Espanha pede desculpas à Bolívia por caso Morales

O governo espanhol apresentou nesta segunda-feira (15) à chancelaria boliviana uma nota para manifestar suas desculpas pelo "incidente" com o avião do presidente Evo Morales, ocorrido há duas semanas. Na ocasião, o presidente da Bolívia foi proibido de pousar na Europa para reabastecer devido à suspeita de que Edward Snowden, ex-agente da CIA, também estivesse no voo.


O documento foi entregue pelo embaixador da Espanha em La Paz, Ángel Vázquez, que lamentou o proceder de seu colega em Viena, Alberto Carnero, a quem Morales acusou de pretender inspecionar seu avião para verificar se com ele viajava Snowden, requerido pelos Estados Unidos por divulgar informação confidencial.


"Lamentamos esse fato, apresentamos nossas desculpas por esse proceder, que não foi adequado e incomodou o presidente", criando uma "situação difícil e imprópria de um chefe de Estado", disse Vázquez em declarações à imprensa após entregar a nota ao vice-chanceler da Bolívia, Juan Carlos Alurralde.


Em seu retorno à Bolívia da Rússia, Morales teve que permanecer mais de 13 horas em Viena porque França e Portugal negaram as permissões para sobrevoar ou aterrissar em seus territórios sob a suspeita que Snowden estava no avião presidencial. O norte-americano está na área de passagem do aeroporto moscovita de Sheremétievo desde o último dia 23 de junho.


A Espanha foi incluída no protesto boliviano pela atuação de Carnero, que indignou a Morales, segundo o próprio líder. Vázquez insistiu hoje que "a Espanha lamenta profundamente" o incidente e expressou que sua nação "deseja que, com estas gestões, se possa dar por liquidado" o tema e as relações com um "país irmão" como a Bolívia sejam as "melhores".


"Espanha e Bolívia têm relações que vão além de qualquer incidência, de qualquer circunstância como a que agora vivemos e espero e tenho certeza que as autoridades bolivianas entendem do mesmo modo", acrescentou.


Vázquez ressaltou que a Espanha reconhece e respeita "os princípios do direito internacional que protegem a inviolabilidade dos chefes de Estado e dos aviões nos quais se deslocam" e expressou sua confiança em que situações como as que viveu Morales não se repetirão no futuro.


O bloqueio ao avião de Morales foi condenado por organismos regionais como Mercosul, Unasul (União de Nações Sul-Americanas), e OEA (Organização dos Estados Americanos), que reivindicaram aos países europeus envolvidos explicações e desculpas pelo incidente.
 
Fonte: Opera Mundi
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=3f63255531ca8062c18bdf1a16da0e5a&cod=11977


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Timothy Bancroft-Hinchey