Tristeza no país do futebol

Sempre que se aproximava uma Copa Mundial de Futebol, o povo brasileiro ficava numa animação geral.

Caras alegres, apostas, comentários de quem seria o adversário mais forte, críticas sobre a escalação do time.  Esta era uma das partes.  A outra diz respeito ao enfeite das ruas, com bandeirinhas brasileiras, chão pintado com a Bandeira Nacional, símbolos das Copas conquistadas antes, enfim, um festival popular de arte.

 Estamos a poucas semanas do início do Torneio Mundial de 2014.  Não há nenhuma animação, nem rua decorada, o povo mal sabe o nome do goleiro, fato que nunca existiu e a sensação é de revolta.  Sim, descontentamento com a fortuna gasta para a construção de suntuosos estádios que não terão aproveitamento futuro, como o de Brasília, por exemplo.  A capital não tem tradição futebolística, e construiu um elefante branco que servirá apenas para enfear a cidade.

Qual a razão disso tudo?  Simples.  As obras que tinham um orçamento determinado, com o passar do tempo tomaram números de espantar qualquer cidadão, mesmo que não conheça nada de matemática.  Todas superfaturadas sem a menor cerimônia, descaradamente.  Muitos jornalistas fazem as contas do dinheiro gasto e simulam como poderia ter sido empregado com necessidades brasileiras: escolas, postos de saúde, hospitais, saneamento e segurança, que vai de mal a pior.  Pode-se dizer, como a imprensa estrangeira já anunciou, que o país está em guerra civil.  Verificando o número de mortes nos tiroteios entre bandidos e a Polícia Militar, a afirmação não é exagerada.

Pelé, nosso símbolo de jogador de futebol, andava sendo duramente criticado, por ser inteiramente favorável à Copa e contra as manifestações que estão sendo programadas.  Em 19 de maio de 2014, fez questão de dar entrevista ao G1, dizendo estar envergonhado com obras que não foram concluídas e pedindo que os movimentos durante o evento sejam pacíficos.

Outro objetivo disso?  Conservar boa imagem de Lula, que tudo fez para a realização do torneio ser no Brasil, e a reeleição de Dilma, que vai de mal a pior nas pesquisas eleitorais.  Se ainda tem um índice razoável, é por falta de adversário combativo e duro.  Fosse Brizola ou Ulisses Guimarães, não pensaria em segundo turno. Ambos estão mortos, infelizmente.  Ambos venceriam com facilidade o próprio Lula, cada vez mais suspeito pelo povo.  Com razão.  É uma das maiores fortunas brasileiras, segundo a Forbes.

Começa agora uma campanha que vai anunciar ao mundo que o brasileiro está insatisfeito com o governo que tem.  Vão colocar bandeiras negras, significando luto, nas janelas de suas casas.  Vai ser impossível a segurança feita pela organização impedir que a imprensa estrangeira deixe de noticiar fartamente o fato e sua origem.   

Jorge Cortás Sader Filho é escritor

 


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Timothy Bancroft-Hinchey