Novo Presidente da FIFA Não Trará Nada Novo à Enlameada Entidade
O suíço Gianni Infantino, 46, secretário-geral da União de Federações de Futebol Europeias (UEFA), foi eleito neste dia 26 em Zurique, Suíça, novo presidente da Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) por maioria simples de 115 votos, em um universo de 209 representantes de federações nacionais afiliadas que compõem a maior entidade do futebol mundial. Gianni Infantino: Novo Presidente da FIFA Não Trará Nada Novo à Enlameada EntidadeO suíço Gianni Infantino, 46, secretário-geral da União de Federações de Futebol Europeias (UEFA), foi eleito neste dia 26 em Zurique, Suíça, novo presidente da Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) por maioria simples de 115 votos, em um universo de 209 representantes de federações nacionais afiliadas que compõem a maior entidade do futebol mundial.
por Edu Montesanti *
"Vamos restaurar a FIFA", foram as primeiras palavras de Infantino logo após divulgação do resultado da eleição do Congresso Extraordinário da FIFA, criado devido aos escândalos de corrupção generalizada na entidade que abrange mais representantes nacionais que a Organização das Nações Unidas (ONU).Em agosto de 2000, Infantino, escolhido para trazer mais do mesmo à enlameada FIFA, assumiu o departamento jurídico da UEFA, para em 2009 ter se tornado o secretário-geral da principal entidade do futebol europeu. Suas principais propostas incluem aumento da distribuição de verbas da FIFA às suas federações, e aumentar o já inchado número de 32 seleções na quadrienal Copa do Mundo, para 40 em tempos de crescente nivelamento por baixo do futebol mundial.
Tal inchaço torna cada vez mais distante um verdadeiro campeonato mundial de seleções que aponte campeão legítimo através de pontos corridos, em confronto direto entre todas as equipes ao invés do atual estilo baseado em play-offs, em grande medida decididos nos pênaltis em que, raramente, a melhor seleção vence - além de favorecer a "produção" de resultados através de arbitragens "equivocadas", que defendem os interesses da velha cúpula engravatada que rege o futebol, bilionário negócio.
Dado ainda o apertado calendário internacional somado ao baixíssimo nível técnico do futebol, ano após ano, o número ideal de seleções giraria em torno de, no máximo, 14 seleções (em 1982, último mundial da era romântica do futebol, o número de participantes no maior evento futebolístico do planeta, já muito alto com vários jogos de baixo nível, era de 24 equipes).
A proposta de aumentar o número de seleções em Copas do Mundo, desde sombrios tempos de João Havelange, contém caráter politiqueiro enquanto demagógica tentativa de angariar mais apoio internacional. No caso do novo presidente da FIFA, velha e envelhecida cara em uma entidade que clama por novidade em sua essência, o caráter demagógico é comprovado por outra proposta que passa longe da "limpeza" e do primor por qualidade, mas visando à quantidade através de medidas inócuas: ampliar a base de candidatos à sede do torneio que, conforme já mencionado, raramente premia a melhor equipe do ponto de vista técnico, físico, tático e psicológico.
Param por aí as propostas do mais do mesmo da FIFA - nada, contudo, envolvendofaxina na imunda casa.Enquanto não houver cara fundamentalmente nova na entidade em questão, melhor ainda através de personagens com reconhecido caráter, gabarito e dedicação ao futebol - tais como Zico, Pelé, Maradona, Raí, Cafu, Gerson, Tostão, ou mesmo Victor Hugo Morales, Jorge Kajuru, Juca Kfouri -, o FIFAgate seguirá perpétuo sob domínio dos nocivos burocratas que empesteiam o esporte.
Infantino não representa outra coisa senão a continuidade de cartolas mais comprometidos com os negócios sujos do futebol, que com o retorno deste com seus velhos tempos românticos. É só esperar para ver...
Edu Montesanti é professor de idiomas, autor de Mentiras e Crimes da "Guerra ao Terror" (Editora Scortecci, 2012), escreve para o Diário Liberdade (Galiza), para Truth Out (Estados Unidos), tradutor do sítio na Internet das Abuelas de Plaza de Mayo (Argentina), da ativista pelos direitos humanos, escritora e ex-parlamentar afegã, Malalaï Joya, e ex-articulista semanal do Observatório da Imprensa (Brasil).
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