É evidente que não se trata de uma simples coincidência. Se antes foram os grupos de conspiradores formados dentro das instituições militares latino-americanas que protagonizaram os casos de tomada de poder derrubando governos legitimamente constituídos, agora são os aparatos judiciais e midiáticos que lideram esta nova retomada do poder por parte dos setores empresariais, defensores do neoliberalismo, que desta vez atacam os governos progressistas que se constituíram no subcontinente.
Foto: Ricardo Stuckert
São as mesmas narrativas, criadas e difundidas pelos grandes meios de comunicação, que deformam a realidade para parecer que líderes populares como Lula e Cristina Kirchner se dedicaram, em seus governos, a gerar esquemas de corrupçãoSão as mesmas narrativas, criadas e difundidas pelos grandes meios de comunicação, que deformam a realidade para parecer que líderes populares como Lula e Cristina Kirchner se dedicaram, em seus governos, a gerar esquemas de corrupção Claro que, por trás dessa nova onda, impulsadas pelos mesmos de sempre, estão os mesmos objetivos de outrora, ainda que com novos métodos: desta vez, usam como arma a difamação, buscam o desprestígio, a constante condenação moral de tudo aquilo que fazem os líderes de governos progressistas, tentando sempre vinculá-los a atos de corrupção.
São as mesmas narrativas, criadas e difundidas pelos grandes meios de comunicação, que deformam a realidade para parecer que líderes populares como Lula e Cristina Kirchner se dedicaram, em seus governos, a gerar grandes esquemas de corrupção, e não a mudar a realidade social em seus países - e claro, através disso, defender a judicialização do legado destes ex-presidentes.
Não há dúvidas de que esta é uma estratégia que visa um só objetivo: recuperar o poder imperial, uma nova hegemonia neoliberal na região, acabando com todo um período de avanços sociais bastante significativos em vários países - que incluíram a erradicação da pobreza e a defesa da soberania nacional - e reivindicando os interesses dos grandes grupos econômicos, especialmente os norte-americanos. Era preciso destruir o máximo possível do modelo que vinha sendo construído, para que os mesmos de sempre possam voltar a se enriquecer como antes.
No caso de Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, vemos a angustia daquele que é o homem mais popular da história deste país. Seus rivais sabem que se houvesse eleições presidenciais neste instante, ele seria o vencedor, e por isso precisam deslegitimá-lo. O plano é que a perseguição jurídica, se não puder levá-lo à cadeia, que ao menos o impeça de se candidatar em 2018.
Algo similar acontece com a ex-mandatária argentina Cristina Kirchner, que também enfrenta a sanha da Justiça em seu país, sendo ela a principal líder da oposição e a figura que incomoda o impopular governo de Mauricio Macri. No seu caso, a perseguição ganha contornos de ironia, ao se observar a diferença da cobertura midiática ao seu caso e ao que envolve o próprio presidente Macri e suas relações com empresas offshore no Panamá e em Bahamas.
O que querem, portanto, é ocultar as corruptelas do presente, entregando a prisão dos líderes populares da esquerda como banquete para a opinião pública, entorpecida pelo ódio à política.
Editorial do jornal El Telégrafo, do Equador
Fonte