Marina Silva, os bagres do rio Madeira, Aécio e a CIA
Seu nome é Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima. Diga mesmo: não parece nome de quem nasceu em berço de ouro?! Pois é, mas não foi, não! Ela nasceu numa colocação chamada Breu Velho, no seringal Bagaço, lá no Acre.
por Fernando Soares Campos(*)
Quando ela tinha 15 anos, vivia triste, acabrunhada. Ainda não sabia ler. As revistas que chegavam por lá eram algumas fotonovelas, como Capricho, Destino e outras jornalísticas bem antigas, que o homem do barracão comprava aos fardos em Rio Branco e usava para embrulhar mercadoria. Ele até emprestava algumas daquelas publicações a pessoas como Marina, ainda analfabeta, que apenas apreciava as fotos; mas, às vezes, aparecia alguém para ler a fotonovela, as propagandas e os causos.
Marina chegou a pensar em ser freira. Para ela, seria melhor viver num convento do que naquele fim de mundo. Foi, então, que adoeceu. Todos pensaram que fosse malária, mas era hepatite. Levaram-na para a capital. Lá em Rio Branco, o bispo se compadeceu dela e a acolheu na casa das irmãs Servas de Maria. Foi aí que Marina começou a participar do curso de alfabetização do Mobral e, dedicada, aprendeu a ler e escrever. Alguns dos seus seguidores não gostam de dizer que ela foi beneficiada pelo programa de alfabetização da ditadura militar, mas... fazer o quê?! Para eles, infelizmente, essa é a verdade. Entretanto também pode-se dizer que ela foi vítima da ditadura, basta ver as condições paupérrimas em que ela vivia naquele tempo, morando com seus sete irmãos (eram dez, três morreram) em uma palafita no meio da floresta amazônica. Aos dez anos, ela precisou trabalhar no seringal para pagar uma dívida que a família contraiu com o patrão. Era um trabalho análogo à escravidão.
Marina foi levada à atividade política e social pela Igreja Católica, mas descobriu que no movimento evangélico-protestante teria mais chances de se projetar. Basta ver que os neopentecostais cresceram muito, as bancadas deles nas assembleias legislativas e no Congresso são muito fortes. Bom, mas foi com a ajuda da Igreja Católica aprendeu a ler, escrever e acabou se formando em uma faculdade. Na sua página da Wikipédia omite o nome do PT quando fala de suas eleições; deixa apenas a sigla PT quando se refere à eleição que perdeu. Isso deve ser coisa desses meninos metidos a marqueteiros. Mas não tem como negar, todo mundo sabe que ela chegou onde chegou foi montada no PT.
Em 1988, foi a vereadora mais votada do município de Rio Branco, conquistando a única vaga da esquerda na Câmara Municipal. PT.
Em 1990, candidatou-se a deputada estadual, pelo PT, claro, e obteve novamente a maior votação.
Em 1994, foi eleita senadora da República, pelo PT do seu Estado, com a maior votação que um senador do Acre já recebeu, enfrentando uma tradição de vitória exclusiva de ex-governadores e grandes empresários do Estado.
O PT foi tudo para Marina na política, basta dizer que foi Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores, de 1995 a 1997. Mas a glória veio mesmo foi com a eleição de Lula em 2003.
Com Luiz Inácio Lula da Silva eleito para a Presidência da República, Marina foi nomeada ministra do Meio Ambiente. Deus do Céu! Vocês nem imaginam com o que ela, a partir daí, começou a sonhar! Imaginam?! Pois é, acertaram! Isso mesmo, se Lula chegou lá, por que ela não chegaria, não é mesmo?!
Marina tinha um trabalho reconhecido mundo afora. Ela garante que fez muito, mas muito mesmo, quando foi ministra do Meio Ambiente. Governo nenhum havia feito nem a metade do que ela diz que fez como ministra do governo Lula. Ah! eu ia esquecendo: ela é ativista em defesa do meio ambiente desde aqueles tempos em que lia Capricho, Sétimo Céu, Contigo... Ela ligava o radinho de pilha e ouvia Roberto Carlos cantando: "Seus netos vão te perguntar em poucos anos pelas baleias que cruzavam oceanos...". São muitas emoções!
Enquanto foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula, criou áreas protegidas na floresta amazônica. Foram delimitados 24 milhões de hectares verdes, coisa nunca antes ocorrida na história deste país. Seu trabalho foi tão bom, mas tão bom, que o mundo todo reconheceu. Ela até ganhou prêmios. Já em 1996, ainda como Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores, recebeu o Prêmio Goldman do Meio Ambiente pela América Latina e Caribe, nos Estados Unidos. Em 2007, por meio da Medida Provisoria 366, pela força de Lula, conseguiu desmembrar o Ibama e repassar a gestão das unidades de conservação da natureza no âmbito federal para o Instituto Chico Mendes. Também em 2007, recebeu o maior prêmio das Organização das Nações Unidas na área ambiental, o Champions of the Earth (Campeões da Terra), concedido a seis outras personalidades: o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore; o príncipe Hassan Bin Talal, da Jordânia; Jacques Rogge, do Comitê Olímpico Internacional (COI); Cherif Rahmani, da Argélia; Elisea "Bebet" Gillera Gozun, das Filipinas, e Viveka Bohn, da Suécia. Em 1º de abril de 2009 (primeiro de abril, mas não é brincadeira do Dia da Mentira, não!), ganhou o prêmio norueguês Sofia, de 100 mil dólares, por sua luta em defesa da floresta amazônica. Tudo ainda pelo seu trabalho como ministra do governo Lula. A própria fundação que lhe concedeu o prêmio informou: "Ela reduziu o desmatamento na Amazônia para níveis historicamente baixos, 59%, de 2004 a 2007". Áreas enormes foram conservadas, enquanto esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente. Mais de 700 pessoas foram presas por atividades ilegais na floresta, mais de 1.500 empresas foram fechadas, e equipamentos, propriedades e madeira ilegal foram apreendidos. É isso aí, gente! Porque a Polícia Federal e o Ibama no governo Lula não dormiam!
Também se preocupou com as populações indígenas. E, mesmo tendo saído do governo, tudo que fez ainda repercute. Em 10 de outubro de 2009, recebeu o prêmio Mudanças Climáticas, oferecido pela Fundação Príncipe Albert II de Mônaco. Foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Enfim, o PT e o governo Lula foram tudo para Marina Silva.
Ela acreditava que era o xodó do governo Lula e do Partido dos Trabalhadores, portanto já sonhava com a Presidência da República. Afinal, se Lula chegou lá, por que aquela não seria a sua vez?
Foi aí que lhe ocorreu a maior decepção de sua vida! Foi quando ela descobriu que o verdadeiro xodó do governo e do PT era outra mulher! Quer dizer, ela poderia até continuar sendo a queridinha, a namoradinha do Brasil, como a Regina Duarte foi por muitos anos. Mas a outra... a outra, que ela nem gosta de pronunciar seu nome, foi a escolhida. A outra, uma mulher considerada quase tão braba quanto a Heloísa Helena, foi a escolhida. E Marina, que se considerava um doce de criatura, a candura em pessoa, tinha que se contentar com um ministeriozinho? "Ah, mas nem morta!"
A outra, com suas obras faraônicas, com aquela pose de executiva, ares de administradora, teria sido a escolhida. "Uma mandona! Isso, sim!", resmungava Marina.
Foi então que surgiu uma oportunidade de Marina se vingar da ingratidão do governo Lula. Ela disse não ao projeto de construção de uma hidrelétrica no rio Madeira. "Não!", disse ela, assim, na lata: "Não! Ninguém vai atrapalhar o amor dos bagres! Os bichinhos também são filhos de Deus. E tá lá na Bíblia: 'Crescei e multiplicai'!"
"Eu não podia continuar num governo tão ingrato como aquele!", resmungava Marina. Ela pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente e voltou para o Senado. Desfiliou-se do PT, foi para o PV do Gabeira. Este, sim, ex-petista, já foi até ex-verdista, voltou pro PV, ex-guerrilheiro, ex-candidato a prefeito do Rio, ex-político mais honesto do país, eleito pela ex-revista Veja. Gabeira também foi torturado pela repressão nos tempos da ditadura, enquanto ela era alfabetizada pelo Mobral e queria ser freira; mas Gabeira não queria ser presidente da República, ele sabia que aquela era a vez de Marina... Até o tucano Serra apoiou Marina. Serra é seu amigo de longa data! Ela nunca disse isso antes porque pegaria mal. Mas acabou confessando que Serra é seu amigo do peito: "Serra e eu somos amigos pessoais há muitos anos!"
Marina renunciou à sua vocação para o celibato, desistiu de ser freira para virar vereadora, deputada, senadora, ministra, celebridade política... Sacrificou-se! Viajou mundo afora, cumprindo exaustivos compromissos com chefes de estado, nobreza, imprensa, universidades. "Depois de todo esse sacrifício, o ingrato do Lula indica a... outra, para a Presidência da República."
Foi por isso que Marina botou o pé na estrada em busca do reconhecimento da nação. E até hoje ainda vende (epa!) sua imagem de boa moça, ativista, ambientalista, defensora dos bagres fracos e oprimidos.
Em 2014, Marina topou ser vice de Eduardo Campos, candidato a presidente da República. Registraram a chapa. Em agosto daquele ano, Eduardo Campos morreu em acidente aéreo, e Marina foi elevada à cabeça da chapa. Porém ficou pra trás no primeiro turno e continuou seu projeto de vingança: não apoiou... a outra, a candidata do partido que foi tudo em sua carreira política, o PT, preferiu apoiar o tucano Aécio Neves. Mas se dissermos que os tucanos nunca fizeram nada pela Marina, talvez estejamos falando uma inverdade. Antes de formular qualquer opinião nesse sentido, seria bom ler o seguinte artigo: Eleições no Brasil: Marina Silva e a CIA-EUA é "caso" antigo, por Nil Nikandrov, Strategic Culture - Título original: "CIA-Supported Candidate Runs for Presidency in Brazil"- Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu, na redecastorphoto, sexta-feira, 12 de setembro de 2014.
Trechos:
A CIA fez contato com Marina Silva. Não por acaso, em 1985 ela alistou-se no Partido dos Trabalhadores (PT), o que lhe abriu novas possibilidades de crescimento político.
Em 1994, Marina Silva foi eleita para o senado brasileiro, com fama de ativista apaixonada a favor da proteção ao meio ambiente. Foi quando começaram a circular informações sobre laços entre Marina Silva e a CIA. Em 1996, ela recebeu o Goldman Environmental Prize. [1] E recebeu inúmeras outras importantes condecorações: é praxe, quando se trata de "candidatos" que a CIA tem interesse em promover, que o "candidato" seja coberto de medalhas e condecorações.
(...)
Dia 13 de agosto de 2014, a campanha eleitoral presidencial no Brasil foi lançada em área de incerteza, quando um jato que conduzia o candidato do partido socialista [artigo "Marina Silva, George Soros... e mais um suspeito acidente de avião", por Wayne Madsen,Strategic Culture. Título original: "Another Suspicious Plane Crash in Latin America Bolsters American and Globalist Interests". Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu], " Eduardo Campos, tombou sobre bairro residencial de Santos, próximo de São Paulo. Morreram o candidato e seis outras pessoas, passageiros e da tripulação, no acidente que pode ter acontecido por causa do mau tempo, quando o Cessna preparava-se para pousar. As mortes geraram uma onda de comoção nacional, que provavelmente evoluirá para especulações sobre o efeito que terão nas eleições do próximo 5 de outubro de 2014. A presidenta Rousseff declarou três dias de luto oficial por Campos, ex-ministro do governo do presidente Lula. A aeronave passara por manutenção técnica regular e nenhum problema foi detectado. De estranho, só, que o gravador de vozes da cabine do avião não estava operando, o que gerou suspeitas. O gravador operara normalmente e gravara várias conversações na cabine, mas nada gravou no dia da tragédia. O avião já passara por vários proprietários (empresários norte-americanos e brasileiros, representantes de empresas de reputação duvidosa), antes de chegar à campanha dos candidatos Eduardo Campos e Marina Silva.
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Em 2011, foi anunciado que a editora Mundo Cristão fechou contrato com a Cineluz Produções, da cineasta Sandra Werneck, cedendo os direitos de adaptação do livro [biográfico, da vida de Marina] em filme. O longa-metragem está em projeto e a produção não tem data definida para iniciar as filmagens, porém estava previsto para que fosse rodado em 2012. Em 2014, Werneck divulgou que as filmagens foram adiadas pela falta de patrocínios [extraído do verbete Marina Silva, na Wikipédia].
Parece que nem a amiga Neca, herdeira do Banco Itaú, topa bancar a produção do filme. Neca, que fazia jorrar milhões para as campanhas eleitorais de Marina, passando a sacola nos chás das cinco e saraus promovidos pela Liga das Senhoras Quatrocentonas das Mansões dos Jardins Paulistanos.
Tá desprestigiada, miga da migona!
Tá cada vez mais down no high society.
(*)Fernando Soares Campos é escritor, autor de "Fronteiras da Realidade - contos para meditar e rir... ou chorar" - Chiado Editora - Portugal - 2018.