Eleições nos EUA

PERGUNTA: As eleições nos EUA são fraude?

Peter Lavelle: Sequer são propriamente "eleições". É um processo de seleção interna, pelo qual o establishment político/financeiro aponta um gerente nominal para manter o status quo.
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PERGUNTA (1): Com o Great Old Party (GOP) e os Democratas já reunindo-se para as respectivas convenções de indicação de candidato, como o senhor avalia os nomes em discussão?

PETER LAVELLE: Em toda a minha vida, jamais vi pior lista de candidatos. Hilary Clinton é a candidata com menos qualificações que jamais vi - de fato, considerado o currículo dela, pode-se dizer que é a candidata de menor qualificação possível. Donald Trump é provavelmente o candidato mais esquisito que jamais alcançou indicação partidária. Trump nem chega a ser candidato num sentido convencional - é mais como uma manifestação de muitos eleitores em todo o espectro político. Mas ao fim e ao cabo, manifestações política nunca são eleitas.

PERGUNTA (2): Qual o estado atual da democracia dos EUA?

PETER LAVELLE: A resposta sintética é que está em estado terminal de decadência. Trump e Bernie Sanders são expressões políticas que só expressam frustração e ira. A democracia nos EUA hoje, como sistema, não funciona para o povo. Resume-se a um "se não pagar, não joga". Sanders conseguiu levantar milhões de dólares de eleitores individuais, mais jamais bastará. Os votantes têm um papel nessa eleição, mas quem realmente conta são os doadores e os poderosos interesses que eles representam.

PERGUNTA (3): O senhor concorda que há diferenças entre Clinton e Trump?

PETER LAVELLE: Ora essa! É claro que há diferenças. A questão é que importância teriam essas diferenças. Que diferença realmente elas fariam. As eleições de 2016 sequer são propriamente "eleições". É um processo de seleção interna, pelo qual o establishment político/financeiro aponta um gerente nominal para manter o status quo. Pensem bem: nem Clinton nem Trump ameaçam a ordem vigente, e o mesmo se pode dizer dos principais partidos políticos. Clinton e Trump são produtos da ordem vigente. Isso explica por que Clinton foi coroada antes mesmo de haver um único voto em alguma urna, e por que a elite que doa dinheiro para os Republicanos jamais apoiará Trump. Os Republicanos estão dispostos a deixar escapar a Casa Branca nesse ciclo eleitoral simplesmente por que Trump não representa o tipo de pedigree aceitável pelo establishment. Nenhuma das políticas de Trump de modo algum ameaça o "estado profundo" norte-americano.

PERGUNTA (4): Quando se observa a mídia, é impossível evitar a conclusão de que estaria em curso uma batalha feroz. Mas o senhor está dizendo que não, não é nada disso?

PETER LAVELLE: Interessante: "uma batalha política feroz". Sim, é o que a mídia-empresa deseja que você veja - é parte e parcela da tradicional estratégia para legitimar essa eleição e o que sair dela. Os votantes são os telespectadores e a mídia-empresa rede um circo de três picadeiros. A mídia-empresa ama eleiçoes - e quanto mais ridículos e controversos os candidatos, melhor! Eleições são como maná financeiro que cai ininterruptamente dos céus. A classe doadora abre as burras e a mídia recebe - e tudo, aí, é muito, muito dinheiro. Nos dizem que a "disputa está apertada", "dura demais para fazer previsões". Que imbecilidade! A disputa é sempre apertadíssima, até que o último dólar seja recolhido (não quando o último voto é apurado).

PERGUNTA (5): Até que pontos os escândalos (Clinton) e as gafes (Trump) têm impacto nas próximas eleições?

PETER LAVELLE: Essas coisas são notas à margem. É o modo pelo qual os establishments partidários, as elites financeiras e a mídia-empresa consegue capturar a atenção das pessoas e assegurar a participação nessa paródia chamada democracia. Escândalos e gafes substituem hoje a política real e a real justiça social - itens que têm estado ausentes da políticas dos EUA há décadas. Assim sendo, pegue a pipoca e prepare-se para o maior e mais caro reality show jamais produzido (e consumido)!*****

 

5 Perguntas para Peter Lavelle 
11/7/2016, The Duran

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey