17 de Novembro de 1975 o escamoteamento de uma data

17 de Novembro de 1975 o escamoteamento de uma data

 

17 de Novembro de 1975, a maior manifestação da história dos Açores. Manifestação abrangente a todo a arquipélago açoriano. Dia em que acreditávamos, se ia proclamar a independência dos Açores. Se alcançado esse sonho, hoje, estaríamos a celebrar o XLIII aniversário da Pátria Açoriana. Sonho traído por quem incumbido da proclamação unilateral da nossa maioridade como Povo, recuou quanto ao prometido aos seus pares.

Ainda hoje perguntamos o que sucedeu... pois, ao nosso 17 de Novembro, deve Portugal, o seu 25 do mesmo mês com a intervenção do chamado "Grupo dos Nove" que libertou o rectângulo Luso de uma guerra civil, derrotando os SUV (Soldados Unidos Vencerão) grupo apologista de uma República Popular.

De uma manifestação, reivindicativa de apoio à junta regional, contra o governo de Lisboa e pelo referendo, extravasou mais uma vez o grito de Liberdade, Independência e de intimidação traduzida no slogan "Lisboa escuta... os Açores estão em luta" ouvidos, cinco meses antes. Quer o 6 de Junho   quer o 11 de Novembro de 1975, são projectados e organizados pelo PPDA, não podendo esquecer que, os movimentos independentistas dos quais se destacava a FLA, participavam quer na sua organização quer na sua execução. De referir que no 17 de Novembro, o CDS teve parte importante com forte empenho do seu Secretário Geral da altura que apontava à realização de um referendo. Não excluir de qualquer das duas manifestações, a participação de muitos açorianos de simpatia e filiação partidária socialista. O que se depreendia que "Os Açores em primeiro".

Como em tudo que movimenta massas, foram diversos os "ses" com que se depararam aos mentores do "17 de Novembro". Foram eliminados pela certeza de uns quantos, que a data mereceria referência no futuro.

Hoje queremos afirmar: - o 17 de Novembro de 1975, confirmou a autenticidade do querer do Povo Açoriano manifestado no "6 de Junho", quanto à libertação do poder centralista e colonizador de Lisboa. Portugal sempre usou e continua a usar os Açores conforme as suas conveniências. Ao 17 de Novembro de 1975,  (aqui referido seis vezes)  nunca será de mais recordá-lo e, afirmar que, poderia ter sido o "corolário" o resultado positivo para a concretização efectiva da divisa que os Açores ostenta no seu Brazão  datada  13 de Fevereiro de 1582 e que reza "«ANTES MORRER LIVRES, QUE EM PAZ SUJEITOS», livrando-nos da ostentação  do símbolo colonialista, aposto na nossa Bndeira.

Da Autonomia Política/Administrativa, advinda desses dois eventos aqui referidos, que contruída de forma subterfugia, ardilosa, não passa de um documento mentiroso como é a própria Constituição que o arquiva.  

Lamentamos que "tantos" e, (são muitos) que vimos na rua, gritar a intenção emancipadora do Povo a que dizem pertencer, se tivessem deixado vender por um "tacho", por uns subsídios, por uns convites de circunstância numa posição de subserviência, servindo o poder de ocasião instituído. Disseram e dizem-se independentistas. Convenientemente assumem-se autonomistas. Numa época jogam num clube e noutra mudam de camisola. Pobres criaturas... são tantas infelizmente.

 São eles que tendo participado activamente no 17 de Novembro de 1975, tentam escamotear a data e o seu significado. Quem sabe, se um dia a exemplo do "filho pródigo" não regressarão?

Se o 17 de Novembro de 1975, não tivesse encontrado uma série de "pedregulhos" no seu caminho, até à proclamação da Constituição gerada pela então Assembleia Constituinte e, ao consentimento da humilhante autonomia concedida pela mesma, não estaríamos sujeitos:

Ao desaparecimento das nossas companhias de navegação, um banco e uma companhia de seguros de implementação internacional, o desmantelamento de um tecido económico industrial. possuidor de fortes empresas geradoras de trabalho e capital (são vários os exemplos). À proliferação de incompetência e do compadrio, dum tecido político familiar de amigos para amigos, exemplificado no quadro partidário de um país rico em escândalos e corrupção. À volta de um colonialismo assoberbado no "roubo" do que nos pertence, o Mar e suas profundezas, o espaço aéreo, a utilização da nossa situação geoestratégica e por aí adiante. O silenciar da nossa voz e a transmissão da nossa imagem para o mundo (o sequestro da RTPA) Exemplos são tantos, atente-se ao aumento das visitas dos "inspectores do cacimbo" são eles: - Ministros, Secretários de Estado, Directores Gerais etc. etc. Da necessidade de manter uma caterva de generais/almirantes e quejandos, com a acção psico social de presença a exemplo do então sucedido nas colónias, ditas de províncias ultramarinas e, para terminar: a bofetada que nos veio dar "dentro portas" o senhor Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Digníssimo Presidente da República Portuguesa no dia 9/10 de Junho p.p. com  a afirmação do "aqui também é Portugal " ostensivamente demonstrada com a força militar que se fez acompanhar e a  "esconjuração" dos símbolos açorianos (a sua Bandeira e o seu Hino).

                                                                   "Quando um povo se ergue à altura

                                                                     Da sua nobre missão,

                                                                     Põe na Carta d'Alforria

                                                                     A mais nobre aspiração."

  

                                                                  (Da primeira letra do Hino Autonomista 1894)

 

José Ventura

2018-11-15

Por opção o autor rejeita o acordo ortográfico         

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey