O referendum grego parecia ter dado um impulso em direção a algum acordo. Mas as potências que governam o euro não concordaram. O Banco Central Europeu continua a não enviar fundos para os bancos gregos. Em alguns dias, estarão definitivamente quebrados e a saída da Grécia, da Eurozona, será inevitável. Isso parece ser o que querem os linha-dura em Berlin, que se reúnem em torno do psicopata-ministro Schaeuble das Finanças.
O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras deu jeito de obter apoio popular e de outros partidos políticos, para fazer uma proposta com concessões. Mas as promessas que Tsipras fez antes do referendum já caíram aos pedaços. Os bancos não reabriram, não há acordo à vista com os credores e, dada a rápida deterioração da economia real, a situação em breve já será imensamente mais difícil.
Tsipras terá de responder algumas perguntas. Por que não pode apresentar uma proposta escrita em Bruxelas, hoje, como prometeu fazer? Por que não previu que o Banco Central Europeu e as potências ocidentais por trás dele assaltariam os bancos gregos? Por que seu governo não tinha qualquer plano pronto para sair do euro? Por que não havia nenhum cenário planejado que previsse a atual situação?
A imprensa-empresa e os políticos alemães demonizaram de tal modo os gregos, com a mais crua propaganda para induzir a negação cabal da realidade, que agora parece que a maioria da opinião pública alemã já está a favor da Grexit. E o mesmo está acontecendo em grande medida com a opinião pública de outros países do norte e do leste da Europa. Ninguém quer "dar mais dinheiro aos gregos" - embora até o momento ninguém tenha dado dinheiro algum aos cidadãos gregos. Tudo que foi dado, em garantias dos contribuintes, foi dado exclusivamente a bancos privados alemães e franceses. As consequências de a Grécia deixar a Eurozona parecem estar fora do universo das questões discutíveis.
Apoiar agora algum alívio parcial da dívida, que nem seria sentido, distribuído ao longo de décadas, e daria à economia grega capacidade para sair da dívida, seria muito mais barato para os contribuintes europeus, que o não pagamento total de tudo que a Grécia deve, o que disparará o pagamento de centenas de bilhões de avais e garantias. Se sair do euro, o não pagamento de coisa alguma passa a ser, para a Grécia, o mais provável. Em situação de saída do euro, a Grécia já não terá dívida alguma a pagar. E poderia voltar a tomar empréstimos, talvez da Rússia e de outras fontes, que ficariam felizes por poder ganhar algum dinheiro de empréstimos feitos a país praticamente livre de qualquer dívida.
Além dos resultados catastróficos de um programa de cinco anos de arrocho [não é austeridade; é arrocho], a carnificina será enorme, na Grécia, se agora vier a bancarrota e a saída do euro sem qualquer planejamento. Mas o exemplo de outros casos de estados que foram à bancarrota mostra que a recuperação é quase sempre muito rápida; e que as possibilidades de longo prazo são muito mais favoráveis que a morte lenta que advém, fatalmente, de qualquer programa de arrocho [não é austeridade; é arrocho] continuado. *****
7/7/2015, Moon of Alabama