Ir ou não ir, eis a dúvida atroz!

Em dezembro de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB), candidato derrotado na eleição para presidente da república, gravou um vídeo convocando os "indignados" a comparecerem à Avenida Paulista, São Paulo, para protesto contra  presidenta Dilma (PT). Apesar da aparente obstinação, do discurso inflamado e de sua presença ter sido anunciada pelos organizadores do evento, ele mesmo não compareceu ao vão livre do MASP, onde se concentravam os protestos.

Fernando Soares Campos

O roqueiro Lobão, que trabalhou como cabo eleitoral de Aécio, presente à manifestação, soltou os cachorros: "Cadê o Aécio, o Caiado?!", ululou. E reconheceu: "Estou pagando de otário".

"Fiz que fui, não fui, mas dessa vez vou acabar fondo", seria Aécio hoje plagiando Nunes, o atacante do Flamengo que soltava pérolas nas entrevistas.

O PSDB veiculou propaganda partidária nos últimos dias 6 e 8, incentivando protestos contra a presidenta Dilma no próximo domingo (16), mas nenhum político quis mostrar a cara, contrataram atores. Os tucanos não querem ser reconhecidos pela população em geral como apoiadores de um golpe de estado, ao lado da sua truculenta militância, preferem ficar na moita.

Aécio disse que tem vontade de participar "pessoalmente" das manifestações pelo impeachment da presidente Dilma no domingo, mas garante ter noção da sua responsabilidade como presidente do PSDB. "Estou consultando os demais dirigentes do partido para tomar uma posição essa semana", afirmou o tucano.

Ele também disse que a prisão do ex-ministro José Dirceu é um novo ingrediente para os protestos. Só não deixou claro se tal prisão foi ou não encomendada para estimular as manifestações contra o governo e fazer cortina de fumaça para esconder o atentado terrorista contra o Instituto Lula, na noite de 30/7.    

No mesmo dia 16, domingo, às 13 horas, ocorrerá um Ato pela Democracia, contra o ódio e a intolerância, na Rua Pouso Alegre, 21, São Paulo (próximo ao Museu do Ipiranga). O evento será em protesto contra o atentado ao Instituto Lula.

O que se pode esperar dos odientos golpistas nas próximas manifestações contra o governo Dilma?

O número de participantes nas últimas manifestações contra o governo Dilma caiu drasticamente.

Em 15 de março, os organizadores das manifestações a favor do impeachment da presidenta Dilma e pela intervenção militar nos destinos do Brasil contaram com grupos de manifestantes em 241 das 5.570 cidades brasileiras. A maior parte das cidades organizadas para as manifestações era de médio a grande porte. Assim, conseguiram colocar nas ruas, segundo as próprias estimativas dos organizadores do movimento, cerca de 1,5 milhão de pessoas. A mais expressiva concentração ocorreu na Av. Paulista, na capital paulistana.

 O segundo grande evento aconteceu no dia 12 de abril. Dessa vez contando com organização em 450 cidades, praticamente o dobro das organizações em 15 de março. A expectativa era de que aproximadamente 3 milhões de pessoas estariam nas ruas naquele dia exigindo a deposição da presidenta Dilma e intervenção militar na Presidência da República, porém o evento foi um fiasco. Com certa sobreavaliação, concluiu-se que aproximadamente 700 mil pessoas participaram das manifestações, apenas 25% do esperado.

Por que isso aconteceu? 

Alguns psicólogos acreditam que o ódio, a excessiva agressividade, o desrespeito, com o emprego de linguajar rude (calão de vulgacho) e a libertinagem, conforme aconteceu no dia 15 de março, prejudicou a manifestação de 12 de abril. Muitas pessoas teriam desistido de participar para não serem reconhecidas como reles golpistas, odientas ou simplesmente levianas. 

Outra explicação diz respeito ao nível socioeconômico dos participantes. A maioria era de classe média moradora de bairros privilegiados, próximos às estações de metrô, onde o metro quadrado é dos mais altos, e essa gente não tem formação de militância política, participa desses atos ocasionalmente. Moradores das periferias ficaram de fora. Também se observou a ausência de expressiva negritude entre os manifestantes, a despeito de o Brasil ser um país de maioria mestiça e negra.

A verdade é que tucanos morrem de vergonha da sua ridícula e tosca militância.

Eu disse "militância"? Disse-o mal, na verdade os tucanos só podem contar com mercenários.

Ano passado, em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da "Folha'', César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro (DEM), falando da contratação de 9.000 militantes virtuais pela coordenação da campanha eleitoral do candidato Aécio Neves, chamou tal iniciativa de "antirrede social'', "guerrilha" que poderá ser um "fracasso completo''. E foi, porque todos sabemos que cada militante idealista, motivado por sentimentos de justiça, vale por mil mercenários.

Assim sendo, uma dúzia de militantes petistas dá conta do exército virtual tucano. Prova disso foi o caso da hashtag #CunhaNaCadeia, utilizada no Twitter, em 17 de julho, tendo assumido a dianteira das publicações mundiais da rede naquele dia, com 32 mil citações.

Também foi comprovado que em 12 de abril a oposição ao governo nas redes sociais caiu 81,5% em relação a 15 de março. Esse percentual refere-se à diminuição de publicações contra o governo Dilma.

Confira através dessa nota do M PORTAL - Portal Metrópole:

"Radar das redes sociais mostra que quantidade de publicações contra o governo caiu 81,5% em relação ao 15 de março - Por Redação

"Não apenas nas ruas, mas também nas redes sociais, a movimentação em torno dos protestos foi mais modesta.

"Um levantamento inédito da consultoria digital Bites revela, por exemplo, que até às 18h30 quando se consideram as expressões "manifestação", manifestações, protesto e protestos o volume de tuítes caiu de 715 469 no dia 15 de março para 132 413 de hoje - uma queda de 81,5%.

"Não só. "Impeachment" também foi menos citado. Passou de 107717 tuítes em março para 15202 hoje - uma queda de 86%. Dilma também foi mais poupada. Em março, foi citada em 44349 tuítes. Hoje em 9.665. Queda de 78,6%.

"O governo e o PT, desta vez, reagiram. Conseguiram manter a hashtag #AceitaDilmaVez nos assuntos mais comentados do Twitter.

"Foi uma ação bem articulada que produziu até agora 99 817 tuítes e 174 milhões de impressões. Isso significa que cada usuário do Twitter no Brasil foi impactado 7,9 vezes por essa mensagem pró-Dilma." Related Posts

Aécio, apesar de ser senador pelo Estado de Minas Gerais, mora em Ipanema, Rio de Janeiro. Ele pode até comparecer às manifestações em São Paulo, porém o que se espera é que ele dê preferência a um "carnaval fora de época" entre o Leblon e Copacabana, nesse domingo.

 


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Timothy Bancroft-Hinchey