Quantas saudades dos tempos em que era a Taça Libertadores da América, com 16 times (campeão e vice de cada país), a que apresentava apenas jogos decisivos e, em geral, eletrizantes mesmo na primeira fase envolvendo até equipes de países sem expressão no futebol sul-americano! Mesmo longe de ter sido o ideal (pontos corridos entre campeões nacionais, com jogos de ida e de volta), tanto que nem sempre o melhor vencia, dá saudades.
por Edu Montesanti
Pois a cartolada, apoiada por marqueteiros formados especialmente nas faculdades de Gestão Esportiva que atendem a interesses comerciais degradantes do espetáculo esportivo e tudo e de todos onde se faz prevalecer, acaba de prestar mais um desserviço à modalidade que, cada vez mais, perde a graça na mesma proporção que enriquece uma minoria (e leva pequenos e médios clubes à falência). Tudo isso, em nome de uma falsa modernidade e de uma ilusória "chance para todos". Nada mais imbecil.
A partir de 2017, a Copa Libertadores passará a ter (se no ano seguinte não aumentar este número, o que é improvável) nada menos que 47 (quarenta e sete) equipes em um regulamento que nem vale a pena perder tempo em se tentar compreender aqui. Fases, pré-fases, micro-fases e eliminatórias que reúnem equipes de: Brasil (8); Argentina (6); Colômbia (5); Chile (4); Uruguai (4); Bolívia (4!!); Equador (4!!); Venezuela (4!!!!); Peru (4!!!!); Paraguai (4).
A chance deve ser e é dada nos campeonatos estaduais e nacionais. Ou, levando-se à risca o raciocínio burro e desvalorizador de campeonatos de chance a todos, que a cartolada execute mais uma de suas engenharias administrativo-futebolísticas passando a dar chances a todos eliminando todos os torneios, estaduais, nacionais e continentais, e promova generosamente apenas um grande campeonato mundial que inclua também minha Laranjal Paulista Atlético Clube de Campo e Pescaria.
Infelizmente, até a romântica Taça Libertadores de tantas batalhas históricas virou, para mais da metade dessa Copa de péssimo gosto um caça-níquel com jogos mais feios que bater na mãe. Em nome do atendimento a interesses de patrocinadores e do puxa-saquismo de dirigentes esportivos nacionais atrás de votos, a Conmebol segue a onda de desvalorização do futebol mundial.
Enfim, de que reclamar, se se segue à risca a perversa lógica do sistema capitalista e sua selvageria que simplesmente ridiculariza conceitos, tais como preservação, valorização e beleza.