Más intenções de votos

Más intenções de votos

Adilson Roberto Gonçalves

 

Uma nova pesquisa eleitoral foi divulgada neste fim de semana, mostrando que é alta a intenção de voto em Jair Bolsonaro para uma provável candidatura à reeleição em 2022. Os dados do instituto Paraná Pesquisas mostram que Bolsonaro teria ao redor de 30% dos votos em primeiro turno e derrotaria seis candidatos no segundo turno.

O instituto Paraná Pesquisas não é dos mais confiáveis, mas são os dados que possuímos para analisar. A própria pesquisa apresenta essa ressalva, porque os altíssimos índices de desaprovação do governo Bolsonaro não condizem com a preferência do eleitor. Parece que povo e eleitor não são a mesma pessoa e que não estamos atravessando uma pandemia sem governo.

Saindo do óbvio, há outros fatores que a pesquisa revela, mesmo que questionada sua qualidade. Primeiro é a resiliência de Lula que, mesmo fora dos principais veículos de imprensa e ofuscado pelos processos e condenações pendentes, ainda é o único que consegue retirar votos de Bolsonaro no segundo turno e diminuir a porcentagem de brancos, nulos e indecisos. Ou seja o ex-presidente seria, no momento, o candidato de oposição a Bolsonaro com maiores chances de derrotá-lo.

A pequena diferença de votos entre Lula e Haddad é esperada por serem do mesmo partido, mas há outros dados muito curiosos. Os índices de intenção de votos em dois outros candidatos, Sergio Moro e Luciano Huck, revelam que pelo menos um terço dos eleitores dos petistas migrariam seus votos para esses representantes do mesmo campo da extrema direita que Bolsonaro representa, movidos pelo mesmo senso oportunista. Ou é uma quebra de comportamento do eleitor de dois anos atrás ou realmente há fatores que a pesquisa não conseguiu captar.

Em nível numérico um pouco mais distinto, tal migração também acontece em relação a Ciro Gomes, candidato que se apresentou como progressista, mas que caminha cada vez mais para a direita do espectro político, e João Dória, que procura sair da extrema-direita e caminhar para a centro-direita, ao menos no discurso.

O eleitor que num primeiro momento se mostra progressista ao escolher Lula ou Haddad não é totalmente esclarecido e determinado - ao menos em parte - quando esses candidatos não passam ao segundo turno.

Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp-Rio Claro

adilson.goncalves@unesp.br

 


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Timothy Bancroft-Hinchey