Campo de batalha das negociações agora favorece o governo sírio

O exército sírio libertou hoje a cidade de Rabiah na província de Latakia, além de várias outras vilas na área, próxima da fronteira turca. 


Rabiah, assim como Salma que foi libertada há poucos dias, era uma das fortalezas dos jihadistas naquela região. Mais uma vez, o apoio aéreo e a artilharia dos russos (vídeo) foram decisivos. Fotos da cidade mostraramgraffiti que os insurgentes ditos 'moderados e apoiados por agentes externos deixaram para trás. Num deles lê-se "Todos os alawitas serão exterminados".


24/1/2016, Moon of Alabama
(1) Mapa e análise da antiga linha de frente, de onde partiu, há algumas semanas a campanha de Latakia, em "Síria: Dias decisivos da batalha por Latakia", 23/1/2016, Peto Lucem, de SouthFront, traduzido).

(2) Mapa da linha de frente hoje, "Forças sírias libertaram Rabia, Darwishan e Turus, em  Latakia", 24/1/2016, South Front.

Os jihadistas abandonaram todas as posições a oeste de Rabiah e fugiram. A Turquia fechou a fronteira para impedi-los de entrar no país. Terão de procurar refúgio em Kinsabba perto das colinas de Jabal al-Akrad, seu último ponto, que será atacado na sequência. Depois disso, será lançado o ataque geral em Jisr al Shanghaur na província de Idlib, pelo oeste e pelo sul, e depois está planejado um grande ataque em pinça para libertar Iblib.

A província de Latakia e as bases russas ali estão agora seguras. As linhas de suprimento para a oposição vindas da Turquia foram duramente atingidas. O momentum está claramente a favor das tropas legalistas que defendem o estado  sírio.

No sul, o exército sírio continua a limpar Sheikh Miskeen, perto da fronteira com a Jordânia. Tão logo a cidade seja libertada, as linhas de suprimento para os insurgentes no sul, vindas da Jordânia, estarão sob ataque. As linhas já estão limitgadas, por que a Jordânia está prendendomilitantes que cruzem sua fronteira.

No norte, como também no sul, vários grupos rebeldes entraram em confronto entre eles. Esses confrontos entre vários grupos foram vistos desde Daraa no sul e em Idlib entre os grupos extremistas Ahrar al-Sham e Frente al-Nusra. Jabhat al-Nusra, ramo da al-Qaeda na Síria, está agora sob forte pressão em vários fronts e está convocando mais combatentes estrangeiros. Já há discussões estratégicas dentro da Frente al-Nusra para pôr fim à guerra aberta e retomar a guerra de guerrilhas, tentanto atingir o governo sírio e outras entidades por detrás das linhas deles. Mas o peixe guerrilha só sobrevive em águas do apoio de populações locais, e não há qualquer sinal de que a Frente al-Nusra conte com qualquer apoio dentro da Síria, além de um punhado de cidadãos.

O Exército Árabe Sírio também libertou Qatar, de apoiadores do Estado Islamista Wahhabista. Infelizmente, esse Qatar não é o país do Golfo Persa, mas uma pequena cidade ao nordeste de Aleppo.

Soldados do governo sírio e cerca de 200 mil civis em Deir Ezzor, no leste da Síria, estão sob ataque pesado e continuado de combatentes do Estado Islâmico. O Exército Árabe Sírio enviou reforços por helicópteros de transporte, a Força Aérea Russa lançou sobre a cidade dezenas de toneladas de alimento para a população, e os jatos russos deram apoio aéreo à defesa da cidade.

Na área curda, no nordeste da Síria, especialistas russos estão trabalhando para instalar mais uma base aérea. O presidente turdo disse que tal base não seria tolerada. Mas o que Erdogan poderia fazer, além de declarar guerra contra a Rússia, na qual a Turquia com certeza será derrotada - como foi derrotada em todas as outras 17 guerras que os turcos fizeram contra a Rússia.

Os EUA estão estabelecendo uma base naquela área, para colaborar com forças curdas. A base russa com certeza providenciará para que a base dos norte-americanos mantenha-se sempre precária e impermanente.

Matéria publicada no NYT narra como os EUA organizaram o ataque contra a Síria, enquanto os sauditas forneceram dinheiro à razão de vários bilhões anuais. É matéria enganadora, porque só considera o que houve a partir de 2013. Já se sabe que a CIA forneceu armas, e que terroristas saídos da Líbia chegaram à Síria entre o final de 2011 e o ínico de 2012.

Mas os EUA agora deseja , como também o governo sírio, que o conflito esvazie-se. Está empenhando muito esforço para que sejam bem-sucedidas as conversações a serem iniciadas em Genebra, entre o governo sírio e alguns grupos de oposição. Esses grupos de oposição foram selecionados pela Arábia Saudita, e a Rússia rejeitou a inclusão do Exército Salafista do Islã, e quer que representantes dos curdos também participem das discussões. É agora possível que se chegue a alguma solução de conciliação, com curdos e outros grupos não islamistas de oposição participando também das conversações de Genebra como uma terceira delegação.

Guerras porém não se decidem em conversações, mas em campo de batalha. O governo sírio e as forças que o apoiam continuarão a atacar e consolidarão os recentes sucessos. E agora afinal é provável que obtenha resultados decisivos, de guerra, para que as conversas de Genebra possam ser levadas a sério.*****

 


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Timothy Bancroft-Hinchey