB e, sobretudo, muito abaixo dos rendimentos do capital, sacrificados durante as crises; a de 1983/85 foi colmatada com o começo da entrada de fundos comunitários; e outra, em 1993/95 afastou Cavaco da chefia do governo que protagonizou o esbanjamento corrupto daqueles fundos vindos da CEE;

  

4.  Depois de 1995 a evolução dos rendimentos do trabalho acompanha a marcha do PIB, o que deixa de acontecer nas vésperas da intervenção da troika e até ao momento presente;

  

5. Sinteticamente e para todo o período de vigência do regime pós-fascista é fácil definir quais os grupos socioeconómicos que têm beneficiado (ver gráfico abaixo) com esta "democracia";

  

Observem-se, em seguida, alguns indicadores (tendo como base o ano de 2010) que espelham o caráter cleptocrático do actual regime, pós-fascista:

  

IRS

+44%

IVA

+44%

ISP

+51%

juros de mora e compensatórios

+85%

taxas e multas

+100%

Imp. tabaco

-6%

IMI

31%

  

Ganho médio por trabalhador

2010

€ 1075

2017

€ 1133

variação

+5.4%

´

 

Dívida pública

Encargos/habit

2010

€ 173063 M

€ 487

2019

€ 249045 M

€ 819

4 - Como sair do atoleiro empobrecedor e fascizante

  

1. Quem tem capacidade para eleger tem igual capacidade de se candidatar a qualquer eleição;

2.  Em qualquer eleição candidatam-se pessoas e não partidos ou grupos de pessoas;

3.    Qualquer eleito não poderá sê-lo em mais de duas legislaturas;

4.  As candidaturas a um dado nível geográfico (por exemplo, freguesia de residência, concelho de inserção da freguesia, região que englobe o concelho, etc.) estão abertas a todos os residentes nos âmbitos geográficos considerados;

5.   Qualquer eleito pode ser destituído, a qualquer momento, por referendo efetuado junto da população que o elegeu;

6. As campanhas eleitorais são organizadas pelas estruturas públicas da circunscrição geográfica, na mais estrita igualdade, sendo proibida a canalização de fundos privados de apoio específico a um candidato;

7.  Para a formulação de candidaturas, todos os candidatos terão acesso à informação existente nos órgãos da administração pública da circunscrição;

8.   As decisões dos órgãos democráticos são tornadas públicas, sem restrições e com forte penalização para escondidos favorecimentos;

9.  Nas assembleias dos vários níveis geográficos são escolhidos entre os seus membros aqueles que irão desempenhar funções executivas; e que poderão ser destituídos nas instâncias onde foram eleitos ou por referendo popular.

  

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Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey