Os porto-riquenhos votaram para alterar o status do seu país o que implica a dependência quase colonial dos Estados Unidos. No entanto, há uma dúvida enorme no país de que o desejo expresso no referendo para se tornar o 51 º estado da América reflita as verdadeiras intenções da população. Os EUA têm causado muitos problemas para Porto Rico ao longo dos anos de convivência.
Estado Livre Associado de Porto Rico tem sua constituição e seu próprio sistema de governo, mas o poder supremo é exercido pelo Congresso dos EUA. Dia 06 de novembro no país foram realizadas eleições gerais e o referendo. O referendo consistiu em duas perguntas. A primeira foi formulada de seguinte modo. Gostaria de mudar a relação de 114 anos entre Porto Rico e os Estados Unidos? A segunda questão deu três alternativas: tornar-se um estado dos EUA, a independência, ou estender a autonomia para a " associação soberana livre " (Estado Livre Associado Soberano).
De acordo com a Prensa Latina, respondendo à primeira pergunta, 54 por cento dos participantes foram a favor de mudar o status do país. Quanto à segunda, 61 por cento dos residentes votaram para incorporação nos Estados Unidos. Trinta e três por cento acredita que o país deve estender a associação com os EUA, e apenas cinco por cento queria viver em um país independente.
No entanto, quase meio milhão dos eleitores deixaram a segunda parte de voto em branco. Entretanto as eleições parlamentares venceu o Partido Popular Democrata (PPD). É dirigido pelo futuro governador Alejandro Garcia Padilla, que chamou a votar para o status da associação soberana livre.
"Os defensores da adesão aos EUA alcançaram uma vitória sem precedente, mas esta é uma vitória artificial", disse Angel Rivera Ortiz, o professor de ciência política na Universidade de Porto Rico. "Os eleitores estão divididos e confusos, que não sabem para onde estão sendo levados", disse .
O que a palavra "soberano" traz para o status de Porto Rico? Principalmente uma oportunidade para tomar decisões em questões como, por exemplo, a abolição da Lei Jones de 1920. Segundo ela, os porto-riquenhos devem usar apenas a frota mercante dos EUA para o transporte de mercadorias. É um problema importante, porque Porto Rico é uma ilha, e a Marinha mercante dos EUA é uma dos mais caros do mundo. Caso a lei seja levantado, os preços de importação cairão 40 por cento,e os custos de exportação — até US $ 150 milhões, o que levará à redução dos preços dos produtos exportados e os fará mais competitivos.
No entanto, analistas locais acreditam que os benefícios acima mencionados não foram explicados à população, portanto o resultado do referendo não pode ser representante, nem servir como base para dicutir a adesão de Porto Rico para os Estados Unidos no Congresso.
Mas, mesmo se assumirmos que Obama apoiará, como prometeu, "a vontade do povo de Porto Rico," é pouco provável que o Congresso dos EUA faça uma decisão positiva sobre o assunto. Segundo dados oficiais, em 2008-2009, Porto Rico comprou bens dos EUA no valor de 22,6 bilhões dólares com o uso da frota mercante dos EUA, pagando US $ 1,5 bilhão. Empresas norte-americanas levaram cerca de 34 bilhões de dólares em lucros do país. Atribuições do orçamento federal para os serviços sociais e seguros eram cerca de US $ 13,5 bilhões. Em poucas palavras, os EUA gastaram 13,5 bilhões dólares que quedaram para 58,1 bilhões dólares de lucros recebidos. É ótimo negócio, e não há nenhuma razão para mudar alguma coisa.
Além disso, o status de " semi-Estado " permite que os EUA façam em Porto Rico as coisas que fossem consideradas de crime nos Estados Unidos. Por exemplo, uma das três ilhas principais do país, Vieques, tem sido usada pela Marinha dos EUA entre anos 1941 e 2003, para testar diferentes tipos de armas e despejar resíduos industriais.
Professor José Barbosa, diretor do departamento de geografia da Universidade de Porto Rico, em Rio Piedras, disse que a parte oriental da ilha é a área, em que o número de crateras por quilômetro quadrado é maior do que na Lua. A contaminação dos solos e da água com os metais pesados, tem levado ao aumento da taxa de câncer em Vieques, que é 27 por cento mais elevada do que no continente. Durante os anos 1950 e 1970, os EUA realizaram experimentos para irradiar prisioneiros. Em 1931, sob a égide do Instituto Rockefeller, havia outro tipo de experiências realizadas para infectar os presos com câncer, e em seguida, no início de 1950, os especialistas americanos testaram em mulheres a primeira pílula contraseptiva.
A integração com América destruiu completamente a agricultura de Porto Rico. Hoje é um dos países mais pobres das Américas, com a pior taxa de desemprego no continente — mais de 16 por cento. Os porto-riquenhos não têm igualdade de direitos com os americanos na segurança social e nos benefícios para os veteranos, embora sejam cidadãos norte-americanos. Eles não tem direito para votar em eleições federais. No entanto, a política de independência é impopular. Tem sido eliminada ao longo dos anos com a implementação forçada do idioma Inglês, a cultura de massa americana e dependência econômica.