Golpe Militar Iminente no Brasil

Golpe Militar Iminente no Brasil

 

Um latente golpe militar tem estado desacreditado em diversos setores brasileiros nas últimas semanas. Pode ser que não haja intervenção militar no Brasil por N razões, é claro, mas trata-se de risco iminente articulado desde o Poder Executivo até as Forças Armadas, passando por setores do alto empresariado e do sistema de justiça brasileiros (incluindo grande parte de policiais, federais, civis e, principalmente, militares). 

 

Risco seriamente considerado inclusive pelo jornal The New York Times em meados de junho: "A possibilidade [de golpe militar] paira sobre as instituições democráticas do país".

 

Quanto ao Poder Legislativo, se em geral não há evidências de apoio consistente a um novo militarismo no Brasil, tem havido, no mínimo, omissão permanentemente massiva na defesa do Estado de direito - uns pelo chamado rabo preso, outros por pura apatia covarde, e outros tantos pelo antigo flerte com um regime de linha dura. 

 

O exemplo mais gritante dessa omissão conivente esta na timidez do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diante dos seguidos ditos e feitos ameacadores de Bolsonaro, e de seus filhos legisladores, ao Estado de direito. Maia nega-se a dar início a um processo de cassação do mandato presidencial de Bolsonaro.

 

Individualmente, pode-se observar apoio implícito, mas bem claro, a um golpe militar entre legisladores: o teólogo Sóstenes Cavalcante, deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro pelo Democratas, disse recentemente que algo deve ser feito para conter o poder do Supremo Tribunal Federal. 

 

Considerando o contexto político nacional, e as históricas tendências reacionárias de Cavalcante, seguindo a linha geral de seu partido, fica evidente seu apoio a um golpe militar nestas observacoes. 

 

Por mais inconsequentes que sejam Bolsonato e seus filhos, parlamentares e vereador, eles nao iriam proferir todos os discrusos e ameaças diretas ao fragilissimo sistema democratico brasileiro, se nao houvesse algum tipo de respaldo real por parte dos militares, e outros setores que comandam a vida politica do Pais.

 

"Não é mais uma opinião se acontecerá [golpe], mas quando isso acontecerá", foi uma das mais recentes afirmacoes de Eduardo Bolsonaro neste sentido.

 

A cúpula da Igreja evangélica, principal bastião eleitoral do presidente da República e forte manipulador das massas, também é, em geral, favorável a um golpe, assim como boa parte das classes média e alta brasileiras, historicamente. 

 

O empresário Silas Malafaia considerou recentemente em um de seus programas de TV que os militares poderiam brecar o que considera "abusos" da Justiça brasileira contra Bolsonaro. 

 

Para Malafaia, pastor-proprietário da Igreja Vitória em Cristo e bem longe de ser uma jóia na arte da atividade intelectual, neste caso não se trataria de golpe, mas de "garantia da ordem onde existe desordem".

 

A Rede Globo, uma das principais detentoras do poder político e histórica tomadora de decisão no Pais, afastou-se de Bolsonaro, quem ajudou a eleger e hoje cambaleia devido às sucessivas perdas de seu regime especialmente após a saída de importantes ministros - um deles, Abraham Weintraub (Educação), foragido aos Estados Unidos -, além da prisão de Fabrício Queiroz e as investigações que, repentinamente, avançam a passos largos contra o clã da Besta Neonazista.

 

Serão esses fatos - o rompimento da toda-poderosa Globo com sua mais recente criatura, o enfraquecimento crescente de um regime que já nasceu fundamentado na areia antes mesmo de vencer as eleições em 2018, e a tardiamente súbita investida dos velhos vaganundos da "Justiça" tupiniqum contra seu outrora Frankenstein de estimação - suficientes para se descartar a hipótese de uma nova intervenção militar no Brasil?

 

Não pode ser esquecido que não são poucos os casos recentes em que o desempenho da grande imprensa brasileira favoreceu claramente um golpe militar. Durante os protestos de junho de 2013, este setor midiático clamava, ora aberta ora sutilmente, pot intervenção militar através de artigos, editoriais e "pesquisas" evidentemente tendenciosas. Algo gritantemente acintoso, dia a dia enquanto a profunda incerteza tomava conta do Brasil.  

 

Cinco anos mais tarde, veio a intervenção militar do Rio que logo começou a se espalhar a outros pontos do País: supostamente para conter a violência nas ruas, no caso particular do Rio os oficiais do Exército distribuiam então entre civis, especialmente crianças, gibis em que militares caçavam o "monstro vermelho" que tentava atacar infantes brancos, loiros e dos olhos azuis. 

 

De maneira que um golpe tem sido constantemente ensaiado, avançando aos poucos no Brasil sempre com um claro fundo ideológico, bem distante das alegadas aspirações por justiça e segurança por parte de seus defensores - os mesmos que, em geral perfeitos analfabetos políticos, votaram em Bolsonaro em tom acentuadamente histérico contra a corrupção, hoje bastante passivos diante do cenário de caos e roubalheira indiscriminada que ajudaram a criaram, absolutamente previsível antes da eleição da Besta Nazista em 28 de outubro de 2018.

 

Se não há consenso dentro das Forças Armadas em torno de Bolsonaro, os Policiais Militares de praticamente todos os estados da federação estão fechados com o ilegítimo presidente da República, eleito no final de 2018 à base de excessivas notícias falsas e muita corrupção.

 

Quanto aos bem conhecidos reacionários e historicamente golpistas componentes do Poder Judiciário, as recentes palavras do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro José  Antonio Dias Toffoli, qualificando o Golpe Militar de 64 de "movimento de 1964", apenas refletiram o caráter essencialmente autoritário da máfia da "Justiça" brasileira que não apenas ajudou a promover o golpe em questão junto da grande imprensa, do alto empresariado e do regime de Washington, como também colaborou fundamentalmente com a ditadura, ao longo de seus 21 anos, nas milhares de torturas e assassinatos de inocentes. 

 

As classes dominantes brasileiras, assim como no pós-impedimento de Dilma Rousseff não deram ouvidos aos clamores populares de impedimento de Michel Temer e a realização de novas eleições, hoje e inimaginavel que tais classes aceitem generosamente a derrubada de Bolsonaro-Mourão, para a realização de eleições presidenciais. O vice-presidente é uma figura que, se não mais tosca que o presidente, e visivelmente bem mais fraca politicamente. 

 

A ameaça de intervenção militar é real no Brasil, mesmo diante de toda a desmoralização de Bolsonaro - e justamente nisto, reside mais um grande incentivo presidencial ao autogolpe. 

 

Enquanto as classes dominantes estão plenamente conscientes de que por via eleitoral não possuem a menor chance de chegar ao poder, as agitações sociais devido ao profundo descontentamento com o caos a que essas elites causaram ao Brasil, são algo da mais alta preocupação aos donos do poder, e tampouco poderão ser toleradas - e o apito da panela de pressãoo brasileira ainda vai soar, de maneira muito intensa. 

 

Contudo, há real outra possibilidade que nao pode ser descartada dependendo do que vier a acontecer no breve futuro: um golpe militar que exclua Bolsonaro do poder - talvez, já fora dele ou iminentemente fora dele, o que pode vir a acontecer, embora improvável, por decisões judiciais. 

 

A tal "redemocratização" brasileira, em 1985, nunca foi bem digerida por amplos setores das Forças Armadas, assim como por considerável parte das classes dominantes - incluindo a grande imprensa. 

 

A "democracia" nacional foi projetada, desde a fajuta Constituição de 1988, cheia de brechas a favor dos usurpadores do poder incluindo artigo que possibilita intervenção militar, para funcionar como um regime essencialmente excludente e autoritário. Sempre esteve latente um novo regime militar no Brasil, o qual nunca ele esteve tão proximo quanto agora.

 

Em abril de 1964, havia bem menos possibilidade de golpe militar à vista que em comparação aos dias de hoje. Ele ocorreu, e pegou a todo o País de surpresa - tiro mortal enquanto, há muito, já se articulavam as elites locais com o Estado profundo estadunidense. O resultado acabou sendo 21 anos de crimes de lesa-humanidade livremente praticados no Brasil, até hoje impunes.

 

Não tomar lições da historia traz como destino inevitável a uma sociedade, a repetição das tragédias. Enquanto a história também costuma se vingar, a comicamente fragilíssima esquerda brasileira, desde os tempos pré-golpe contra Dilma Rousseff, garante que "não haverá golpe contra a democracia! Não permitiremos! Tomaremos as ruas!". 

 

O Estado de direito brasileiro, até hoje, desgraçadamente aguarda por isso enquanto o que de mais significativo que se vê nas ruas em defesa da democracia, são torcidas organizadas fazendo frente aos violentos adoradores da Besta Nazista.

 

Hoje, subestimando a Besta Nazista e confiando excessivamente nos bem conhecidos vagabundos do Supremo Tribunal Federal, e mafiosos da "Justiça" tupiniquim em geral.

 

Edu Montesanti

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey