Fidel: Ele nos ensinou que não há impossíveis
Fidel e Raúl no Palácio Presidencial, janeiro de 1959. Foto: Arquivo do Granma
Em cada discurso do general-de-exército, Raúl Castro Ruz, o mesmo nome é repetido várias vezes: Fidel. 92 anos após o nascimento do Comandante-em-chefe, o Granma Internacional compartilha algumas ideias do primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba sobre seu irmão de vida e luta, expressas em várias intervenções públicas
Por: Raúl Castro Ruz | internet@granma.cu
FIDEL dedicou toda a sua vida à solidariedade e liderou uma revolução socialista «dos humildes, pelos humildes e para os humildes», que se tornou um ícone de luta. Ele nos ensinou a sempre recorrer à história, a ser ousados e ao mesmo tempo realistas, e o que parece impossível pode ser alcançado se nos propusermos e agirmos de maneira consequente.
Ele nos deixou seu exemplo imperecível, seu otimismo inabalável e sua fé na vitória, mesmo nos momentos mais difíceis da Revolução.
Sua autoridade e seu relacionamento íntimo com o povo foram decisivos para a resistência heróica do país nos anos dramáticos do chamado 'período especial', por exemplo, quando o Produto Interno Bruto caiu 34,8% e a dieta dos cubanos deteriorou-se sensivelmente. Blecautes de 16 e até de 20 horas por dia, e uma grande parte da indústria e dos transportes públicos paralisados. Apesar disso, conseguimos preservar a saúde pública e a educação para toda a nossa população.
Vêm à minha mente as reuniões do Partido efetuadas nos territórios: no oriental, na cidade de Holguín; no central, na cidade de Santa Clara, e no ocidental, na capital da República, Havana, realizada em julho de 1994, para discutir como enfrentar com maior eficiência e coesão, os desafios do 'período especial', o crescente bloqueio imperialista e as campanhas da mídia, encaminhadas a semear o desânimo entre os cidadãos.
Dessas reuniões, incluindo a do Ocidente, presidida por Fidel, todos nos saímos convencidos de que, com a força e a inteligência das massas unidas em torno da liderança do Partido, o 'período especial' poderia e acabou se convertendo em uma nova batalha vitoriosa na história da Pátria.
Então, poucos no mundo apostaram em nossa capacidade de resistir e superar as adversidades e o cerco inimigo reforçado. Contudo, nosso povo, sob a liderança de Fidel, deu uma lição inesquecível de firmeza e lealdade aos princípios da Revolução.
O FILHO MAIS ILUSTRE DE CUBA NESTE SÉCULO
Ao recordar esses momentos difíceis, julgo justo e pertinente retomar o que eu disse sobre Fidel, em 26 de julho de 1994, um dos anos mais difíceis, na Ilha da Juventude, quando afirmei que «é... o mais ilustre filho de Cuba neste século, aquele que nos mostrou que poderíamos tentar conquistar o quartel Moncada; que a derrota poderia ser transformada em vitória». Assim conseguimos em cinco anos, cinco meses e cinco dias, aquele glorioso 1º de janeiro de 1959.
Aqueles que tivemos o privilégio de combater a tirania sob o comando de Fidel, desde o Moncada, o Granma, o Exército Rebelde, a luta clandestina e até hoje sentimos, junto com o heróico povo de Cuba, profunda satisfação pela obra consolidada da Revolução, o mais belo trabalho que fizemos e somos tomados pela felicidade legítima e serena confiança de ver com os nossos próprios olhos a transferência para as novas gerações da missão de continuar a construção do socialismo e assim garantir a independência e soberania nacional.
Naqueles anos, ele nos mostrou que poderíamos chegar às costas de Cuba no iate Granma; que sim poderíamos resistir ao inimigo, à fome, à chuva e ao frio, e organizar um exército revolucionário na Serra Maestra depois do desastre de Alegría de Pío; que sim poderiam ser abertos novos fronts guerrilheiros na província de Oriente, com as colunas de Almeida e a nossa; que sim era possível derrotar com 300 fuzis a grande ofensiva de mais de 10 mil soldados, os que ao serem derrotados, tal como escreveu Che Guevara em seu Diário de Campanha, com essa vitória foi quebrada a coluna vertebral do exército da tirania; que a epopeia de Antonio Maceo e Máximo Gómez poderia se repetir, estendendo com as colunas de Che Guevara e Camilo Cienfuegos a luta do leste ao oeste da Ilha; que com o apoio de todo o povo, podia ser derrotada a tirania de Batista, apoiada pelo imperialismo norte-americano.
Fidel nos ensinou que poderia ser derrotada em 72 horas e em muito menos, a invasão mercenária de Playa Girón e continuar, ao mesmo tempo, a campanha para erradicar o analfabetismo em um ano, como foi alcançado em 1961.
Que era possível proclamar o caráter socialista da Revolução, a 90 milhas do império, e quando seus navios de guerra avançavam em direção a Cuba, depois das tropas da brigada mercenária; que os princípios inalienáveis de nossa soberania poderiam ser firmemente mantidos sem temer a chantagem nuclear dos Estados Unidos nos dias da Crise dos Mísseis, em outubro de 1962.
Que se poderia enviar ajuda solidária a outros povos irmãos, que lutavam contra a opressão colonial, a agressão externa e o racismo.
Que sim, poderiam ser derrotados os racistas sul-africanos, salvando a integridade territorial de Angola, forçando a independência da Namíbia e golpeando com força o regime do apartheid.
Que Cuba podia ser convertida em uma potência médica, reduzindo a mortalidade infantil às taxas mais baixas no Terceiro Mundo, primeiro e depois no mundo rico; porque neste continente, pelo menos, temos menos mortalidade infantil de crianças menores de um ano do que o Canadá e os próprios Estados Unidos e, por sua vez, aumentamos consideravelmente a expectativa de vida de nossa população.
Que Cuba se poderia transformar em um grande pólo científico, avançar nos campos modernos e decisivos da engenharia genética e da biotecnologia; inserirmo-nos na reserva fechada do comércio internacional de medicamentos; desenvolver o turismo, apesar do bloqueio dos EUA; construirmos aterros no mar para tornar Cuba um arquipélago cada vez mais atraente, obtendo de nossas belezas naturais uma renda crescente de moeda estrangeira.
Que podíamos resistir, sobreviver e desenvolver-nos sem renunciar aos princípios ou às conquistas do socialismo no mundo unipolar e onipotente das transnacionais, que emergiram após o colapso do bloco socialista da Europa e a desintegração da União Soviética.
O ensinamento permanente de Fidel é que é possível que o homem seja capaz de superar as condições mais duras se sua vontade de vencer não falhar, ele fez uma avaliação correta de cada situação e não renunciou aos seus princípios justos e nobres.
Depois do desastre da primeira batalha, em Alegría de Pío, ele nunca perdeu a fé na vitória, e 13 dias depois, já nas montanhas da Serra Maestra, reunindo sete fuzis e um punhado de combatentes, exclamou: «Agora ganhamos a guerra!».
Nenhum daqueles que tivemos o privilégio de lutar poderia sonhar que estaríamos vivos num dia como hoje, com um país livre, independente e soberano, uma revolução socialista no poder e um povo unido, pronto para defender o trabalho realizado, fruto do sacrifício e o sangue de várias gerações de cubanos.
Hoje, 65 anos depois do Moncada, com a independência já conquistada e a presença permanente de Fidel entre nós, podemos afirmar que não importa quão difíceis sejam as circunstâncias, por maiores que sejam os desafios, nosso povo defenderá sua Revolução Socialista para sempre. A história mostrou que sim, era possível, sim, pode ser feito e sempre será possível!
O melhor monumento aos seus ideais e seu trabalho é tornar realidade todos os dias os postulados contidos em sua brilhante definição do Conceito de Revolução, que tornou público em 1º de maio de 2000, e que milhões de cubanos subscreveram no âmbito das atividades organizadas para prestar um merecido tributo àqueles que nunca decepcionaram seu povo, e que, conforme expresso no discurso premonitório, proferido em 8 de janeiro de 1959, ao chegar à capital, no acampamento militar conhecido por Columbia, hoje Cidade Liberdade:
«A alegria é imensa, mas ainda há muito a fazer... não imaginemos que a partir de agora tudo seja mais fácil, talvez a partir de agora tudo fique mais difícil».
FONTES:
Discurso proferido na cerimônia política em tributo póstumo ao Comandante-em-chefe da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz, na praça major-general Antonio Maceo Grajales, em Santiago de Cuba, em 3 de dezembro de 2016.
Discurso proferido no encerramento da 8ª Sessão Ordinária da Assembleia Nacional do Poder Popular na 8ª Legislatura, no Palácio das Convenções, em 27 de dezembro de 2016.
Discurso proferido na 14ª Cúpula Extraordinária da ALBA-TCP, em Caracas, Venezuela, em 5 de março de 2017.
Discurso de encerramento da Sessão Constituinte da 9ª Legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular, no Palácio das Convenções, em 19 de abril de 2018.
Discurso proferido na cerimônia central do 65º aniversário do ataque aos quartéis Moncada e Carlos M. de Céspedes, na cidade-escola 26 de Julio, Santiago de Cuba, em 26 de julho de 2018.
http://www.patrialatina.com.br/fidel-ele-nos-ensinou-que-nao-ha-impossiveis/