Coreia do Sul tem histórico de golpes de Estado, ditaduras e suicídio de presidente
A destituição de Park Geun-hye, primeira mulher presidente da Coreia do Sul, na última sexta-feira (10), não foi o primeiro caso de interrupção de mandato presidencial no país asiático.
Eduardo Vasco
A história política da Coreia do Sul é de uma conturbada luta pelo poder, com crises políticas e golpes de Estado, que deixaram o país durante a maior parte de sua existência sob o domínio de ditaduras militares.
Repressão, censura, falta de liberdades políticas, controle dos sindicatos são algumas características que permearam a Coreia do Sul por mais de 40 anos. Algumas delas ainda são correntes no país, como é o caso da proibição de partidos simpatizantes da Coreia do Norte e até mesmo da prisão de ativistas de esquerda.
"Revolução de Abril"
Após a independência em relação ao Japão, a Coreia do Sul teve como primeiro presidente Syngman Rhee, que ficou no poder de 1948 a 1960. Durante a Guerra da Coreia, ordenou o massacre de 100 mil a 200 mil suspeitos de serem comunistas ou de esquerda, o que foi considerado um crime de guerra em 2008. Seus poderes ditatoriais foram finalmente rechaçados com a "Revolução de Abril" de 1960, quando trabalhadores e estudantes derrubaram o governo, com a ajuda da Assembleia Nacional, apesar da forte repressão que deixou centenas de mortos. Rhee exilou-se nos EUA, onde morreu cinco anos depois.
Assassinato do presidente pela KCIA
O novo governo surgiu após um golpe de Estado, em 1961. O general Park Chung-hee (pai de Park Geun-hye) assumiu o poder e, com mão de ferro, controlou o país até 1979, quando foi assassinado pela KCIA, o serviço de inteligência sul-coreano.
"Diretas Já"
Após o assassinato de Park, uma nova crise política se abateu pelo país, resultando em um novo golpe de Estado, em 1980. Chun Doo-hwan, outro general, assumiu as rédeas da nação, dando seguimento ao sistema autoritário sul-coreano. Mas em 1987 eclodiram grandes manifestações contra o regime, o que levou Chun a declarar eleições diretas. Entretanto, elas foram vencidas por uma pequena margem de votos pelo candidato oficialista Roh Tae-woo, que ficou no cargo até 1993, quando perdeu as eleições para a oposição.
Suicídio
Eleito em 2003, Roh Moo-hyun sofreu um processo de destituição em 2004 por parte da oposição e ficou dois meses fora do cargo, sendo finalmente reconduzido por decisão do Tribunal Constitucional. A acusação era de que Roh declarara publicamente apoio a seu partido nas eleições legislativas. Porém, após o fim de seu mandato em 2008, o ex-presidente não aguentou a pressão social, política e midiática em torno de investigações de corrupção e se suicidou pulando de uma montanha, em maio de 2009.