Triste sina brasileira ter elite vira-lata e presidente ignorante. Não é reflexão deste escriba. São manchetes num dos principais jornais do País, do mais rico estado da Federação, no domingo, ou seja, o que constitui notícia em dia de maior tiragem.
O Estado de S. Paulo, domingo, 28 de novembro de 2021: “Grandes empresas brasileiras avaliam trocar B3 por bolsa americana”, e editorial: “A maldade do ‘mundo político’”.
Informações da própria B3 nos apontam que, em dólares estadunidenses, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) movimentou na última sexta-feira, USD 3.844 milhões, ou seja, quase quatro bilhões de dólares estadunidenses. Neste mesmo dia, nos Estados Unidos da América (EUA), a DOW registrou USD 325.393 milhões, isto é, quase 100 Bovespa, em dia de queda como ocorreu também no Brasil, e em percentagens próximas 2%, lá, 3,3% aqui. O que não provoca qualquer inquietação. Salvo quando ocorrem eventos nacionais muito significativos para os negócios, desde quando as finanças tomaram as rédeas nas decisões econômicas mundiais, as movimentações das bolsas de valores têm oscilado no mesmo sentido e muito próximas. No mesmo dia 26/11 caíram as bolsas da Alemanha (-4,1%), de Londres (-3,6%), de Hong Kong (-2,6%) e do Japão (-2,5%). As diferenças se devem a vários fatores, em especial aos títulos que puxam o mercado. Estes podem estar em momento de euforia apresentando grandes lucros ou em situação particularmente difícil, com dívidas altas a saldar. Na Bolsa paulista a Vale caiu 1,6%, a Petrobrás -1,0%, o Bradesco -0,8% e o Itau -0,4% também, as ações habitualmente mais negociadas.
A NYSE, Bolsa de Valores de Nova Iorque, tem mais de 2,7 mil empresas listadas, gerando um volume médio diário de negociações de 169 bilhões de dólares estadunidenses. Porém qual seria ou seriam as vantagens para o acionista brasileiro? Primeiro ele não paga imposto sobre dividendos no Brasil e pelos juros sobre capital fixo paga 15%; nos EUA pagará, no mínimo 15% sobre o total e, sendo residente no exterior, 30%.
Também muitas exigências aqui não impostas ou facilmente contornáveis, lá são impositivas e seus descumprimentos geram multas e outras penalidades. Apenas o viralatismo exacerbado dos ricos brasileiros pode explicar tamanha estupidez.
A National Association of Securities Dealers Automated Quotations (NASDAQ), em português “Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotações Automáticas”, é o segundo mercado de ações em capitalização no mundo e têm mais de 2,8 mil empresas de pequenos e médios portes listadas.
Os EUA vivem também a retração econômica de seguidas administrações conduzidas pelas finanças. Outro jornalão paulista, a Folha de S.Paulo, também no mesmo domingo, coloca na página A23, da editoria “mercado”, duas matérias que revelam a atual situação nos EUA.
De Washington, “Varejo dos EUA também limita acesso de cliente a prateleira”, onde Rafael Balago inicia com o confronte paulista: “produtos em prateleiras lacradas não são exclusividade de supermercados em bairros de menor poder aquisitivo de São Paulo”. Nos EUA, redes varejistas conhecidas, como Walmart, Walgreens, farmácias CVS trancam produtos que só serão entregues no caixa, e após pagamento. Esta situação também está sendo analisada como parte das manifestações racistas, muito comuns na sociedade estadunidense.
Fernanda Ezabella, de Los Angeles, escreve que aquela cidade aderiu ao programa piloto de renda mínima básica, “que vem se espalhando pelo país no último ano”, constituindo a maior cidade dos EUA a aplicá-lo. Em Los Angeles serão mil dólares por mês (R$ 5.545,00), em Chicago, ainda sem data de início, serão quinhentos dólares (R$ 2.772,50).
A jornalista afirma que 18%, dos 3,8 milhões de habitantes de Los Angeles vivem abaixo da linha de pobreza, comparados aos 12% da média nacional. E pela matéria discorre sobre manifestações e condições nos EUA, focando na pandemia dos últimos anos.
E é na pandemia e não no financismo que o Estadão vai encontrar em editorial “A nova ameaça à retomada mundial” as dificuldades econômicas atuais. Que retomada cara pálida? Não conseguiu entender a mudança do eixo econômico mundial? Tomemos, então, em jornal não comprometido com partidos políticos e ideologias, o Monitor Mercantil, que na mesma data destes jornalões nos informa que o “Livre comércio da Aseam ameaça supremacia ocidental”.
A República Popular da China é o pesadelo do belicoso Joe Biden, presidente dos EUA. Lê-se na matéria da redação do Monitor Mercantil:
“Os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) se uniram com Japão, China, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia e fecharam um acordo para formação de um pacto comercial que deverá ser o maior do mundo e estar ativo a partir de 1º de janeiro de 2022. A Índia também fez parte das negociações para integrar o grupo, mas desistiu por temer que a redução das tarifas prejudicasse seus produtores. Denominado de Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP), o grupo irá cobrir cerca de 30% da população mundial e do produto nacional bruto global, com promessa de eliminar tarifas de importação sobre 91% dos bens, principalmente industriais. Uma das características emblemáticas da parceria é que se trata do único acordo de livre comércio assinado pela China”.
Observem caros leitores que a renda mínima estadunidense não é um programa assistencial, inteiramente fora da tradição político-administrativa daquele país. É um programa para sustentar a produção industrial que necessita volume de produção e, consequentemente, de consumo. Um rico pode consumir muitas vezes o valor de 100 ou 500 pobres, mas em um ou em poucos produtos, nunca nas 100 ou 500 vezes a quantidade de um único morador de rua. O cerne da indústria é a quantidade, que se obtém com a iniciativa asiática, a RCEP, da qual o Monitor Mercantil nos informa. E depois há quem se surpreenda ou abomine o crescimento chinês; consequência de decisões antes de tudo do interesse da Nação.
Passemos para o tema político, para o qual traremos a exame o editorial do Estadão: “A suposta maldade do ‘mundo político’”.
Que O Globo e todo sistema Globo tenham abraçado a candidatura de Sergio Moro é um óbvio ululante (obrigado Nelson Rodrigues). Na faculdade, no início da década de 1960, havia um cartaz onde se lia: “O Globo, o jornal mais vendido do País”, onde ‘venda’ não se referia à tiragem mas à volubilidade de suas posições políticas, sempre na defesa dos ricos e poderosos, e dos estrangeiros contra os brasileiros.
Moro é cria do Departamento de Justiça dos EUA e treinado pelo Projeto Pontes, para ligar aos EUA e destruir o poder judiciário, as indústrias e tecnologias nacionais, e combater políticos populares, com projetos ligados ao bem estar e à cidadania dos mais pobres.
Portanto só houve confirmação nesta adesão da Globo. Mas aos poucos, principalmente pela origem estadunidense da candidatura, outros veículos de comunicação e segmentos políticos vão optando pelo fraco intelectualmente e fragílimo moralmente candidato do Podemos (We can, lema do Barack Obama), querem mais obviedade?
A desconstrução da política, que o Papa Francisco afirmou ser das mais nobres ações humanas, é fundamental para quem não tem histórico partidário, nem ações reveladoras de sua competência de administrador ou de saber conduzir uma equipe equilibrada e coesa de governo.
O Estadão queima aquele que seria o candidato natural da elite paulista, João Dória, quinto governador tucano em sequência, atribuindo-lhe o epíteto “outsider”, aplicado a Jair Bolsonaro, mas convenientemente esquecido de Jânio Quadros e Fernando Collor.
Aos poucos, como que seja natural, jornalões, mídias virtuais, redes de televisão e radiofônicas irão impulsionando a candidatura “Podemos”, com resultado de pesquisas estatisticamente bem construídas.
Então Sergio Moro irá suplantando governadores eleitos e populares em seus Estados como Ciro Gomes e João Dória, irá se aproximando percentualmente de Bolsonaro, para que comece a ser um contraponto à popularidade de Lula. E isso vai explicar as notícias soltas que o caro leitor irá juntando, sobre quem controla as urnas eletrônicas sem impressão do voto; verdadeira fraude anunciada.
O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, afirmou, em sua visita ao Brasil, que Joe Biden, ainda não conversou com Jair Bolsonaro, devido à sua agenda "inacreditavelmente lotada". Mas que, fora da agenda, Bolsonaro deve aceitar a urna eletrônica pois a CIA tem controle absoluto de seu funcionamento. Alguma dúvida? Então como interpretar a seguinte notícia?
“As Forças Armadas decidiram não participar do teste público de segurança da urna que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza nesta semana. A decisão ocorre em razão da percepção das Forças de que o formato adotado pelo TSE para fazer o teste dará a segurança necessária para atestar que a urna é segura. A avaliação foi a de que uma eventual participação das Forças daria credibilidade ao teste e a segurança da urna, algo que tem sido contestado pelos militares” (CNN, Caio Junqueira, 22/11/2021).
E agora como fica o parceiro Gabinete de Segurança Institucional do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira?
Mais um pouco da reportagem da CNN: “o debate cresceu nas últimas semanas entre os militares, que consideram que o modelo atual (da urna eletrônica) é suscetível a falhas e pode afetar o resultado das eleições em 2022. Uma breve manifestação nesse sentido já foi feita pelo general Heber Portella, representante da pasta na Comissão de Transparência das Eleições, durante a segunda reunião do colegiado no dia 4 de outubro”.
Então caríssimos e ingênuos seguidores das mídias hegemônicas, o “projeto Sergio Moro”, de total desmonte do Estado Nacional Brasileiro, iniciado com a corruptíssima Lava Jato, ameaçando e comprando pessoas para dar credibilidade às farsas construídas contra a Petrobrás, contra o desenvolvimento nuclear brasileiro, manchando o nome do cientista, engenheiro nuclear, vice-almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais da Marinha do Brasil, ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva (1939), contra o sistema empresarial que atuava em diversas áreas da engenharia, da petroquímica, da segurança nacional e competia no exterior, fundado, em 1944 na Bahia, por Norberto Odebrecht, e muitas outras empresas geradoras de empregos e tecnologia brasileira, terá continuidade com Sergio Moro presidente e sua gangue, com total apoio dos EUA, para transformar a república numa colônia.
Este é o preço de ficar livre do Lula? Do salário mínimo subindo mais do que a inflação, de tirar o Brasil do mapa da fome, mas de manter as desastrosas privatizações dos governos anteriores, altamente nefastas para o desenvolvimento do Brasil? Medo de que? De três refeições diárias para os miseráveis? Dos filhos de porteiros frequentando universidade? Porém ainda mantendo o analfabetismo no Brasil, necessário para escravidão do uber?
Sem a informação que as mídias escondem ou distorcem, e sem um mínimo de interligação dos fatos, vamos cair na sarjeta construída pelos Moros, mais do que o próprio capitão ignorante e preconceituoso foi capaz.
Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.