O Instituto Hinterlaces de pesquisas, mais respeitado da Venezuela, divulgou no último dia 12 seu mais recente Monitor-País sobre a popularidade dos partidos políticos do país caribenho, evidenciando uma vez mais que a Revolução Bolivariana segue em alta como sempre ocorreu, desde que Hugo Chávez venceu a primeira eleição presidencial, em 1998.
ARTIGO. Montesanti, Edu: Partido Socialista Venezuelano Continua Sendo o Mais Popular do País
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) lidera amplamente: 29% da preferência eleitoral, enquanto outros partidos pequenos da aliança governista denominada Gran Polo Patriótico somam 1%, totalizando 30% a aprovação da sociedade em relação à Revolução Bolivariana.
Já os partidos da oposição, fortemente divididos dentro de si mesmos e sem nenhum projeto de país que não seja golpe de Estado, se espremem em ínfima minoria cada um, no final da tabela: O Primero Justicia de Henrique Capriles (derrotado em duas eleições presidenciais, para Chávez em 2012 e para Nicolás Maduro, no ano seguinte) é a opção para 4%; Voluntad Popular, presidido por Leopoldo López (preso por crimes de incitação e organização de atos violentos que, em janeiro de 2014, levou 43 pessoas à morte, na maioria civis partidários do PSUV além de forças policiais nacionais), tem 5 %; Acción Democrática, liderada por Henry Ramos Allup (financiado diretamente por Washington e utlizado para promover crisis e golpes, segundo cabos secretos liberados por WikiLeaks) seve como opção para 4 %; a Unión Nacional de Trabajadores fica com 2%; já outros partidos menores de oposição somam também 2%. Assim, os aliados na Mesa de Unidad Democrática, agrupamento que reúne os partidos de oposição que possui maioria na Assembleia Legislativa venezuelana, somam 26% da preferência dos venezuelanos.
Pois estes resultados não são nenhuma surpresa entre os venezuelanos, nem a quem, mesmo fora daquele país, acompanha a realidade fora do monopólio da desinformação da grande mídia que transforma minorias em maiorias, heróis em vilões e vice-versa, entre outras tantas manipulações. De 20 eleições, o PSUV venceu 18 desde a primeira vitória de Chávez.
Por outro lado, entre a sociedade venezuelana é bem conhecido o financiamento norte-americano aos principais políticos de oposição, especialmente através de supostas ONGs como a USAID (quem enviou dinheiro aos perpetradores do Golpe Militar no Brasil em 1964, e seguiu fazendo isso nos anos de ditadura brasileira, entre outras da região) não apenas para gerar crise política e tentativas de golpe de Estado, como para desestabilizar a sociedade através dos chamados golpes suaves, a exemplo do de janeiro de 2014 que, disfarçado de manifestações estudantis (havia minoria de estudantes então) valeu inclusive montagens de vídeos e de imagens por parte dos principais meios de comunicação mundiais, a fim de culpar o presidente Maduro e a polícia venezuelana pelos atos de violência. E como nem poderia ser de outra maneira, o Facebbok de Mark Zückerberg, "laranja" da CIA segundo Julian Assange, tem desempenhado importante papel na tentativa de desestabilização política e social no país caribenho.
O próprio ex-colaborador da CIA, Cuban Raúl Capote, revelou em abril de 2014 o plano secreto da CIA dentro das universidades a fim de criar movimentos de oposição estudantis, e que os diplomatas expulsos do país pelo presidente Maduro em 2013 eram agentes da Central de Inteligência norte-americana, em solo venezuelano para desestabilizá-lo, gerar caos e um golpe de Estado.
Quanto aos resultados apresentados pelo Hinterlaces nesta semana, vêm uma vez mais desmistificar diante do mundo que realmente busca a verdade dos fatos a "ditadura do Maduro", termo mentiroso difundido pela grande mídia sem jamais apresentar fatos concretos - a não ser fraseologia, no que a ditadura da informação é mestra.
A Revolução Bolivariana em Contexto
Mesmo diante da séria crise decorrente da Guerra Econômica, que inclui inflação artificial, retenção e contrabando de produtos básicos, estes 18 anos de Revolução Bolivariana têm apresentados resultados práticos reconhecidos internacionalmente - e dentro de casa, conforme a própria pesquisa do Hinterlaces mostrou, de novo.
Algumas dessas conquistas - que em junho de 2013 rendeu, na Europa, premiação da ONU ao presidente Maduro (nada noticiado no Brasil, muito pouco na imprensa internacional) - são:
● Estado livre do analfabetismo segundo declaração da Unesco em 2005. Até agora, são cerca de 3 milhões de pessoas alfabetizadas pós-governo bolivariano, inclusive nas línguas indígenas;
● Assistência médica e educação gratuitas e acessíveis a todos. Antes de Hugo Chávez assumir a presidência, o país contava com 20 médicos para cada 100 mil habitantes; atualmente, este número está acima do dobro de doutores disponíveis: 65. O governo bolivariano construiu mais de 13.721 clínicas em bairros que, anteriormente, o Estado não alcançava, e o sistema público de saúde conta com 95 mil médicos;
● Para a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), a Venezuela era um dos países mais desiguais da América Latina pré-governo bolivariano, e hoje o país é o menos desigual da região;
● Desde que assumiu o Palácio de Miraflores em 2013, o presidente Maduro, que em 2014 foi o líder mais popular da América Latina segundo pesquisa da (Colômbia), já elevou o salário mínimo acima da inflação 17 vezes - a última em janeiro deste ano, em 50%, proporcionando ganhos reais aos trabalhadores. Durante os últimos 16 anos dos governos da chamada IV República concluídos em 1999, em que a oposição esteva no poder, produziu-se nove ajustes salariais, enquanto que ao longo destes primeiros 17 anos de Revolução Bolivariana implementou-se, até agora, 37 aumentos;
● Apesar do forte boicote econômico que enfrenta, e contrariando a velha retórica da raivosa e retrógrada ultra-direita latino-americana a qual prega que ações sociais são gasto e não investimento, o governo da República Bolivariana da Venezuela aprovou para 2017 aplicação de 73,6% do Orçamento Nacional, estimado em 8,4 bilhões de bolívares (847.9 milhões de dólares), em projetos sociais, fazendo avançar o socialismo do século XXI (trata-se dos maiores investimentos sociais da América Latina);
● Desde 2011, o governo venezuelano já entregou quase 1,4 milhões de casas populares. Tais números representam quase a mesma quantidade de moradias construídas pela oposição, em 40 anos (muitas delas inconclusas, com espaço reduzido ou até mesmo, no país que possui as maiores reservas petrolíferas do mundo, sem serviços básicos);
● A Venezuela possui o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os países latino-americanos;
● Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sob a presidência de Chávez a Venezuela reduziu em 75% a proporção de pessoas em pobreza extrema, e com Maduro tornou-se exemplo mundial no combate à fome e à desnutrição: erradicou a primeira com mais de 3 anos de antecedência em relação às Metas do Milênio estipuladas pela ONU (2015), e a segunda já foi reduzida de 13,6 para 2,4 nos anos de governo bolivariano. Em julho do ano passado, o presidente venezuelano foi premiado pelas Nações Unidas na Europa, por tais conquistas;
● Entre 1999 e 2016, a pobreza extrema apresentou queda livre como em nenhum outro país da região: de 21% em 1999, despencou para 4,4% da sociedade em 2016. E os níveis de pobreza foram reduzidos de 49% a uma taxa de cerca de 20% da sociedade hoje;
● As pensões estão garantidas após apenas 25 anos de trabalho. Os que trabalham na economia informal têm pensão do Estado garantida. Há ainda programas de capacitação profissional, e ajuda a pequenas e médias empresas;
● O aumento da geração de empregos bate recorde em 20 anos na Venezuela;
● Segundo a professora da Universidade Central da Venezuela, Mariclein Stelling para a revista Caros Amigos (novembro de 2012, pág. 12), "[A sociedade local hoje] Têm direitos a ter direitos. Não somos mas uma sociedade submissa, esperando um favor de uma escola. Aqui já existe um processo de pró-atividade política. Antes não era assim, o pobre era sempre pobre e não tinha vontade de crescer. As pessoas sabem o que é controle social, o que é poder popular, já estão organizadas em coletivo".
● A educação é gratuita e acessível a todos, do ensino básico ao universitário. A Venezuela é o segundo na América Latina e o quinto no mundo com as maiores proporções de estudantes universitários que cresceu em mais de 800% no governo bolivariano, com cerca de 75% da educação superior pública que faze do país latino-americano com o maior número de universidades públicas. Os estudantes têm computadores portáteis e tabletes de uso gratuito para os estudos. Hoje, 60% dos professores venezuelanos pertencem à rede pública, com salário elevado na última década;
● Os meios de comunicação, especialmente comunitários, expandiram-se em todo o país, dando mais espaço para a expressão de vozes diversificadas, respeitando inclusive as diferenças culturais da Venezuela;
● O aceso à Internet tem aumentado consideravelmente, e o governo bolivariano também tem construído centenas de "infocentros" públicos com acesso a computadores e conexão à Internet gratuita em todo o país;
Por isso tudo, não é de se surpreender com o otimismo da maioria dos 10 mil entrevistados, entre 15 e 29 anos de idade (que formam 60% do total da população) de todo o país, pela II Encuesta Nacional de la Juventud no início de 2014, mesma época que a ditadura da informação global passavam a falsa ideia de que a juventude se rebelava contra o atual governo venezuelano:
● 90% acreditava que seu diploma universitário lhe proporcionará "muitas ou variadas possibilidades profissionais";
● 93% afirmou que pode aspirar a um emprego melhor que o que tem na atualidade;
● 98% continuará estudando, considerando que os estudos lhe servirão para conseguir um trabalho satisfatório (compare-se esses índices com os da Espanha, que tem hoje 56% de desemprego juvenil, e centenas de milhares de universitários que se perguntam para que lhes serviu tantos anos de estudo);
● 77% dos jovens apontou que se ficará no país, contra apenas 13% que afirmou que deseja sair;
● 60% considerou que o melhor sistema é o socialismo, contra 21% que preferia o capitalismo.
Particularmente em relação à mídia venezuelana, vítima de fortes distorções midiáticas. Outro mito diz respeito ao "controle midiático" do governo venezuelano. A realidade a esse respeito foi oportunamente trazida no artigo Dialogue or Coup, do jornalista chileno Pedro Santander, em 2014:
80% da mídia [venezuelana] é privada. Os três jornais de circulação nacional (El Universal, El Nacional e Últimos Noticias) são oposicionistas ao governo, especialmente os dois primeiros, os quais detêm, sozinhos, 90% da leitura no país. Dos quatro canais de TV com cobertura nacional, três deles (Venevisión, Globovisión e Televen) são oposicionistas, detendo 90% da audiência, de acordo com informações fornecidas pela empresa AGB. Neste sentido, e de acordo com os critérios das Nações Unidas, a liberdade de informação na Venezuela é, sem nenhuma dúvida, mais ampla e melhor que no Chile enquanto no país caribenho a diversidade de propriedade, a diversidade de tipos de mídia (pública, comercial, comunitária) e de discurso - que são os três principais critérios de medição da UNESCO [para avaliar liberdade de Imprensa] - são superiores ao sistema do Chile. Ninguém que compare objetivamente, isto é, com dados (indicadores, medidores, escalas, etc), a mídia chilena com a venezuelana, verá que nosso país [o Chile] está em situação muito mais precária, e não muito democrática.
Sobre as últimas eleições presidenciais, em abril de 2013, Mark Weisbrot apontou que:
Uma análise minuciosa dos canais [venezuelanos] mostra que os canais privados dedicaram proporção muito maior da cobertura ao candidato Henrique Capriles Radonski, aos acontecimentos de sua campanha [presidencial de 2013] e aos seus his seguidores (73%), com muito menor porcentagem (19%) dedicada ao partido governista do então candidato, Nicolás Maduro, aos acontecimentos de sua campanha e a seus seguidores. (...) Na mídia privada, o candidato Henrique Capriles recebeu 60% de cobertura positiva (com 23% negativa, e 17% neutra), enquanto o candidato Maduro teve 28% positiva (com 54% negativa, e 18% neutra).
Já sobre o sistema eleitoral venezuelano, a grande mídia jamais afirmou que observadores internacionais presentes nos pleitos presidenciais do país, especialmente norte-americanos, afirmaram pertencer à nação caribenha o mais seguro do mundo, exemplo que deveria ser seguido inclusive nos Estados Unidos.
A jurista norte-americana Tobin Alexander, do Grêmio Nacional de Advogados dos Estados Unidos, quem participou como observadora das eleições presidenciais de abril de 2013, disse na rede venezuelana de TV Telesur que "o processo foi organizado e transparente (...). A CNE (Conselho Nacional Eleitoral) ganhou credibilidade ao longo dos anos", afirmou ainda que o sistema eleitoral do país é "respeitado a nível internacional por seu processo aberto e transparente, (...) sistema totalmente eletrônico com auditorias, (...) melhor sistema do mundo", o qual "deveria ser aplicado nos Estados Unidos. (...)". Concluiu dizendo que "na Venezuela, 80% votou em abril, enquanto nos Estados Unidos, 57,5% na última eleição, em 2012. (...) Temos [os norte-americanos] muito que aprender com este sistema (...)". Nada disso virou notícia fora das fronteiras venezuelanas, evidentemente.
Um pouco antes, nas eleições presidenciais de outubro 2012 vencidas por Chávez, que viria a falecer menos de cinco meses mais tarde, e ex-presidente Jimmy Carter, presente na Venezuela como observador do pleito através de seu instituto Carter Center, concluiu então:
A realidade é que, dos 92 processos eleitorais que monitorei, eu diria que o venezuelano é o melhor do mundo.
Diante disso tudo, uma guerra que começa na da informação, vale recordar o que diz John Perkins, economista com anos de serviços prestados ao governo dos EUA e à CIA, no livro Confessions of an Economic Hit Man (Confissões de um Assassino Econômico):
A maioria dos meios de comunicação - jornais, revistas, editoras, emissoras de TV e estações de rádio - é de propriedade de grandes corporações internacionais, as quais não têm o menor escrúpulo em manipular as notícias que divulgam.
O mais lamentável disso tudo é que, em pleno século XXI da revolução da informação através da Internet, ainda há quem forme ideias através do monopólio da informação, historicamente promotor (nenhum segredo a absolutamente ninguém) de factoides, crises e golpes apoiado na indiscriminada e descarada manipulação das informações em favor dos que a sustenta.