O papel de Iván Duque no intento de golpe de Estado contra Venezuela

"(Colômbia é) um país que a cada dia me angustia mais, basicamente por um aspecto: a falta de personalidade, sua falta de dignidade. Os colombianos querem se parecer com tudo menos com a Colômbia". Germán Castro Caycedo, Revista Club Diletante, março-abril de 2000.

RENÁN VEGA CANTOR

O que vem sucedendo desde o 23 de janeiro deste ano na Venezuela é extremamente grave, porque se pôs em marcha um golpe de Estado para derrubar a um governo legítimo e legal, com a finalidade de impor um títere incondicional aos Estados Unidos.    

Esse processo não se pode considerar, de nenhuma maneira, que discorra pelas vias normais das relações diplomáticas dos Estados, nem que respeite os princípios de não ingerência nem intervenção nos assuntos soberanos dos países.

O que vemos é a posta em marcha da lumpéndiplomacia, na qual tem jogado um papel central o amo imperial e a quadrilha de Lima, integrada por quatorze governos servis e incondicionais aos ditamens de Washington [com a honrosa exceção do México] e que atuam na contramão dos princípios da independência do continente, sobressaindo por sua lacaiada e prostração o governo de Iván Duque. A isso há que acrescentar o papel servil da União Europeia, começando pela Espanha, como outro bando de colonialistas que creem que ainda estamos no século XVIII.

O chefe da quadrilha

Quando se fala das ações realizadas pela infame Quadrilha de Lima contra a Venezuela, que incita à guerra, ao intervencionismo, que desconhece os mais elementares aspectos da diplomacia e do direito internacional, seus porta-vozes [entre eles, Iván Duque em Colômbia] estufam o peito para falar de sua própria iniciativa para desestabilizar ao governo venezuelano, porém os fatos das últimas semanas indicam que eles são vassalos do verdadeiro chefe da Quadrilha, o imperialismo estadunidense.

E, neste caso, quando se fala de Quadrilha não se está exagerando, porque no atual governo dos EUA se nota a influência dos delinquentes e criminosos do Partido Republicano, que desde a década de 1980 [governos de Ronald Reagan] têm sido os responsáveis pelas agressões a diversos países do mundo, entre os quais se contam El Salvador, Nicarágua, Iraque e Afeganistão, que deixaram milhares de mortos, torturados e desaparecidos.

Entre esses personagens há quatro que exalam morte, destruição e ódio contra a Venezuela, pela ordem:

 

 

 

 

A equipe de Donald Trump para destruir a Venzuela, num plano que marcha desde há vários anos em forma planejada e orquestrada, é um autêntico grupo de criminosos e delinquentes, amparados pelo poder militar e midiático dos EUA.

Essas são as "pombas mansas" que falam de implantar a democracia e a liberdade, denominações que a cada dia é mais claro, querem dizer petróleo e minerais, e das duas a Venezuela tem abundantes reservas.

E esses falcões da morte reconhecem sem rodeios que vão pelo petróleo, como disse Bolton: "Seria uma grande diferença econômica para os EUA se conseguimos que companhias petroleiras norte-americanas participem no investimento e na produção de petróleo da Venezuela. Seria bom para o povo da Venezuela. Seria bom para o povo dos EUA. Há muito em jogo".

De criminosos dessa laia não se pode esperar muita diplomacia, porque em concordância com o capitalismo cada vez mais lumpesco que se implantou nos EUA e no mundo o seu é da lumpendiplomacia. E temos visto isso até a saturação nestes dias, como o mostram algumas pérolas.

Mike Pence, vice-presidente dos EUA, grava um vídeo em 22 de janeiro, um dia antes da marcha do 23, que envia a seus vassalos da oposição venezuelana e foi difundido ao uníssono por mais de 2.000 meios de comunicação a serviço do império, no qual incita ao golpe de Estado na Venezuela, e no mesmo dia em que se difunde o vídeo o fantoche Juan Guadió se autoproclama presidente da Venezuela.

Nessa mensagem não só se desconhece ao presidente da Venezuela como também que chama a organizar um levantamento armado e apoia ao títere de turno que eles escolheram e cujo nome apenas se conhecia.

Esta é uma zombaria ao mais elementar do direito internacional, algo que certamente os EUA não conhecem nem respeitam e que seus acólitos, como o governo de Iván Duque, secundam, se crendo uma potência regional. Este é um fato inaudito de intromissão nos assuntos de um Estado soberano, motivo mais que suficiente para que a Venezuela rompesse relações com os EUA.

A intromissão se faz sem dissimulação e por isso John Bolton declara que "todas as instituições legítimas do Governo venezuelano, particularmente os militares, devem responder a seu novo comandante-chefe", que é Juan Guaidó, porque assim o determinaram os EUA e sua matilha servil.

John Bolton ameaça em enviar 5.000 soldados para a Colômbia e depois assegura que ao presidente Nicolás Maduro se lhe vai levar ao cárcere e centro de torturas que há em Guantánamo, numa exibição de desrespeito como o faz diariamente qualquer patife de baixos fundos.

Por se acaso houvesse dúvidas de lumpendiplomacia, vale considerar o roubo dos ativos por petróleo a Venezuela, mediante as sanções à empresa Citgo Petroleum Corporation, que refina petróleo e comercializa gasolina, lubrificantes e petroquímicos nos EUA e é filial de PDVSA. O montante desse roubo ascende a 11 bilhões de dólares, como reconheceu John Bolton, isto é, que afora tudo isso se orgulham do assalto ao erário de um país.

Ademais desse roubo descarado, anunciam que esses dinheiros serão entregues ao fantoche de turno, para que os administre. Estamos falando de roubo, saqueio, pirataria, assalto, que se realiza ao vivo e em direto e à vista de todos, transmitido pela televisão e pelas redes antissociais, e aplaudidos como uma grande contribuição à democracia e à liberdade na Venezuela.

Esse é um roubo descarado realizado pelo governo imperialista dos EUA e é aplaudido pelos meios de desinformação do mundo que dizem respeitar a propriedade, porém que são os mesmos que se escandalizam quando algum governo da periferia se atreve a tocar na propriedade de uma empresa dos EUA.

Não existe diferença entre este assalto e o que os marines dos EUA perpetraram no Haiti em 1915, pouco antes da ocupação dessa ilha durante vinte anos [1915-1934]. Nessa ocasião, cumprindo ordens de um banco dos EUA e do Departamento de Estado, os marines assaltaram os armazéns do Banco Nacional do Haiti em Porto Príncipe e levaram lingotes de ouro ao território dos EUA e os entregaram aos banqueiros.

- Pelo visto nestes dias, parece que um século depois pouco mudou a história de nosso ultrajado continente.

Donald Trump, quem se supõe é o chefe supremo da quadrilha, se comunica com Juan Guaidó, após reconhecê-lo como presidente e antes de outra marcha da mal chamada oposição na Venezuela.

Isto recorda quando na própria Casa Branca Ronald Reagan recebeu aos talibãs afegãos [torturadores e assassinos] e os apresentou como "combatentes pela liberdade", ao tempo em que os financiava e os armava. Agora Trump chama pelo telefone a quem com antecipação proclamaram como pretenso presidente da Venezuela para felicitá-lo por sua "coragem" e "valentia".

Estes são exemplos da lumpendiplomacia ao estilo imperial, que se mostra como uma luta pela liberdade e pela democracia, claro, a das empresas petroleiras e do capital financeiro, que como abutres estão prontos para cair sobre a Venezuela, para se apropriarem de sua riqueza petroleira e mineral.

É tal a desfaçatez imperial que o governo agredido não tem direito a se defender e, quando Maduro rompe relações com os EUA, a quadrilha de Washington sustenta que não se vão embora da Venezuela e vão permanecer em sua sede diplomática.

Com isto se rompe com uma das mais elementares normas do direito internacional e se regressa à diplomacia das canhoneiras.

- As quadrilhas de Lima e da Europa

Os acontecimentos que se apresentaram depois do 23 de janeiro deixaram em segundo plano a Quadrilha de Lima, um monstrengo pró-imperialista que se gestou com o fim de sabotar ao governo da República Bolivariana da Venezuela, de torpedear a integração latino-americana e de se entregar submissamente aos ditames dos EUA.

Essa quadrilha ficou desmascarada, posto que seu acionar segue um roteiro pré-fabricado e imposto por seus amos desde os EUA, como se comprova com o fato de que cada vez que vão se reunir têm que consultar a alguns dos Mike da Quadrilha de Washington, Pence ou Pompeo, seus verdadeiros chefes.

Das grosseiras atuações da Quadrilha de Lima contra Venezuela, talvez uma das mais miseráveis, por sua ignorante arrogância, foi a de 4 de janeiro deste ano, quando numa resolução de condenação ao governo venezuelano introduziram o artigo 9, onde "manifestam sua profunda preocupação pela interceptação realizada no dia 22 de dezembro de 2018 de uma nave de investigação sísmica, por parte da marinha venezuelana dentro da zona econômica exclusiva da República Cooperativa de Guiana".

Essa torpeza de má-fé não levou em conta que os buques que foram interceptados navegavam em águas jurisdicionais da Venezuela. A torpeza alcançou tal extremo que logo vários países tiveram que se delimitar dessa abusiva intromissão nos assuntos da Venezuela e mais exatamente no relacionado à integração territorial e às disputas fronteiriças e pedirem desculpas ao governo venezuelano.

Porém, com essa torpeza, ficou o antecedente negativo para governos como o de Colômbia, Argentina ou Chile que têm litígios territoriais. Como disse um conhecedor do assunto:

"O artigo 9 da Declaração de Lima de 4 de janeiro nos leva à terrível realidade e à brutal constatação de que o direito internacional americano caiu em mãos de uma tropa de ignorantes que não temem fazer alarde de sua mediocridade para emitir opiniões políticas, agasalhadas em seu caráter de presidentes e tratando de dar um manto jurídico a práticas intervencionistas e belicistas.

Que podem entender de direito internacional personagens como Piñera, Macri, Duque, Varela, Abdo Benítez, Jimmy Morales, Juan Orlando Hernández ou Vizcarra quando passaram parte importante de suas vidas escapando da justiça de seus países, como se evidencia de seus próprios históricos? Assim, como creem que seus países [ordem jurídica incluída] são propriedade deles e das classes sociais que representam, "pretendem que o direito internacional se subordine a seus caprichos e a suas aberrações". [Sergio Rodríguez, "Grupo de Lima: Cuando la ignorancia se pretende convertir en derecho", 17 de janeiro de 2019. Disponível em:

http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/01/17/grupo-de-lima-cuando-la-ignorancia-se-pretende-convertir-en-derecho-opinion/).

À Quadrilha de Lima se somou outra, a europeia, com a participação de personagens tampouco recomendáveis como Pedro Sánchez, presidente do Reino do Governo de Espanha, ou Emmanuel Macron, presidente da França.

Em forma pérfida a União Europeia fixou prazo e deu um ultimato ao governo venezuelano, como se ainda estivéssemos na época colonial e eles pudessem ditar ao mundo o que se lhes dê na telha.

Que pode dizer um indivíduo como Pedro Sánchez que nunca ganhou uma eleição presidencial? [recorde-se que chegou a ser presidente de um Reino, graças a um voto de censura]. E os porta-vozes de Espanha deveriam ficar calados porque em seu interior gravitam assuntos como a independência da Catalunha, que bem poderiam ser apoiadas desde o exterior, a partir da diplomacia intervencionista do "socialista" Sánchez.

E se a lógica intervencionista de Macron se lhe aplicasse à França, se lhe daria o ultimato, por exemplo, de atender as exigências dos Jalecos Amarelos e pedir que um de seus dirigentes seja proclamado presidente, depois de uma manifestação.

Nenhuma autoridade moral têm os velhos impérios europeus, cujos governantes miram com nostalgia seu passado colonialista, para darem um ultimato a um governo latino-americano, só para servir aos interesses dos EUA, e se prostrar como uma semi colônia ianque na Europa. 

- O governo da Colômbia: o pistoleiro do bairro

Porém, como em toda Quadrilha, o gangue de delinquentes ou Bacrim [Bando Criminal], para usar o jargão colombiano, sempre há um aluno avantajado, e esse é o matador do bairro.

E, neste caso, esse funesto papel de matador de bairro contra a Venezuela foi assumido pelo regime do subpresidente Iván Duque [porque o presidente é outro].

Dificilmente se poderia esperar outra coisa das classes dominantes da Colômbia, que têm dado mostras históricas de serem os peões mais baratos e servis dos EUA e se regem pela lógica da diplomacia manipulada, uma manifestação particularmente colombiana da lumpemdiplomacia.

Para começar, os porta-vozes do regime de Duque [como pensam as classes dominantes do país] creem que a Venezuela é um Estado da Colômbia e que ali se deve fazer o que aqui se queira. Por isso, os funcionários de alto escalão, encarregados das relações internacionais, se portam como as marionetes dos EUA, que cumprem ao pé da letra as ordens de seus amos.

Os exemplos que se podem trazer à luz são numerosos, porém só basta mencionar alguns dos mais recentes, para revelar a vergonhosa ingerência do regime de Duque nos assuntos da Venezuela, violando os mais elementares princípios da autonomia e da soberania, consagrados no direito internacional.

- Participação aberta do regime colombiano de Iván Duque nos preparativos do golpe na Venezuela.

O cinismo intervencionista nos assuntos de outro país para servir aos amos imperialistas alcança tais cotas de indignidade em Colômbia que ao jornalistas lhes parece normal que um governo participe abertamente nos planos para derrocar a outro governo vizinho.

Numa nota que se intitula "Assim planejou Colômbia a estratégia contra Maduro" [César Sabogal, El Espectador, 2 de fevereiro de 2019. Disponível em: 
 https://www.elespectador.com/noticias/el-mundo/asi-planeo-colombia-la-estrategia-contra-maduro-articulo-83753) são ditas coisas que vale a pena citar textualmente, pela indecência, prostração e servilismo que isto representa na história latino-americana.

Primeiro, sobre os preparativos do golpe, se reconhece a participação direta do regime de Duque na derrocada do governo constitucional de Nicolás Maduro:

"Desde setembro do ano passado, e em meio ao sigilo, Colômbia, a oposição venezuelana e vários governos gestaram o plano que hoje tem a Nicolás Maduro com um pé fora de de Miraflores. [...] Desde setembro passado, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um tanque de pensamento com sede em Washington, convocou a recalcitrantes opositores de Maduro a pensarem numa Venezuela sem ele, com a convicção de encontrarem a fórmula para traçar o princípio do fim. Apressados, ao encontro semanal [que replicaram outros influentes / think-thanks] acorreram venezuelanos no exílio, funcionários do Departamento de Estado e personagens como William Brownfield, o chanceler do Panamá, a segunda de a bordo do governo canadense e quase todos os embaixadores credenciados ante a Casa Branca. A delegação colombiana trouxe consigo a instrução expressa do presidente Iván Duque de apoiar sem rubor a busca de uma posição de bloco hemisférico para rechaçar, de forma contundente, a proclamação a 10 de janeiro de 2019 de Nicolás Maduro por um novo período".

Segundo, sobre a suposta liderança do embaixador colombiano nos EUA, um uribista recalcitrante, se confessa o seguinte:

"'O embaixador [colombiano, Francisco] Santos liderou toda uma tarefa de advertir ao mais alto nível do Governo e do Congresso [sobre] as graves consequências de não pressionar a saída imediata de Nicolás Maduro. Seu argumento de que, se os EUA não tomassem ações de imediato, a Venezuela de Maduro logo converteria a administração Trump numa Síria com petróleo ou numa Somária suportada no negocio do narcotráfico realmente teve eco', acrescentou a fonte que solicitou anonimato".

Terceiro, a participação de Alejandro Ordoñez, embaixador da Colômbia ante a OEA, na trama do golpe:

"'Ao mesmo tempo, Alejandro Ordoñez, embaixador ante a OEA, convencia os países do Caribe a firmarem a declaração do organismo pedindo a transição. Segundo as mesmas fontes, ademais de receber em seu gabinete em Washington a Juan Guaidó, na primeira semana de dezembro, o diplomata do governo duque conversou telefonicamente em várias ocasiões com Leopoldo López e outros dirigentes da oposição que estão em Caracas para mantê-los a par das gestões e dos contatos que fazia junto com seus colegas da região em prol de somar aliados. Nessa visita, o autoproclamado presidente Guaidó se reuniu com figuras, muito provavelmente o assessor de segurança nacional John Bolton e o senador Marco rubio', explicou Geoff Ramsey, subdiretor para Venezuela de WOLA, um grupo de investigação e defesa dos direitos humanos com sede em Washington".

Quarto, o conhecimento a 22 de janeiro [um dia antes da apresentação pública de Guaidó como "presidente" autonomeado em Caracas] por parte do governo colombiano de Iván Duque do que ia suceder no dia seguinte, num ato conspirativo e terrorista:

"Dentro dos dirigentes políticos venezuelanos da oposição existia o temor de que, uma vez Guaidó se proclamasse presidente, a resposta da comunidade internacional não ia passar de uma formalidade, porém isso ficou desvirtuado na noite de 22 de janeiro, um dia antes de juramentar, porque recebeu importantes chamadas de respaldo, ao mais alto nível dentro do governo dos EUA e de outros da região, e isso lhe deu a força para seguir adiante", contou a *El Espectador* um diplomata sul-americano".

Quinto, o reforçamento por parte do governo colombiano da frente intervencionista da OEA e de seu secretário Luis Almagro, ambos igualmente golpistas, terroristas e responsáveis pelo que se está apresentando e do que venha em Venezuela, com o derramamento de sangue que isso implica. [Nas manifestações de 23 de janeiro se apresentaram vários mortos, que já podem ser atribuídos ao regime de Iván Duque em forma direta]:

"Outra frente na qual a diplomacia colombiana se concentrou foi em acompanhar os esforços do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, para denunciar as arbitrariedades de Maduro. 'O que muda com o novo governo de Duque é que Almagro já não está só em seus chamados contra Maduro. Aqui em Washington as vozes de Almagro eram gritos no deserto, porém com a chegada dos novos enviados de Bogotá começaram a ter eco e a se multiplicar em distintos cenários'".

Sexto, participação permanente do governo colombiano na conspiração contra Venezuela:

"Segundo uma fonte do Departamento de Estado, a representação diplomática colombiana promove encontros frequentes com Mauricio Claver-Caron, diretor de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, 'com quem revisam os avanços e desafios da estratégia'".

Sétimo, elaboração à medida dos EUA de um suposto plano de "ajuda humanitária", liderado pela Colômbia;

"A diplomacia [sic] colombiana também assume a liderança em Washington de impulsar o tema da ajuda humanitária para Venezuela e oferece seu território como corredor humanitário. Segundo Diego Area, diretor associado do Atlantic Council para o caso Venezuela, o papel da Colômbia será fundamental nos próximos 30 dias, pois o seguinte passo será pressionar através do tema da crise humanitária. 'Colômbia deve se estabelecer como corredor humanitário, o que não só levará alívio direto ao sofrimento do povo venezuelano como também uma clara mensagem política, muito perigosa, para Maduro', disse.

'Essa estratégia, que é da Colõmbia, busca pôr mais a Nicolás Maduro contra as cordas. A mensagem é clara: Maduro, ante a grave situação humanitária a que levou seu país, deixe que ingresse ajuda. Se a aceita, está aceitando o fracasso de sua política; porém ao não aceitá-la, recebe o rechaço generalizado da comunidade internacional por agravar a crise na qual está mergulhado seu povo', enfatizou".

Mais claro nem a água e dito por uma fonte absolutamente oficiosa, posto que El Espectador, um diário de propriedade do grupo Santodomingo [um dos verdadeiros donos da Colômbia] o que está é confessando, e com grande regozijo, uma conspiração internacional. A confissão de parte, relevo de provas.

Aí se aprecia a verdadeira catadura do regime colombiano de Iván Duque, terrorista e golpista, no cenário internacional, com sua diplomacia ruidosa, que atuando como o matador do bairro cumpre as ordens de seu amo imperial, pensando que suas ações não vão ter consequências, por aquilo da impunidade imperial.

Ao conhecer notícias como a citada não somente produz indignação como também vergonha, vergonha de ser colombiano. Agora sim, se entende porque na sexta-feira anterior o subpresidente Duque afirmou:

"Hoje é digno de aplaudir o que o mundo está vendo e é que à ditadura da Venezuela lhe restam muito poucas horas porque há um novo regime institucional que se está criando graças ao trabalho que a Colômbia e outros países têm cumprido.

O que não é digno de aplaudir mas sim de condenar é a vulgar ingerência na soberania de outro país, com as consequências desastrosas e sangrentas que isto vai ter, para satisfazer os apetites mais vorazes do imperialismo estadunidense, pensando com o desejo de serviçais incondicionais que vão ficar com algumas migalhas do petróleo venezuelano.

- Emprestar a Embaixada colombiana nos EUA como sede do "Embaixador" designado por Guaidó para os EUA, como continuação do feito desde dezembro, quando a Embaixada Colombiana alojou aos golpistas da Venezuela, que chegaram a receber ordens de Trump. A propósito, uma informação de imprensa é reveladora:

"Fontes diplomáticas em Washington confirmaram a El Espectador que desde inícios de dezembro, enquanto vários governos teciam com filigrana diplomática o novo intento para arrancar Nicolás Maduro do poder, o Governo de Iván Duque pôs sua sede diplomática à disposição dos novos interlocutores de Donald Trump. [...] Carlos Vecchio, designado nesta terça-feira pelo Parlamento venezuelano como novo embaixador da Venezuela ante o governo de Donald Trump, trabalhará 'ombro a ombro', quase de maneira literal, junto ao colombiano Francisco Santos Calderón. E juntos despacharão desde o edifício situado na 1724 Massachusetts Avenue NW, sede diplomática colombiana". [César Sabogal, Embaixada colombiana será sede 'ad hoc' da Venezuela em Washington, El Espectador, 29 de janeiro de 2019. Disponível em: 
https://www.elespectador.com/noticias/el-mundo/embajada-colombiana-sera-sede-ad-hoc-de-venezuela-en-washington-articulo-836776)

Em poucas palavras, o que aqui se revela é a participação ativa do governo colombiano na derrocada do governo de um país vizinho, emprestando sua embaixada para que ali se reúnam os golpistas venezuelanos com seus amos dos EUA e agora, depois da farsa de autonomeação de um fantoche golpista, essa mesma embaixada receba esses golpistas como representantes diplomatas.

À parte de tudo se está recebendo com honras de diplomata a um delinquente, fugitivo da justiça venezuelana e membro do partido de extrema-direita Vontade Popular, instigador direto dos incêndios, saqueios e atentados que foram realizados na Venezuela em 2014 e que deixaram um saldo de 43 pessoas assassinadas.

Esta é a índole de personagens que o governo colombiano acolhe em sua Embaixada nos EUA, o qual não surpreende se se tem em conta que os embaixadores colombianos em Washington, como o atual, também têm um amplo prontuário criminal.

- Aceitar a nomeação de um "Embaixador" do autodesignado Guaidó e recebê-lo de maneira imediata. Esse personagem, Humberto Calderón Berti [experto em temas petroleiros, com um prontuário de corrupção e uma longa trajetória de entrega das riquezas de seu país às companhias transnacionais em épocas da Quarta República], afirmou, sem nenhuma dissimulação, que iam arrancar a Maduro por bem ou por mal e, como bom vassalo dos vassalos, afirmou que:

"O governo colombiano foi muito categórico e em questão de minutos procedeu a meu reconhecimento. Agradeço a ele e me enche de orgulho".

Isto não se pode entender de outra forma que como uma expressão cínica de um sipaio tropical, que se inclina ante outro sipaio do império, como o é Iván Duque.

Bonita lição de democracia e de soberania a que dá Iván Duque; não por algo seus conhecimentos de história são de tal nível que, a primeiro de janeiro deste ano, enquanto se reunia com Mike Pompeo, Secretário dos EUA, para intrigar contra a Venezuela, soltou a pérola de que nossa independência se deve aos pais fundadores dos EUA e evidentemente nunca mencionou a venezuelanos como Simón Bolívar ou Antonio José de Sucre.

- Proibir o ingresso de 200 venezuelanos do governo de Nicolás Maduro ou próximos ao mesmo ao território colombianos, entre eles o do artista Omar Enrique. A propósito deste veto, o diretor de Migração Cristian Krüger afirmou que "esta é uma decisão discricionária e soberana. Não vamos permitir que pessoas que fizeram tanto dano a nossos irmãos venezuelanos passeiem por nosso país sem lhes importar as consequências de seus atos. Essas pessoas violaram os Direitos Humanos do povo venezuelano e é hora de que paguem as consequências de seus atos".

Que exemplo de soberania e independência, isso, sim, contra o país vizinho, contra o qual se conspira e se encurrala, recorrendo à violência, às mentiras, às intrigas e ao terrorismo, como se faz desde Colômbia em forma direta pelo regime de Iván Duque. Se isto se aplicasse na realidade, os primeiros que não poderiam entrar no território colombiano serão os membros da Quadrilha de Lima e os terroristas que dirigem os destinos dos EUA, todos eles violadores dos direitos humanos e responsáveis pelos crimes de lesa-humanidade.


Conclusão

Os graves acontecimentos da Venezuela dos últimos dias, entre os quais se destaca o golpe de Estado impulsado diretamente pelos EUA, e erguidos por seus lacaios latino-americanos e europeus e no qual intentaram pôr a seu serviço como presidente da Venezuela a um desconhecido títere de última hora, um tal Juan Guaidó, um fantoche que relembra os piores momentos de ingerência imperialista, de de prostração das classes dominantes da América Latina [tipo Carlos Castillo Armas na Guatemala de 1954, Augusto Pinochet no Chile de 1973 ou Guillermo Endará na Panamá de 1989].

Esse golpe de Estado conta com uma equipe de propaganda a nível mundial, com os grandes meios de desinformação massiva à frente, que se replicam em cada país e que querem nos fazer crer que o que se está apresentando na Venezuela é um retorno à "democracia" e à "liberdade", quando o que está em jogo é a imposição de um regime criminal, ao estilo das ditaduras de "segurança nacional" das décadas de 1960 e 1970.

Para fazer possível esse projeto de reconquista imperialista na Venezuela, os EUA contam com o apoio irrestrito da quadrilha de Lima, chamá-la de Cartel é algo muito refinado para testas de ferro de tão pouca monta, à frente da qual se encontra o regime de Iván Duque em Colômbia, cujas vergonhosas atuações trazem à luz a catadura das classes dominantes deste país, sempre servis aos interesses do imperialismo estadunidense.

O sangue que corra na Venezuela e o sofrimento de seus habitantes vão ser responsabilidade direta do regime colombiano e isso já ninguém pode ocultar nem negar.

Tradução > Joaquim Lisboa Neto


Gráfica.- O presidente de Colômbia, Iván Duque e o almirante Kurt Tidd





Fuentes:
https://www.kavilando.org/lineas-kavilando/conflicto-social-y-paz/6654-el-amo-imperial-la-pandilla-de-lima-y-la-lumpendiplomacia
https://www.lahaine.org/mundo.php/el-amo-imperial-la-pandilla

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey