EUA: O brontossauro militar
Os tempos mudaram e os EUA não podem mais projetar seu poder militar como no Iraque. Esses dias acabaram
Pelos últimos 500 anos, as nações europeias - Portugal, os Países Baixos, Espanha, Grã-Bretanha, França e, por menos tempo, a Alemanha - conseguiram saquear todo o planeta, projetando o próprio poder naval sobre os mares e oceanos. Dado que grande parte da população mundial vive ao longo dos litorais, e muita gente comercia por água, navios armados que chegavam de repente, vindo ninguém sabia de onde, conseguiam pôr populações locais à mercê das próprias armas.
Um brontosauro militar financeiramente devastador
As armadas podiam saquear, impor tributos, punir o desobediente, e na sequência usavam os saques e os tributos para construir mais navios para aumentar o alcance dos respectivos impérios navais. Assim foi possível que um país pequeno, com poucos recursos naturais e poucas vantagens locais nativas, além de intolerância extrema e grande quantidade de doenças contagiosas, dominasse o planeta por meio milênio.
O herdeiro derradeiro desse projeto imperial naval são os EUA, que, com a nova adição de poder aéreo, e com sua enorme frota de porta-aviões e vastíssima rede de bases militares pelo mundo, parecem perfeitamente capazes de impor a Pax Americana ao mundo. De fato, pareceram capazes, isso sim - durante o curto período entre o colapso da União Soviética e a emergência de Rússia e China como novas potências globais e o subsequente desenvolvimento de novas tecnologias antinavios e antiaviões. Hoje, esse projeto imperial chegou ao fim.
Antes do colapso soviético, os militares dos EUA de modo geral não se atreviam a ameaçar diretamente aqueles países sobre os quais a União Soviética havia estendido sua proteção. Mesmo assim, ao usar o próprio poder naval para dominar rotas marítimas que transportavam petróleo, e insistindo que o óleo fosse negociado em dólares norte-americanos, os EUA conseguiam viver acima das próprias capacidades, graças à emissão de papéis de sua própria dívida denominados em dólares, e forçando países por todo o planeta a investir naqueles papéis.
Os EUA importaram o que bem quiseram, usando dinheiro emprestado, ao mesmo tempo em que exportavam inflação, pela expropriação das poupanças de todos os povos em todo o mundo. No processo, os EUA acumularam níveis absolutamente inacreditáveis de dívida nacional - além de tudo que jamais se viu, em termos tanto absolutos quanto relativos. Quando essa dívida-bomba finalmente explodir, ela espalhará devastação econômica para muito além das fronteiras dos EUA. E explodirá, sim, tão logo pare o bombeamento de riqueza em petrodólares, imposto ao mundo pela força naval e aérea dos EUA.
A nova tecnologia de mísseis da Rússia tornou fácil derrotar qualquer império naval. Antes, para combater uma batalha naval, era preciso ter navios que superassem os do inimigo em velocidade e poder de artilharia. A Armada Espanhola foi posta a pique pela Armada Britânica.
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