Jihadistas na Europa, estaremos perante uma nova Operação Gládio?
A Operação Gládio, ainda parcamente conhecida, foi uma operação secreta levada a cabo pelos vários serviços secretos das nações afectas à NATO para controlar e manipular movimentos de extrema-esquerda e extrema-direita no decorrer da Guerra Fria, tanto infiltrando agentes seus como manipulando indirectamente ou permitindo a acção dos elementos mais radicais desses movimentos com o intuito de modelar a opinião pública, sendo mais conhecida a sua acção em Itália, embora a Gládio tenha sido uma operação de âmbito global, agindo em toda a Europa, África e América do Sul.
Nuno Afonso
Em 2014 Sibel Edmonds, uma ex-agente do FBI estadunidense, decidiu revelar tudo o que sabia acerca da "Gládio B", com esse intuito escreveu uma obra autobiográfica que dava pelo nome de "Classified Woman". Infelizmente, como os ex-agentes têm que sujeitar os seus manuscritos biográficos para escrutínio do FBI antes que qualquer editora os possa publicar, não vá que divulguem algum dado inconveniente, censuraram-lhe o livro na integra mas, por sorte, a mesma descobriu que os romances escritos por agentes não estavam sujeitos à mesma obrigatoriedade e podiam ser publicados livremente, surgiu assim "The Lone Gladio" que revelava o que já muitos desconfiavam, a Operação Gládio não só nunca foi completamente eliminada como houve mesmo uma "Gládio B" e, suspeita-se agora, uma "Gládio C" já activa na Europa.
GLADIO B
Em entrevista então (2014) ao "Washington's Blog", Sibel Edmonds denunciava que a Gládio continuava a existir e que "o título Gládio B foi da autoria do FBI, uma vez que não fazíamos ideia do seu nome real", acrescentava que além de vários elementos da Gládio original - que nunca cessara, apenas atenuara a sua acção - na nova encarnação participavam activamente agentes "da NATO, MI6 e MIT (serviços secretos militares da Turquia".
O objectivo da primeira Gládio fora a manipulação dos grupos organizados e dos partidos neo-fascistas e comunistas europeus e sul-americanos e dos movimentos anti-coloniais em África até à queda da União Soviética, a nova operação teria o mesmo objectivo mas desta vez manipulando agora, além dos habituais neo-nazis e neo-fascistas, os grupos organizados de movimentos jihadistas e terroristas no Médio Oriente, com o intuito de manipular a opinião pública de modo a defender as intervenções militares no Médio Oriente e derrubar governos tidos como "incontroláveis" (Iraque, Líbia, Líbano e Síria).
GLADIO C
Alguns dos analistas da Fundação da Cultura Estratégica [Strategic Culture Foundation], como Wayne Madsen, consideram que está já a decorrer uma terceira fase da Gládio aproveitando o receio do influxo de jihadistas infiltrados entre os migrantes que chegam agora à Europa em números que podem rapidamente ultrapassar um, ou vários, milhões de refugiados oriundos do Médio Oriente. Utilizar alguns dos radicais que nos seus países natais já faziam parte de grupos controlados pela Gládio ou culpar os jihadistas por acções de "suposta bandeira" na Europa seriam o principal objectivo.
Da mesma opinião é Tony Gosling, o polémico jornalista que investigou os atentados do IRA para a BBC e actualmente mais conhecido pelo tempo que dedica a seguir e a noticiar os membros do Clube Bilderberg. Animando um programa semanal na BCFM, em Bristol, na edição do passado dia 9 de Dezembro analisou com apreensão os avisos da Europol de que o Estado Islâmico poderá levar a cabo muito em breve mais atentados em solo britânico e europeu, recorrendo a carros-bomba, correlacionando esses comunicados oficiais como um prenúncio das operações que os serviços secretos planeiam levar a cabo muito em breve em solo europeu. Os atentados poderão culpabilizar tanto os jihadistas como os movimentos de extrema-direita, uma vez que deste modo seria possível não só viabilizar as acções ocidentais no Médio Oriente contra os "terroristas" mas também sanear e normalizar o eleitorado europeu, que tem optado pelo voto na extrema-direita, principal bastião dos agentes da Operação Gládio.