A Geopolítica da Terceira Guerra Mundial

A Geopolítica da Terceira Guerra Mundial

De scg.com

Tadução Anna Malm* - Correspondente de Pátria Latina na Europa

A verdadeira razão da Rússia e da Síria estarem sendo atacadas exatamente agora.

Contrariamente ao que as pessoas acreditam a conduta dos países na arena internacional quase nunca é motivada por considerações morais, mas por uma mistura de dinheiro e geopolítica. Sendo assim,  logo que os portavozes das elites começarem a demonizar algum país a primeira pergunta que deveria vir a mente deveria ser:- Porque estão fazendo isso exatamente agor? - Qual é a finalidade real disso tudo?

 

Já a algum tempo a Rússia, a China, o Irã e a Síria tem estado em mira como alvo. Logo que se entenda o porque os acontecimentos a se desenrolarem no mundo começarão imediatamente a fazer mais sentido.

 

O dólar é uma moeda única. Na verdade a sua concepção, nos tempos atuais, assim como a sua relação com a geopolítica, não se assemelha a nenhuma outra moeda na história. Tem-se que não seria o fato do dolar ter sido desde 1944  a moeda de reserva internacional que o põe nessa situação única. Muitas moedas através da história, e dos séculos, tiveram esse papél. O que é único com o dólar é que ele desde 1970 tem sido, com muitas poucas exceções, a única moeda usada para a compra e a venda do petróleo no mercado internacional.

Antes de 1971 o dólar americano estava correlacionado ao ouro, pelo menos oficialmente, e de acordo com o Fundo Monetário Internacional, IMF, em 1966 os bancos centrais internacionais tinham conjuntamente $14 bilhões de dólares americanos. Entretanto, a essas alturas os Estados Unidos só tinham $3.2 bilhões, em ouro disponível, para cobrir os $14 bilhões de notas de dólares em circulação.

Trocado em miudos isso quer dizer que a Reserva Federal dos Estados Unidos estava imprimindo mais dinheiro do que podiam garantir, em ouro.

O resultado disso foi uma inflação desenfreada, assim como uma fuga do dólar.

Em 1971, no que depois veio a ser denominado como o "Choque Nixon", o presidente Nixon declarou o dólar como completamente desligado do ouro.

Depois disso o dólar tornou-se uma moeda completamente baseada no débito, ou seja na dívida. Com moedas baseadas no débito o dinheiro é literalmente levado a existência através de empréstimos.

Aproximadamente 70% do dinheiro em circulação é criado por bancos comuns. Tem-se então aqui que esses bancos são autorizados a emprestar mais do que eles realmente tem em dinheiro depositado, em outras palavras, emprestam o que não tem.

Dessa maneira segue que o resto é criado pela Reserva Federal. Criando dinheiro deveria significar que essa estaria também emprestando o que não tem. Entretanto tem-se aqui que a Reserva Federal empresta dinheiro principalmente ao governo.

Isso seria simplesmente como dar cheques sem fundo só que aqui, para os bancos, isso tornava-se legal. Essa prática veio a ser chamada de reserva bancária fraccional a ser regulada pela Reserva Federal, a qual é uma instituição que, como por nada, é controlada, assim como é uma propriedade, de um conglomerado de bancos particulares. A Reserva Federal não é uma agência ou ou ramo do governo. Se ela fosse um ramo do governo esse a poderia regular controlar.

Agora, para fazer as coisas ainda mais interessantes, esses empréstimos da reserva fracctional exigem juros, mas como visto acima o dinheiro para pagar esses juros não existe no sistema, uma vez que se empresta mais do que existe em depósitos. Um resultado disso é que sempre há mais dívidas do que dinheiro em circulação. Isso faz com que para se manter a tona a economia tem que estar em perpétuo crescimento, o que é insustentável.

Como terá o dólar conseguido se manter numa posição principal na arena internacional por mais de quarenta anos, se ele é na verdade pouco mais que um elaborado esquema Ponzi?  ["Um esquema Ponzi é uma sofisticada operação fraudulenta de investimento do tipo esquema em pirâmide que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos ("lucros") aos investidores, à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real. O nome do esquema refere-se ao criminoso financeiro ítalo-americano Charles Ponzi (ou Carlo Ponzi)." - Wikipédia]

É aqui que o dólar relata-se a geopolítica. Em 1973, nas águas da artificial crise OPEP do petróleo [onde o preço do petróleo subiu as alturas] a administração Nixon iniciou negociações secretas com o governo da Arábia Saudita para estabelecer o que se tornou conhecido como o sistema de reciclagem do petrodólar. Num documento, revelado pelo Serviço de Pesquisas do Congresso, mostrava-se que essas negociações tinham também um outro lado, uma vez que oficiais americanos estavam lá discutindo abertamente a possibilidade de tomar os campos sauditas de petróleo militarmente.

Nos Estados Unidos o choque devido ao alto preço do petróleo produziu inflação, novas preocupações a respeito de investimentos estrangeiros (vindos dos países produtores do petróleo) e uma aberta especulação não só a respeito da possibilidade como também de até que ponto poderia ser aconselhável o tentar uma tomada militar dos campos de petróleo da Arábia Saudita, assim como de outros países. Nesse contexto tinha-se dado um embargo, e nas águas desse embargo tanto a Arábia Saudita como oficiais dos Estados Unidos trabalharam para ancorar melhor as suas relações bilaterais, que então se baseavam num antagonismo ao comunismo, numa renovada cooperação militar, assim como em iniciativas econômicas que promoviam a reciclagem dos petrodólares sauditas, reciclagem essa que se daria via investimentos sauditas na infraestrutura, na expansão industrial e nos papéis de investimentos dos Estados Unidos.

Esse sistema foi, em 1975, expandido para incluir toda a OPEP.

Apesar de representar uma margem de segurança contra efeitos de recessão surgidos pelo aumento do preço do petróleo, esse arranjo teve um efeito marginal, menos aberto e mais escondido. Ele arranjo removia também as restrições inerentes as políticas monetárias dos Estados Unidos.

Mesmo que a Reserva Federal não fosse totalmente livre para aumentar a oferta do dinheiro completamente a sua vontade, agora tinha-se que a procura, como que ilimitada pelo petróleo, iria impedir uma fuga do dólar, conquanto distribuindo as consequências inflacionárias por todo o planeta [e não só para os Estados Unidos de quando "criando" mais e mais dinheiro, ou seja, imprimindo ou digitando mais e mais cédulas e ou dígitos num computador].

O dólar transformou-se numa moeda apoiada pelo petróleo em vez de apoiada pelo ouro.

Você alguma vez já se perguntou como pode a economia americana conseguir se manter a tona, por décadas, mesmo com débitos, ou seja dívidas, de multibilhões de dólares?

Você já alguma vez se perguntou como a economia dos Estados Unidos, que por 70% é baseada em bens de consumo, consegue manter uma tal desproporcional quantidade da riqueza mundial?

Hoje em dia combustíveis fósseis são como o alicerce do mundo. Eles se tornaram numa parte integral de todos os aspectos da civilização: agricultura, transporte, plásticos, aquecimento, defesa e medicina, e a sua procura só faz por aumentar.

Enquanto o mundo precisar de petróleo, e enquanto o petróleo só for vendido em dólares, o mundo vai querer ter dólares, e é essa procura que dá ao dólar o seu valor.

Para os Estados Unidos isso é um grande negócio. Os dólares saem, ou como papél ou como informação digital, e produtos e serviços reais vem para dentro do país. Entretanto, para o resto do mundo, essa é uma form vil de exploração em grande escala.

Tendo o comércio internacional principalmente em dólares também dá a Washington uma muito poderosa arma financeira através da possibilidade do peso das sanções. Isso se deve ao fato de que as transações em grande escala são forçadas a passar através dos Estados Unidos, por causa do dólar.

Esse sistema do petrodólar não tinha sido desafiado antes de setembro de 2000, quando Saddan Hussein anunciou sua decisão de vender o petróleo iraniano de maneira outra que através de dólares, voltando-se então ao euro. Esse foi um direto ataque ao dólar, assim como o evento geopolítico mais importante do ano. Entretanto, só um atigo apareceu na mídia ocidental mencionando isso.

No mesmo mês em que Saddam anunciou que ele estava deixando o dólar uma organização denominada "Projeto para um Novo Século Americano", no qual Dick Cheney era um membro, apresentou um documento com o título "Reconstruindo as Estratégias de Defesa, Forças e Recursos para um Novo Século". Esse documento requiria um enorme aumento das despesas militares, assim como uma muito mais agressiva política externa, com o objetivo de expandir a dominância americana pelo mundo inteiro. Entretanto, no documento lamentava-se que muitos anos seriam necessários para que esses objetivos fossem alcançados "na ausência de algum acontecimento catastrofal e catalisador - como por ex. um novo "Pearl Harbor" [Evento esse que como se sabe levou os Estados Unidos a entrar na segunda guerra mundial.]

Um evento desse tipo eles o conseguiram um ano mais tarde.

Aproveitando a reação emotional de 9/11 a administração de Bush pode então invadir o Afeganistão e o Iraque assim como decretar o chamado Ato Patriótico. Tudo isso, depois de 9/11, pode ser feito sem maiores resistências.

Não havia nenhuma arma de destruição maciça no Iraque e acreditar nisso não era uma consequência de informação deficiente. Essa foi uma mentira friamente premeditada, e a decisão de invadir o Iraque foi tomada muito conscientemente quanto ao disaster a ser esperado.

Eles sabiam exatamente o que iria acontecer, mas em 2003, isso eles o fizeram de qualquer maneira. De quando os campos de petróleo do Iraque cairam nas mãos dos Estados Unidos a venda do petróleo voltou imediatamente a ser feita sómente em dólares. Missão terminada e pronta. Ponto final.

Logo após a invasão do Iraque [na segunda guerra]  a administração Bush tentou estender a guerra ao Irã. [Primeira guerra 1990-91; Segunda guerra 2003].

Desconfiavam que o governo do Irã estaria tentando construir uma arma nuclear. Depois do fiasco no Iraque a credibilidade de Washington estava num nível muito baixo o que fez com que esse não conseguisse levantar apoio internacional, ou mesmo nacional, para uma intervenção no Irã. Esses esforços ainda vieram a sofrer sabotagem por parte de elementos da CIA e Mossad, que se apresentaram dizendo que o Irã não tinha nem mesmo tomado qualquer decisão no sentido de construir uma arma nuclear, muito menos então para começar a construí-la. Entretanto, a demonização do Irã continuou e vem até hoje através da administração de Obama.

Porque?

Bem, será que isso se deveria ao fato de que desde 2004 Irã vem organizando uma bolsa de valores independent para o petróleo? Eles estavam construindo o seu próprio mercado para o petróleo, e esse nada tinha a ver com o dólar. O primeiro fornecimento de petróleo desse mercado foi vendido em julho de 2011.

 

Não tendo sido capazes de conseguir a guerra que queriam os Estados Unidos então usaram a ONU para impor sanções contra o Irã. O objetivo dessas sanções era o de derrubar o governo do Irã. Apesar dessas sanções terem causado problemas para a economia iraniana elas não conseguiram destabilizar o país. Isso se deveu em grande parte pelo fato da Rússia ter ajudado o Irã a ultrapassar as restrições bancárias dos Estados Unidos.

A intervenção da OTAN na Líbia foi seguida da guerra por procuração contra a Síria. Os depósitos de armamentos do governo da Líbia foram saqueados e as armas foram despachadas através da Turquia para os grupos rebeldes na Síria, trabalhando para derrubar Assad. Já estava claro a essas alturas que muitos desses rebeldes estavam ligados a organizações terroristas. Entretanto, o aparato da segurança nacional dos Estados Unidos viam isso como um mal necessário. A idéia era que o influxo de jihadistas extremistas iria trazer disciplina, fervor religioso e experiência em batalhas, vindas do Iraque. Tudo isso foi financiado pelos simpatizantes sunitas do Golfo, e mais importante, com resultados mortais. Enfim, isso queria também dizer que o Exército Livre da Síria, FSA na sigla inglesa, estava precisando da Al Qaeda.

Em fevereiro de 2009 Moamar Kadafi foi nominado como presidente da União Africana. Ele imediatamente propos a formação de um estado unificado, com uma moeda única. Foi a natureza dessa moeda que fez com que ele fosse assassinado.

Em março de 2009  a União Africana apresentou um documento entitulado "A caminho de uma moeda africana única". Nas páginas 106 e 107 desse documento se discutia principalmente os benefícios e a estrutura técnica de um Banco Central africano abaixo de um padrão correlacionado com o ouro. Na página 94 desse documento declarava-se explicitamente que a chave do sucesso da União Monetária Africana seria a ligação dessa moeda comum africana a mais monetária de todas as comodidades - o ouro. (Note-se que a numeração das páginas pode ser outra nas diferentes versões desse documento.)

Em 2011  a CIA entrou na Líbia e começou a apoiar grupos militantes em sua campanha para derrubar Kadafi. Os Estados Unidos, e a OTAN, por sua vez começaram depois a esticar a aplicação da autorização da ONU quanto a uma zona aérea interditada. Isso foi feito para dar vantagens aos grupos militantes através dos ataques aéreos US e OTAN. A presença de extremistas da Al Qaeda entre os grupos militantes foi varrida para baixo do tapete. 

A Líbia assim como o Irã e o Iraque tinham cometido o crime imperdoável de desafiar o dólar.

Vamos agora falar português claro aqui. Foram os Estados Unidos que colocaram o Estado Islâmico (IS/ISIS/ISIL) no poder.

Em 2013 os mesmos elementos do hoje denominado Estado Islâmico que de então se apresentavam como Al Qaeda relacionados rebéis da Síria, lançaram dois ataques com o gás sarin, na Síria. Isso foi feito para acusar Assad de o ter feito e para conseguir então apoio internacional para uma intervenção militar. Entretanto, o contrário foi demostrado pela ONU e pelos investigadores da Rússia, e essa tentativa de conseguir os desejados ataques aéreos contra a Síria caiu por terra por assim dizer. A Rússia conseguiu uma solução diplomática dos acontecimentos.

A campanha americana para derrubar o governo na Síria, assim como também tinha sido feita na Líbia, foi apresentada em termos de "direitos humanos". É óbvio que esse não tinha sido o motivo real. Em 2009 Catar tinha apresentado uma proposta para um gasoduto através da Síria e da Turquia para a Europa. Assad rejeitou essa proposta. Depois disso ele fez um pacto com o Iraque e Irã para construir um gasoduto não indo para a Europa, mas para o oriente, tirando dessa maneira e completamente tanto a Arábia Saudita como a Turquia do negócio. Não é então surpreendente que tenha sido exatamente Catar, a Arábia Saudita e a Turquia que foram os mais agressivos atores regionais atiçando para a derrubada do governo da Síria. Entretanto, porque iria essa dispusta de gasodutos pôr os Estados Unidos tão ativo contra a Síria? Tem-se aqui três motivos:

 

1) O arranjo desejado pela Síria iria fortalecer, e de muito, a posição do Irã, porque esse permitiria ao Irã exportar para os mercados europeus sem ter que passar através de nenhum dos países aliados de Washington. Isso iria depois enfraquecer de muito o poder de Washington sobre o Irã.

 

2) A Síria é o aliado mais próximo do Irã e um seu colápso iria de certeza ajudar a enfraquecer o Irã.

 

3) A Síria e o Irã tem um acordo mútuo de defesa o que poderia fazer que uma intervenção na Síria abrisse as portas para um conflito com o Irã. Em fevereiro desse ano essa geopolítica complicou-se ainda mais por causa da Ucrânia. Aqui o alvo real era a Rússia, que realmente é o segundo maior exportador de petróleo do mundo. A Rússia é não só um espinho na coroa de Washington, visto de uma perspectiva diplomática, como também tem-se aqui que a Rússia abriu, em 2008, uma bolsa de valores energéticos com as vendas sendo denominadas em rublos e ouro. Esse projeto esteve sendo preparado desde 2006 . A Rússia e a China também estiveram se entendendo para fazer, se não todos, então muitos, dos seus próprios negócios bilaterais sem o uso do dólar. 

Depois tem-se que a Rússia esteve organizando a União Econômica da Eurásia, a qual inclui planos para adotar uma moeda comum, prevista para um mercado energético independente.

De quando do começo da crise atual, a Ucrânia foi apresentada com duas opções: ou associar-se a União Européia ou entrar na União da Eurásia. A União Européia insistia que tinha que ser ou uma ou a outra. A Ucrânia não poderia entrar nas duas. A Rússia por seu lado dizia que afiliar-se as duas não seria nenhum problema. [Provavelmente por causa das muito melhores condições oferecidas] o Presidente Yanukovich decidiu-se pela Rússia.

Em resposta a isso o aparato da segurança nacional dos Estados Unidos fez uma das suas especialidades. Eles deram um golpe que derrubar o governo de Yanukovich e instalataram um governo com marionetes [só que dessa vez com neonazis na direção]. Para ver a inequívoca evidência do envolvimento de Washington nesse golpe de estado veja o vídeo "The ukraine crisis - what you´re not being told". [O /endereço/url do vídeo segue abaixo em referências e notas.]

This article - Esse artigo do Guardian também vale a pena ler.

Apesar de tudo parecer estar indo bem para os golpistas os Estados Unidos logo perderam o controle da situação. A Criméia fez um referendo no qual o povo votou esmagadoramente para uma secessão da Ucrânia e uma reunificação com a Rússia. A transição foi pacífica e feita ordenadamente. Ninguém foi morto. Entretanto, o ocidente imediatamente apresentou todo o acontecido em termos de uma agressão russa. Essa mentira foi depois repetida "ad nauseum", ou seja, até a náusea.

A Criméia é importante do ponto de vista geoestratégico por causa da sua localização no Mar Negro. Essa sua localização permite uma projeção de poder naval ao Mar Mediterrâneo. Tem-se depois que a Criméia fez parte da Rússia a maior parte da sua história moderna. [Já aqui nem se mencionando, entre outras coisas, que a grande maioria de sua população é de etnia russa.]

Já a anos que os Estados Unidos vem fazendo pressão para incluir a Ucrânia na OTAN. Um tal passo iria colocar as forças militares dos Estados Unidos nas portas da Rússia, o que poderia ter feito com que a Rússia perdesse a Criméia. Essa foi a razão pela qual a Rússia aceitou imediatamente o resultado do referendo e consolidou a Criméia como parte de seu território. [Do qual diga-se de passagem ela nunca deveria ter saído se todos os líderes soviéticos tivessem se mantido sóbrios e capazes de prognostizar hipotéticos, mas possíveis, cenários futuros mais acuradamente. Tem-se aqui também que durante o tempo soviético não seria tão importante abaixo de que jurisdição essa ou aquela região viesse a ser inscrita.]

Depois do caso da Criméia teve-se que no leste da Ucrânia duas regiões [também de tradição russa] vieram a declarar independência de Kiev depois de seus próprios referendos.

Kiev respondeu a isso com o que denominaram de uma operação anti-terrorista. Na prática essa foi uma maciça e indiscriminada campanha de bombardeamentos que veio a matar milhares de civís [entre homens, mulheres, crianças, e idosos, com enormes mísseis de distância, de 3-4 metros de comprimento, senão mais, sendo que cada um podendo ser de múltiplas funções com modernos sistemas de bombardeamentos múltiplos, o que incluiria também armas proibidas].

Tudo indica aqui que matar civís premeditadamente dessa maneira para os ocidentais não se qualificaria, nesse caso como em muitos outros semelhantes, como ato de agressão. Nesse contexto deu-se mesmo que o Fundo Monetário Internacional advertiu explicitamente o governo provisório ucraniano de que o seu pedido de empréstimo de $17 bilhões de dólares poderia estar em perigo se eles não conseguissem acabar com a sublevação no leste do país.

Enquanto a guerra no leste da Ucrânia estava em total vigor eleições presidenciais foram efetuadas e Petro Poroshenko foi eleito presidente. Mostrou-se , através dos telegrams expostos por Wikileaks em 2008, que Poroshenko tinha trabalhado como uma toupeira [trabalho de agente] para o Departamento do Estado dos Estados Unidos, desde 2006. Os americanos se referiam a ele como "o nosso homem na Ucrânia" e muitos dos telegramas se referiam a informações que ele tinha fornecido. Um específico telegrama mostrava que os Estados Unidos, mesmo a essas alturas, já sabia que Poroshenko era corrúpto.

Ter uma marionete a postos mostrou-se entretanto como insufuciente para dar a posição de vantagem para Washinton no decorrer da crise. O que costuma então Washington fazer nesse tipo de situações? Os Estados Unidos, representado em Washington impõem sanções, demonizam, avançam batendo as espadas, ou fazem algum sério ataque utilizando falsas bandeiras.

Essa não é uma boa estratégia em se tratando da Rússia. Na verdade o tiro já saiu pela culatra. As sanções só fizeram por estreitar os laços entre a Rússia e a China e acelerar a agenda de de-dolarização da Rússia. Apesar da retórica essa estratégia não fez com que a Rússia ficasse isolada. Os Estados Unidos e a OTAN colocaram uma distância entre si e a Rússia, mas não conseguiram colocar uma tal distância entre a Rússia e o mundo, o que pode ser provado por exemplo com o caso dos BRICS.

Hoje esse eixo ou centro anti-dólar vai além da economia. Esses países, ou seja, China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul [para aqui só ressaltar os BRICS] sabem o que está em jogo. Portanto nas águas do sucedido na Ucrânia a China propôs um novo pacto de segurança a incluir tanto a Rússia como o Irã.

Considere-se as implicações da administração de Obama a bombardear a Síria, uma vez que a Síria tem um pacto de defesa com o Irã.

Aqui já não se trata de uma segunda guerra fria mas de uma terceira guerra mundial. As massas podem ainda não ter compreendido o que se passa mas seguramente que a história irá lembrar-se disso dessa maneira.

Alianças estão sendo solidificadas e uma guerra está a caminho vindo de muitas frentes. Se as provocações e as guerras por procuração continuarem assim será sómente uma questão de tempo antes que os principais atores venham a se confrontar diretamente, o que é a receita para um desastre total.

Tudo isso lhe parece loucura? Tem razão. Os atuais dirigentes no cenário internacional não podem ser qualificados senão como loucos, enquanto o público vai como sonâmbulo direto para uma confrontação definitiva com a tragédia. Se você quiser alterar o curso dos acontecimentos o melhor será acordar esse público sonâmbulo. Tem-se depois também aqui que mesmo as mais poderosas armas de guerra serão neutralizadas se você conseguir encontrar a mente do homem atrás do gatilho.

Mas, como acordar essas massas? Não espere por ninguém para lhe explicar isso. Seja criativo. Pense nos seus filhos e netos e atue no mundo, porque a vida deles está, em sistema de urgência, dependendo de você mesmo.

Referências e Notas:

The Geopolitics of WW III, em Strategic Culture Foundation, 26-09-2014, EDITOR'S CHOICE | 26.09.2014 |www.strategic-culture.org

Texto original de scgnews.com - storm clouds gathering (nuvens tempestuosas aproximando-se) --

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Videos:

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Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey